Portugal é um país dotado de uma riqueza e potencial invejáveis. Temos uma cultura milenar que atravessa séculos de história e um legado de boas relações interculturais, reflexo do papel que desempenhámos na expansão global. Além disto, temos uma localização geográfica privilegiada, que nos posiciona no centro de rotas financeiras, logísticas e de conhecimento. Por fim, dispomos de uma capacidade inigualável para atrair investimento e somos o lar de centros de conhecimento de qualidade, como comprovado de norte a sul do país, nas universidades que figuram entre as melhores, formando gerações de mentes brilhantes. Por tudo isto, Portugal tem, de facto, todas as condições para se tornar uma referência internacional, onde a inovação, o progresso e a qualidade de vida convergem. Porém, a realidade é outra.
Como tem sido tornado evidente, o que nos impede de concretizar este enorme potencial não são as nossas condições naturais ou humanas, mas a profunda falha estrutural que existe ao nível da liderança política. Mais especificamente, há décadas que Portugal é governado por uma classe sem visão, sem capacidade e, sobretudo, sem ambição, pois está presa às suas redes de compadrio, colocando a proteção dos seus privilégios acima dos interesses do país. A cada dia que passa, esse sistema torna-se mais resistente a qualquer tentativa de reforma e toda a iniciativa que questione a ordem estabelecida é imediatamente atacada, tal como tem sido o caso com o CHEGA, que é o alvo principal das forças do centrão e de certa comunicação social que financiam com o dinheiro público.
A juntar a isto, a sociedade e a economia portuguesa têm vindo a ser dominadas por uma casta que vive à custa do orçamento de Estado, controlando recursos que não cria e desincentivando qualquer tentativa de iniciativa privada. Assim, Portugal tornou-se um país de pobreza escondida, baixos sonhos e expectativas reduzidas, onde a ambição e a excelência são sabotadas por um sistema que prefere nivelar tudo por baixo, numa toxicidade reprovável que não só sufoca os mais talentosos, como também corrói os alicerces de uma sociedade vibrante.
É neste contexto que Portugal se afunda e, numa altura em que precisamos de uma geração que traga ambição ao futuro, até os jovens olham para o país e não veem oportunidades, mas sim um lugar onde a mediocridade prospera, os salários são baixos, a inovação é perseguida, a meritocracia é vilipendiada e substituída pelo amiguismo, a produção é punida, o sucesso é castigado e a parasitagem recompensada. Portanto, não surpreende que a esmagadora maioria queira emigrar, na esperança de encontrar no estrangeiro a vida respeitada e digna que Portugal parece incapaz de lhes oferecer.
Se este estado de coisas não mudar, Portugal está destinado a tornar-se uma sombra do que poderia ser, isto é, um país sem rumo, sem esperança e sem liderança digna, comparável a um manicómio em auto-gestão, onde os vencedores são políticos oportunistas, empreendedores tachistas e empresários de fachada, ao passo que aqueles que criam valor continuarão a ser sufocados por um sistema que favorece o imobilismo. Sem dúvida, o país precisa de uma mudança profunda, que recoloque o mérito, o trabalho e a competência no centro da sua vida social, económica e política. Sem essa mudança, perderemos a nossa identidade como nação e, com ela, a nossa razão de ser enquanto povo livre e soberano.