O líder do CHEGA considerou, quarta-feira, que o veto do Presidente da
República ao diploma sobre progressões na carreira dos professores é “um sinal claro” de que o Governo deve concluir as negociações e recuperar o
tempo de serviço.
“Eu acho que este veto é um sinal claro de que é preciso negociar e é preciso fechar este ciclo de negociações”, afirmou o líder do CHEGA, André Ventura, em declarações aos jornalistas à margem de uma iniciativa no aeroporto de Lisboa.
O presidente do CHEGA apelou ao Governo que resolva esta situação antes do início do próximo ano letivo “e que, sobretudo, o senhor primeiro-ministro entre diretamente nas negociações”.
“Com o diploma que o Governo tinha em cima da mesa não se resolvia nenhum problema na recuperação do tempo de serviço dos professores, não se resolvia nenhum problema significativo na questão da mobilidade e na questão da doença, e o Presidente da República percebeu isso”, defendeu, afirmando que Marcelo Rebelo de Sousa “não podia arriscar que o próximo ano letivo começasse exatamente da forma caótica como este terminou”.
“Nós tivemos o ministro das Finanças a anunciar que, pela primeira vez, vamos ter um Orçamento [do Estado] sem cativações.
Então se vamos ter sem cativações, é um bom momento para resolver este problema dos professores.
É o momento de darmos o passo em frente para resolver os anos de serviço que foram perdidos para estes professores e esperar que essa solução consiga ser, ainda antes do início do ano letivo, implementada”, defendeu.
André Ventura alertou que “o contrário é gerar uma situação caótica” no arranque do próximo ano letivo, em setembro, e considerou que “o único responsável disto é o Governo”.
O líder do CHEGA reiterou que o executivo deve apresentar
aos professores uma proposta de calendarização “com datas concretas, números reais e com uma previsão específica de quando é que a sua vida estar recuperada”.
“Dizer: vamos recuperar 25% do tempo até ao final do ano, 35% até ao primeiro semestre do próximo ano, 80% até ao final do próximo ano e 100% até daqui a dois anos”, propôs.
Ventura pediu igualmente ao Governo que não fruste as expectativas dos docentes e não esteja numa mesa negocial “absolutamente artificial que só serve para empatar e perder tempo”, apontando que, de acordo com os sindicatos com quem o CHEGA falou, é o que se passa atualmente.
Outra proposta do partido passa por “um modelo de financiamento sustentável do Ministério da Educação”. André Ventura sustentou que, “quer para contratações, quer para o apoio aos docentes nas suas múltiplas atividades, tem que se estar sempre dependente de uma estrutura central”.
O Presidente da República vetou, na quarta-feira, o decreto do Governo que
estabelecia “os termos de implementação dos mecanismos de aceleração de progressão na carreira dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário”.
De acordo com uma nota divulgada no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu aspetos positivos ao diploma, mas justificou a devolução do texto sem promulgação “apontando a frustração da esperança dos professores ao encerrar definitivamente o processo”, acrescentando que cria
“uma disparidade de tratamento entre o Continente e as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira”.
No site, é divulgado o texto integral enviado à presidência do Conselho de Ministros, no qual o chefe de Estado aponta, entre as “várias justas reclamações dos professores”, uma que considera central: “a da recuperação do tempo de serviço suspenso, sacrificado pelas crises económicas vividas ao logo de muitos anos e muitos Governos”.