Governo português compra Comunicação Social, falida

Seguramente passou despercebido aos portugueses uma das transações comerciais mais escandalosa dos últimos tempos. Esta semana o Governo português comprou, com o dinheiro dos portugueses o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias, O Jornal do Minho e a TSF.

Existem várias razões pelas quais os governos não devem salvar e comprar meios de comunicação social, especialmente em Portugal. Essas razões podem ser analisadas sob diferentes perspetivas, incluindo a democracia, a economia e a ética. Aqui estão algumas das principais considerações.

A liberdade de imprensa é fundamental para uma democracia saudável. Quando os governos possuem meios de comunicação, há um risco significativo de interferência editorial e censura, comprometendo a independência jornalística. Governos que controlam meios de comunicação podem usá-los para disseminar propaganda e manipular a opinião pública em benefício próprio, o que pode minar a confiança pública na imparcialidade e veracidade das notícias.  A intervenção do governo pode levar à monopolização ou oligopolização dos meios de comunicação, reduzindo a pluralidade de opiniões e o debate público.

A intervenção estatal pode distorcer o mercado, criando uma vantagem injusta para os meios de comunicação estatais em detrimento dos privados, que podem não conseguir competir de forma justa devido à diferença de recursos.

Para além de todas as razões apresentadas acima temos que a propriedade dos meios de comunicação pelo governo pode levar a um aumento da corrupção, onde políticos e funcionários públicos influenciam a cobertura noticiosa para proteger seus próprios interesses. Pode ocorrer também nepotismo e favoritismo, com a nomeação de aliados políticos ou familiares para cargos-chave dentro das organizações de mídia estatais, comprometendo a competência e a integridade do jornalismo.

Como já sabemos o resgate e a compra de meios de comunicação pelo governo podem ser vistos como uma intervenção inadequada no mercado livre, que deve ser regido pela oferta e procura. Isso pode desincentivar a inovação e a eficiência no setor como se vê claramente em todas as publicações agora adquiridas pelo Governo. Basta abrir o DN e perceber que a única coisa realmente “inovadora” que há é…um jornal daqueles ainda existir. Venho, demagogo, ultrapassado e gasto. Mas bom para embrulhar castanhas.

Meios de comunicação resgatados pelo governo podem tornar-se financeiramente dependentes do Estado, comprometendo a sua autonomia e viabilidade a longo prazo. Pode-se dizer que neste momento já somos nós, os portugueses, que estamos a sustentar os ordenados milionários de alguns jornalistas.

Estabelecer um precedente de resgate e compra de meios de comunicação pode ser perigoso, especialmente se governos com tendências autoritárias, como foi o do senhor Costa, decidirem usar essa prática para controlar a narrativa pública e reprimir a dissidência. Basta relembrar o bodo que foi na distribuição de dinheiros públicos às publicações de esquerda na era do COVID. E no que isso ainda hoje se nota. Não há almoços grátis.

Embora possa haver situações em que a intervenção do governo seja necessária para garantir a sobrevivência de meios de comunicação estratégicos em tempos de crise, essa deve ser a exceção, não a regra. Em vez disso, o foco deve estar em criar um ambiente regulatório que promova a independência, a sustentabilidade e a pluralidade dos meios de comunicação, garantindo que possam operar livremente e sem interferência política.

Podem tentar tapar-nos os olhos com várias desculpas e as notícias a passarem muito discretamente nos restantes, poucos, meios de comunicação. Podem até afirmarem que é para bem dos média nacional pois só assim é que “haverá equilíbrio na informação”, mas ao final do dia, e como já referido exaustivamente antes, isto não passa de favores que vão ser pagos ao Governo, ou já foram. Como tudo o resto isto não passa de um enorme logro e uma vergonha.

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