A coesão territorial e o combate às desigualdades e crescentes assimetrias regionais têm sido bandeiras dos sucessivos Governos liderados pelo PS e PSD-CDS, mas não têm passado de meras proclamações propagandísticas que não têm tido tradução em políticas públicas consistentes com impacto significativo nos territórios do interior e na qualidade de vida das suas populações ou na sustentabilidade das empresas aí sediadas.
Na verdade, PS e PSD-CDS são responsáveis pelo acentuar das desigualdades de acesso a bens e serviços essenciais que tem contribuído para o depauperamento dos territórios do interior e para o despovoamento crescente que coloca em risco estas regiões e os seus habitantes, assim como os modos de vida e equilíbrio ambiental.
Se um Governo liderado pelo PS encerrou serviços de saúde de proximidade e a constituiuCentros Hospitalares que representaram um afastamento dos cuidados de saúde diferenciados, um Governo liderado pelo PSD-CDS constituiu as Comarcas distritais que dificultam o acesso à justiça, tornando-o mais caro para quem reside longe da capital do distrito que paga as mesmas taxas de justiça e ainda tem de pagar as deslocações.
Apesar das reiteradas promessas e declarações de intenções sobre a adoção de medidas de promoção da coesão territorial, PS e PSD-CDS têm contribuído para agravar as assimetrias e para esvaziar esses territórios de serviços e, consequentemente, de pessoas e dinâmicas económicas, reduzindo progressivamente a sua atratividade.
Na mobilidade, o Governo anuncia o passe ferroviário nacional, elogia a mobilidade amiga do ambiente, apela ao uso do transporte coletivo e os cidadãos do interior são simplesmente excluídos! Muitas regiões do interior, como Trás-os-Montes, dependem exclusivamente do modo rodoviário, com tudo o que representa de pegada ambiental e custos para famílias e empresas. O que se fez à ferrovia nesta região, com desmantelamento progressivo sob o falso pretexto de uma posterior requalificação e modernização, foi um atentado contra o presente e o futuro deste território. Mas o desinvestimento continua. Quando muitos países estão a reativar linhas ferroviárias para transporte de passageiros e mercadorias e para promoção turística de territórios deprimidos, mas possuidores de beleza paisagística ímpar, em Portugal nada. Pelo contrário: o CHEGA propôs, no OE 2025, a requalificação da linha ferroviária do Douro e eletrificação e modernização do troço entre Régua e Pocinho e reabertura do troço entre Pocinho e Barca d’Alva, assim como a reativação da linha ferroviária do Corgo que ligaria os municípios do Alto Tâmega a Vila Real, e a elaboração de estudo técnico, económico e ambiental relativo à construção da linha de Alta Velocidade de Trás-os-Montes, mas os votos contra do PSD e do CDS e a abstenção do PS inviabilizaram a aprovação destas medidas. Como inviabilizaram as propostas respeitantes à requalificação e construção de troços essenciais da rede rodoviária nos distritos de Vila Real e Bragança e a concretização do plano de mobilidade do Vale do Tua.
Isto demonstra a incoerência e a hipocrisia política de quem se arroga defensor do interior e mais não faz do que votá-lo ao esquecimento.