Subida do petróleo e do ouro são principais impactos nos mercados financeiros

O conflito entre Israel e o Hamas já levou à subida dos preços do petróleo e do ouro e os analistas contactos pela Lusa estimam que venham a subir ainda mais com o agravar do conflito no Médio Oriente.

© D.R.

Segundo o analista da ActivTrades Ricardo Evangelista, nos mercados financeiros, “o impacto é, sobretudo, no preço do petróleo” e estima que possa subir mais com a escalada do conflito e escassez da oferta (isto quando Arábia Saudita e Rússia já vinham diminuindo a oferta).

Esta sexta-feira, o barril de petróleo Brent para entrega em dezembro estava a cotar-se a 93,60 dólares no Intercontinental Exchange Futures (ICE) de Londres, o nível mais alto desde o final de setembro.

Um dos principais riscos, afirmou Ricardo Evangelista à Lusa, tem a ver com a possibilidade de os Estados Unidos da América virem “a policiar as sanções sobre o Irão”, já que, apesar destas, os norte-americanos permitem que o país exporte milhões de barris.

“Uma escalada e um agravar do conflito região poderia impactar não só o fornecimento de petróleo, iria criar mais inflação e levar os bancos centrais a políticas monetárias mais agressivas, além de outras repercussões”, disse.

O analista destacou ainda a recente valorização do euro, já que sendo um ativo de refúgio a procura aumenta quando há maior instabilidade.

Carla Maia Santos, da consultora de investimentos Forste, disse à Lusa que logo no imediato “o petróleo disparou em alta” até porque há o risco de, face a aumento das tensões no Médio Oriente, haver bloqueios na produção e na exportação.

O conflito também “gerou uma corrida a ativos de refúgio”, caso de obrigações, ouro e moedas (como o dólar e franco suíço), acrescentou.

No mercado acionista, houve dois movimentos. Por um lado, houve um ‘sell off’ nas ações (grandes vendas num curto período) e, por outro lado, há setores cujas cotações das ações valorizam, como o setor energético, das ‘utility’ (indústrias de serviços essenciais como água, gás e energia), dos bens de consumo básico e dos cuidados de saúde e ainda setores da defesa, da cibersegurança e da logística.

O analista da XTB Vítor Madeira destacou à Lusa a subida quer do petróleo, quer dos metais preciosos desde o início do conflito.

O ouro subiu mais de 7% e a prata mais de 9%, contou, explicando que face à valorização do dólar era expectável que os metais preciosos descessem (já que têm relação inversa), pelo que “a apreciação fica evidente que foi provocada pelo conflito”.

Quanto ao mercado petrolífero, disse que “já se sente uma valorização desde o início do conflito em cerca de 3,5%”, mas “a reação ainda não parece ter-se intensificado”, e estimou que um agravar do conflito terá também impacto nos preços dos alimentos.

Para Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, no atual conflito, a maior ameaça para economia global “reside sobretudo na obstrução do estreito de Ormuz”, ponto estratégico para o comércio mundial de petróleo que também é controlado pelo Irão.

O economista explicou que, no atual contexto, um embargo de petróleo pelos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) “teria muito provavelmente pouca eficácia” devido ao menor peso do petróleo do Médio Oriente no consumo global, à autossuficiência dos Estados Unidos e porque implicitamente os países da OPEP já estão em embargo há mais de três anos para fazer crescer os preços.

Assim, considerou, “a maior ameaça para economia global reside, sobretudo, na obstrução do estreito de Ormuz, o que contribuiria para a escassez mundial de petróleo”.

O economista disse à Lusa que, nesse contexto, a Bloomberg Economics estima que os preços do petróleo poderiam subir até aos 150 dólares por barril e o crescimento da economia global cair para 1,7%.

Últimas de Economia

O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou hoje que a taxa de inflação homóloga foi de 2,3% em outubro, menos 0,1 pontos percentuais do que a verificada em setembro.
O número de passageiros movimentados nos aeroportos nacionais aumentou 4,8% até setembro, face ao mesmo período de 2024, para 57,028 milhões, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
O índice de volume de negócios nos serviços subiu 2,6% em setembro face ao mesmo mês de 2024, mas desacelerou 0,2 pontos percentuais relativamente a agosto, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O preço da carne de novilho não para de subir e já pesa no bolso dos portugueses. Em apenas dois anos, o quilo ficou 5 a 6 euros mais caro, um aumento de quase 100%, impulsionado pela guerra na Ucrânia e pela alta dos cereais que alimentam o gado.
As três maiores empresas do setor energético exigem a devolução de milhões de euros pagos ao Estado através da Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético (CESE), um imposto criado para financiar a redução da dívida tarifária e apoiar políticas ambientais, mas que, segundo o tribunal, foi aplicado de forma ilegal no setor do gás natural.
As exportações de bens aumentaram 14,3% e as importações subiram 9,4% em setembro, em termos homólogos, acumulando um crescimento de 1,9% e 6,5% desde o início do ano, divulgou hoje o INE.
O valor médio para arrendar um quarto em Lisboa ou no Porto ultrapassa metade do salário mínimo nacional. Perante a escalada dos preços e orçamentos familiares cada vez mais apertados, multiplicam-se as soluções alternativas de pousadas a conventos, para quem procura um teto a preços mais acessíveis.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) defende que Portugal deve optar por reduzir as isenções fiscais e melhorar a eficiência da despesa pública para manter o equilíbrio orçamental em 2026, devido ao impacto das descidas do IRS e IRC.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai pedir um reforço em 250 milhões de euros da garantia pública a que pode aceder para crédito à habitação para jovens, disse hoje o presidente executivo em conferência de imprensa.
O índice de preços dos óleos vegetais da FAO foi o único a registar um aumento em outubro, contrariando a tendência de descida generalizada nos mercados internacionais de bens alimentares. O indicador subiu 0,9% face a setembro, atingindo o nível mais elevado desde julho de 2022, segundo o relatório mensal divulgado pela organização.