O CHEGA anda nas bocas do país inteiro. Por ódio, amor ou estima, ninguém permanece indiferente. Comentadores e analistas televisivos e radiofónicos desdobram-se em comentários, a grande maioria ora adivinhando a morte do partido, ora desejando-o. A título de exemplo, Daniel Oliveira, conhecido hater do CHEGA, na plataforma X, queixava-se que André Ventura fora entrevistado entre outubro de 2019 e junho de 2024, nada menos do que 61 vezes, «mais do que Rio e Montenegro juntos». Por ironia podíamos contrapor ao comentador de extrema-esquerda que devia ser entrevistado mais vezes visto que o tempo de antena dado aos seus detratores é significativamente mais benevolente.
Devemos então perguntar – porque razão é que o CHEGA e o seu líder são tão consumidos pelos portugueses? Pois, aparentemente, não lhes falta canal. Eu, que pertenço à geração dos que viram a luz do dia em 1974, posso avançar com algumas sugestões. Assim, cresci numa prisão onde imperava o que se pode chamar complexo de direita; ou seja, o ambiente político e cultural estava saturado à esquerda do espectro político, onde por via familiar, social e jornalístico se vivia numa paz podre e imposta. Se havia algum vizinho, colega ou pai/mãe de colega que não se afirmava perentoriamente socialista (no mínimo) era apelidado de reacionário e de fascista. A hipocrisia era tanta que mesmo sabendo-se dos crimes perpetrados para lá da Cortina de Ferro, havia sempre a desculpa que se tratava de anomalias de uma filosofia de libertação.
Contudo, a verdadeira libertação para muitos portugueses apareceu com o CHEGA. Somente com o partido de Ventura se deu finalmente um equilíbrio político no país: uma nação onde convivem homens e mulheres de esquerda e de direita. Na qual reivindicar-se conservador e nacionalista, apesar de continuar a ofender muitos puritanos de esquerda, já se torna possível sem esperar (grandes) represálias.
Claro que a verdadeira democracia ainda não chegou à comunicação social tradicional. Salvo alguns redutos de liberdade, o tempo de antena oferecido – e pago – a militantes do Bloco de Esquerda é completamente desproporcional e muito superior a outros partidos com maior representatividade no Parlamento (leia-se CHEGA). Quanto a mim, uma das inúmeras batalhas do partido de Ventura passa por aí.