Partido Popular acusa Sánchez de teatro ridículo e de gozar com os espanhóis

O líder do Partido Popular de Espanha considerou hoje que o primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez, fez um teatro ridículo e gozou com os espanhóis nos últimos dias ao ameaçar demitir-se para evitar explicar suspeitas de corrupção.

© facebook/NunezFeijoo

“Espanha não tem um presidente [do Governo] à altura”, afirmou Alberto Núñez Feijóo, depois de acusar o socialista Pedro Sánchez de “ridículo” e de ter arrastado Espanha para essa situação com “uma obra de teatro” nos últimos dias.

“Há uma Espanha indignada” e “estiveram a gozar com uma nação de 48 milhões de espanhóis”, disse o líder do Partido Popular (PP, direita), o maior partido no parlamento espanhol atualmente.

Feijóo, que falava aos jornalistas em Madrid, considerou que a ameaça de demissão de Sánchez – que hoje disse que, após cinco dias de reflexão, continuará à frente do Governo – foi “pura estratégia eleitoral, pura estratégia judicial ou ambas”, em véspera de duas eleições (autonómicas na Catalunha e europeias) e quando há suspeitas de corrupção que afetam “o seu partido, o seu governo e pessoas próximas” do primeiro-ministro.

Para o líder do PP, Sánchez “condenou o país a dias de vergonha internacional e incerteza nacional” e “preferiu fugir em frente em vez de se demitir”, lamentando que não tenha convocado eleições.

“Mandou refletir o povo mas não lhe deu a palavra”, afirmou Feijóo, em referência ao apelo de hoje de Sánchez a uma reflexão coletiva sobre o debate político em Espanha.

Para o líder do PP, Sánchez fez esta segunda-feira “o mais perigoso” dos discursos por ter sido “uma confissão de que não aceita discrepâncias”, que não quer o controlo da oposição ou dos meios de comunicação e por ter questionado a atuação da justiça e o estado de Direito.

“Quem ameaça a democracia espanhola é quem pretende impor-lhe um projeto puro de poder sem limites para não dar explicações”, afirmou.

Feijóo considerou que apesar de ter decidido continuar no poder, Sánchez e o atual governo espanhol estão em “agonia” e explicou que não vai avançar com uma moção de censura porque o socialista “comprou o apoio” dos parceiros parlamentares “com a dignidade dos espanhóis”, numa referência aos acordos com partidos independentistas.

“Escolheu o caminho mais indigno e o que procurou foi polarização, vitimização e não dar explicações”, afirmou Feijóo.

Também Santiago Abascal, líder do Vox, partido de direita radical que é a terceira maior formação no parlamento espanhol, acusou Sánchez de procurar “garantir a impunidade” e “o silêncio total dos meios de comunicação” e de ser um “aprendiz de tirano”.

Pedro Sánchez anunciou esta segunda-feira que continuará à frente do Governo do país depois de ter revelado que ponderava demitir-se na quarta-feira passada, no dia em que um tribunal de Madrid confirmou a abertura de um “inquérito preliminar” por alegado tráfico de influências e corrupção da sua mulher, Begoña Gomez, na sequência de uma queixa de uma organização conotada com a direita radical baseada em alegações e artigos publicados em páginas na Internet e meios de comunicação digitais.

O Ministério Público pediu no dia seguinte o arquivamento da queixa, por considerar não haver indícios de delito que justifiquem a abertura de um procedimento penal.

O líder do Partido Socialista espanhol (PSOE) e do Governo de Madrid reiterou esta segunda-feira que ele próprio e a família estão há anos a ser vítimas de “um assédio” e uma “campanha de descrédito” dos seus adversários políticos, com base em boatos e mentiras que são levadas para o debate político, e apelou è reflexão coletiva sobre a “degradação da vida pública” em Espanha e à mobilização social “pela dignidade” e contra “a política da vergonha”.

“Andamos há demasiado tempo a deixar que o lodo colonize impunemente a vida política e a vida pública, contaminando-nos de práticas tóxicas”, afirmou.

Últimas de Política Internacional

A Comissão Europeia propôs hoje a redução do prazo de licenciamento em projetos de defesa de anos para 60 dias, a redução da carga administrativa e melhor acesso ao financiamento para assim estimular investimentos na União Europeia (UE).
Os líderes do G7 afirmaram o direito de Israel a "defender-se", acusaram o Irão de ser a "principal fonte de instabilidade e de terrorismo na região" e apelaram à "proteção dos civis", segundo uma declaração conjunta.
O Partido Popular de Espanha (direita), que lidera a oposição, voltou hoje a pedir a demissão do primeiro-ministro, devido às suspeitas de corrupção na cúpula socialista, mas rejeitou uma moção de censura ao Governo.
O Tribunal de Contas Europeu (TCE) defende um orçamento da União Europeia (UE) a longo prazo mais simples e flexível para se poder adaptar às “circunstâncias em mudança”, pedindo que, perante nova dívida comum, sejam mitigados os riscos.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmaram no domingo que "este não é o momento para criar incerteza económica" e que devem ser evitadas "medidas protecionistas".
A chefe da diplomacia europeia sublinhou hoje, junto do Governo iraniano, que a UE "sempre foi clara" na posição de que Teerão não deve ter armas nucleares.
O enviado especial francês para a terceira Conferência do Oceano da ONU (UNOC3) anunciou hoje, último dia dos trabalhos, que o Tratado do Alto Mar, de proteção das águas internacionais, será implementado em 23 de setembro, em Nova Iorque.
As delegações dos EUA e da China, reunidas durante dois dias em Londres para resolver as diferenças comerciais entre os dois países, anunciaram na noite de terça-feira um acordo de princípio, deixando a validação para os respetivos presidentes.
O primeiro-ministro da Hungria, o nacionalista Viktor Orbán, afirmou hoje que a Direita europeia sofre o ataque dos "burocratas" de Bruxelas e que, apesar disso, os "patriotas" cooperam para vencer em todo o continente europeu.
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, deverá pedir hoje, em Londres, um aumento de 400% na capacidade de defesa aérea e antimíssil da Aliança, especialmente para combater a Rússia.