10 Junho, 2023

A controvérsia do feminismo radical

JCH Porto

É importante ressaltar que o feminismo pode ter consequências negativas para a sociedade. Alguns movimentos promovem a supremacia feminina em detrimento dos homens e resulta num ataque aos valores tradicionais da nossa sociedade, como a família e a moralidade.

Já próximos de um conflito militar com a vizinha Rússia, a Ucrânia noticiou que estaria a expandir o recrutamento chamando mulheres, o grupo feminista Femen conhecido pelos seus protestos controversos, lançou um comunicado intitulado “Tirem as mãos das mulheres” no qual o movimento escreve que os direitos entre homens e mulheres ainda são desiguais, e portanto, não quer que a igualdade se inicie a nível de obrigações. Pode-se ler que apenas seriam mobilizadas mulheres com idades entre 20 e os 40 anos para servir como soldados regulares, com exceção para mulheres que tenham crianças, enquanto o dos homens é dos 20 aos 50 anos. Tenho de constatar que muitos dos homens que lutaram na Primeira Guerra Mundial não tinham direito ao voto, na época o direito era limitado a uma pequena elite, isto em 1914, mas por exemplo nos Estados Unidos as mulheres começaram a ter direito com aprovação da 19.a Emenda à Constituição em 1920. Grupos radicais propagam a ideia de que as mulheres conquistaram o voto recentemente e sempre foram os homens que o detinham, no qual se formos verificar os factos, milhões de homens morreram na Primeira Guerra Mundial e muitos deles lutaram como forma de afirmar a sua cidadania e exigir maior participação política, enquanto as mulheres não foram obrigadas a se alistar e passado poucos anos os Países começaram gradualmente a alterar as leis no que diz respeito ao voto por parte da mulher.

A narrativa do grupo em questão pode suscitar diversas questões, visto que, atualmente, a disparidade entre homens e mulheres já não é tão acentuada quanto no passado, os países têm feito avanços significativos no que tange à legislação para garantir a igualdade de género em várias áreas. Sendo assim, essa justificativa de não ajudar a defender a soberania do País perante um ataque sugere que esses movimentos almejam apenas ocupar cargos de destaque na sociedade e negligenciam a importância dos deveres para a manutenção da ordem.

Um argumento amplamente utilizado é o de que a sociedade é dominada pelos homens, justificando essa afirmação com o argumento de que a maior parte da riqueza é detida pelos homens, embora isso represente uma pequena proporção da população masculina. No entanto, muitos dados estatísticos indicam que, em muitas esferas da sociedade, os homens são desproporcionalmente afetados negativamente, por exemplo, a maioria das pessoas que estão presas são homens, bem como a maioria das pessoas que vivem nas ruas, além disso, grande parte das vítimas de crimes violentos são homens, assim como a maioria das pessoas que cometem suicídio e também é importante destacar que a maioria das pessoas que morrem em conflitos armados e guerras são homens.

Para terminar vou citar José Ortega y Gasset, um dos pensadores mais importantes do século xx, onde refere que a primeira geração é a que trabalhou duro para construir uma sociedade baseada em determinados valores, a segunda geração é que desfruta desses valores sem entender completamente o esforço que foi necessário para construí-los, e a terceira geração é a que não valoriza ou até mesmo nega esses valores, por nunca terem experimentado as dificuldades que levaram à sua construção. Nós estamos, atualmente, na terceira geração e pode ser identificado pelo surgimento de movimentos que negam e procuram destruir os valores primordiais de uma sociedade. Esta geração é mais propensa a questionar ou até mesmo rejeitar os valores estabelecidos, não têm a perceção dos esforços necessários para a construção desses valores e não compreendem a importância da sua manutenção.

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