Portugal vive uma crise habitacional vergonhosa. Mais de 26 mil famílias aguardam por uma casa social nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Só existem 658 casas disponíveis. Ao ritmo atual, seriam necessários 29 anos para dar resposta. Isto não é só má gestão — é abandono político.
Enquanto isso, a Câmara Municipal de Lisboa cedeu 127 habitações a pessoas que as ocuparam ilegalmente — e há mais 600 famílias em processo de regularização nas mesmas condições. Ou seja: quem cumpre a lei espera décadas, quem a ignora entra pela porta do lado. Que mensagem está o Estado a passar?
No Porto, o número de famílias à espera subiu 25% num só ano. Em Braga, há famílias há 11 anos na fila. O programa de renda acessível, supostamente a solução de transição, acumula quase 14 mil candidatos. Mas nada anda — e a habitação continua nas mãos da especulação.
A Constituição garante o direito à habitação. Mas esse direito não se cumpre — e quem governa tem de ser responsabilizado. A solução não passa por premiar ocupações ilegais, nem por promessas vagas. Passa por construção pública em escala, recuperação de imóveis devolutos e coragem política para enfrentar os interesses instalados.
O Estado tem de escolher: proteger famílias honestas ou normalizar a desordem. O tempo da espera acabou — é tempo de agir com seriedade, justiça e autoridade!