A grande jogada de Costa

© Folha Nacional

Nem queria acreditar, ao ter conhecimento que o senhor Ministro dos “Negócios” Estrangeiros tinha convidado o excelso Presidente do Brasil a visitar Portugal. O que me deixou satisfeito a nível de visita de estado, mas fiquei estarrecido pela grosseria, ou talvez não, de o convidar para discursar na cerimónia comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República ( AR ). Meu Deus, houve outra revolução, alteraram o regime constitucional vigente sem ninguém saber ? Deixou de haver a tal separação de poderes de acordo com a nossa constituição? A maioria absoluta deste Governo, dar-lhe-á a capacidade de interseção política dos poderes do Governo com os da AR? Politicamente fiquei sem saber o que pensar ou inferir, mas foi só a primeira impressão.

Depois de meditar melhor no assunto, pensei que estava errado! Tinha-me esquecido quem era o nosso Primeiro Ministro… Talvez não seja bem assim como parece. Temos um rato velho e experiente da política nacional com um invejoso Curriculum Vitae, encarregando o seu Ministro de efetuar este conjeturado convite, incluído na sua visita de três dias a terras Lusas.

Para o PSD, ou está do nosso lado ou estará do lado da linha vermelha que o CHEGA representa na AR. Pode ser esta a leitura intencional do senhor que de costas enterra mais um pouco o seu Ministro, “enCosta” à parede a responsabilização política do PSD, sem se preocupar com o CHEGA, nem com o nosso “Residente “ professor Martelo.

Já do lado do partido do Governo, com desculpas esfarrapadas, não pode perder este “show off” de comemorações, luzes, cravos e transmissões televisivas.

Já me tinha esquecido dos dois apêndices, quer em funções de coligação quer em pseudo coligação que não perdem uma para se colarem ao mundo indefinível do Socialismo mais extremista do comunismo, a definhar. Uma bóia de salvamento para estar presente entre a família política, porque cada vez mais escasseia, um líder da extrema esquerda.

Para já a Iniciativa Liberal ( IL ) esclareceu que, se Lula discursar na sessão do 25 de Abril da AR, vai deixar a bancada vazia.

Vamos seguir o desenvolvimento desta novela a quase dois meses do dia da sessão solene, assistindo na bancada aos próximos capítulos.

O que fará o PSD, com esta nova, e ainda à procura de sedimentar uma imagem sólida de credibilidade do novo líder ? Como poderá fazer esquecer a colagem ao antigo rio que corria entre margens limitadas e sem nunca sair delas ? Como irá justificar a sua permanência, corroborando com a falta grosseira da separação de poderes ? Ficará com o ónus de colaborar com este governo num silêncio sub-reptício ?

Ficará o CHEGA como, o “mau” da fita ao assumir que não admite erros grosseiros de não separação de poderes?  Penso que o nosso líder saberá explorar mais esta debilidade grave e de falta da tal sensibilidade republicana e socialista ?Vamos ver como se clarifica este imbróglio com um país que deveria ser mais que uma nação, embora tenha um presidente que deixa muito a desejar. Não me admiraria uma calorosa receção caso ainda fosse PM um tal de Sócrates em que as conivências eram mais que evidentes, alegadamente, é claro.

A democracia tem destas coisas, por vezes uma desejável e gostosa visita de um chefe de estado tem estas implicações que até deixam esquecer as últimas trapalhadas do país real. Esquecer nos próximos meses a decadência do Governo, o desnorte do Costa, o “erro” do Ministro dos negócios estrangeiros, o arrendamento das casa devolutas, TAPar os olhos aos milhões para os “amigos” da TAP, da CP, esquecer o derrapar do Hospital Militar e claro da farta indemnização de quem alegadamente não a merece legalmente de 500 mil euros e ainda a débil situação da figura número dois do Governo, um tal quase arguido Medina, não o Carreira,  mas com a carreira a chegar ao fim…

Serão três dias de festa ou três meses de guerra….

Como dizem os brasileiros, vai ficar uma “esculhambação”.

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