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No seu artigo de 28 de julho de 2021, o Dr. Pedro Frazão estabelecia claramente que os conservadores são os verdadeiros ambientalistas. É por isso que protegemos o património, e defendemos os nossos valores culturais e ambientais. Devemos, todavia, prepararmo-nos para o próximo embate. A economia circular, que envolve, mais uma vez, a economia e o ambiente.

A economia circular é uma nova utopia em que, numa economia perfeita, o desperdício se reduz a zero. As pessoas confundem isso com reciclagem. É muito mais do que isso. É conceber todo o produto para minimizar o desperdício em todas as etapas da cadeia de valor.

Como reduzir o desperdício a zero? Simples. Criando subprodutos que podem ser explorados posteriormente. O desafio da economia circular reside em pensar no futuro. Depois de projetarmos o produto para o presente, temos preocupações adicionais. Como será o seu fim de vida, sua desmontagem, e como se garante uma nova utilização com valor no mercado? É simples, mas exige trabalho, organização e visão.

As casas de pedra dos nossos ancestrais ainda podem ser facilmente desmontadas. Os blocos de uma ruína podem ser utilizados em novas construções. As vigas ou asnas em carvalho, depois de cuidadosamente recolhidas, podem ter uma segunda vida noutro lugar. Quantas casas no norte e centro de Portugal não utilizam as muralhas da sua cidadela como seus próprios muros? Há imensos exemplos de circularidade na nossa história. No entanto, a solução para os edifícios atuais é muito mais limitada. Após uma vida inteira de uso, muitas vezes só nos resta a demolição. Os escombros são depositados num aterro. Apenas uma ínfima parte do edifício é reaproveitada e revendida.

Há uma diferença abissal entre a promoção da economia circular com o histerismo da redução das emissões dos gases de efeito de estufa. Não é por mudarmos para um carro elétrico que vamos poluir menos. Só vamos estar a poluir noutros sítios. Quer na extração dos minerais necessários para as baterias elétricas, quer quando formos depositá-las no fim de vida.

Não estamos a conceder derrota no disparate do fim do mundo pelas alterações climáticas antropogénicas quando promovemos uma maior circularidade na economia. Estamos a defender o uso adequado dos recursos para diminuir a pressão da extração de recursos naturais. Tais políticas são necessárias, e reais, para combater a poluição do ar, dos cursos ou lençóis de água ou da terra. Verdadeiros valores conservadores.

A construção e edifícios é apenas uma das áreas prioritárias para a economia circular definidas pela União Europeia. As restantes são a eletrónica de consumo, baterias e veículos, embalagens, plásticos, têxteis, comida, água e nutrientes. A Comissão Europeia publicou o enquadramento político das linhas de ação no “Novo Plano de Ação para a Economia Circular”, a 11 de março de 2020.

Desde a publicação deste Plano de Ação, há mais de 3 anos, que o governo cessante está desorientado e imobilizado. Não existe um quadro político, legislação ou regulamentação, apoio à inovação, sensibilização e educação pública, esboços de normas ou padronização, ou colaboração com os atores económicos. A conhecida incompetência do PS poderá fazer-nos perder o futuro. Mais uma vez!

A economia circular não se trata apenas de reciclagem, trata-se de minimizar os resíduos em toda a cadeia de produtos. Com os princípios da economia circular, podemos proteger o nosso ambiente enquanto nos preparamos para o futuro. Ao criar subprodutos a jusante, podemos reduzir o desperdício a zero. É vital projetar também para desmontagem e colaborar com as partes interessadas para alcançarmos um futuro limpo.

Além disso, a economia circular oferece inúmeras oportunidades numa economia livre. Repito: imensas oportunidades numa economia livre. As empresas portuguesas, e os seus trabalhadores, podem liderar a Europa neste novo futuro. Basta um governo sensibilizado, atuante e que não empate.

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