NÃO HÁ PROFESSORES: O CAOS NAS ESCOLAS

Um novo ano lectivo se inicia e, tal como aconteceu nos anteriores, o caos está instalado no ensino público. Caos no início de cada ano, em Setembro, caos durante e no fim do ano lectivo. Há aqui uma perfeita continuidade. Afinal, o caos é a imagem de marca socialista, seja ela mais rosa ou alaranjada. Há anos que tem sido assim, acentuando-se nos últimos tempos. 

A malta da «paixão pela educação», do Engenheiro Guterres, é a mesma que por aí gravita. Não se lhes conhece uma ideia, muito menos um pensamento estruturado sobre o ensino. Não conhecem as salas de aula das escolas, mas sobra-lhes um projecto ideológico de destruição daquilo que deve ser a escola: um lugar, por excelência, para os professores ensinarem e os alunos aprenderem. Sobrando tempo, também, para a implementação do programa de reconstrução social com base na «ideologia de género» e da «cultura wokista do cancelamento», a que se junta a luta pelo facilitismo. Estão com mais idade, mas com a mesma determinação em destruir, sem nada construir, a não ser o facilitismo como «escola de vida», colocando as pessoas na dependência do Estado, aspectos que garantirão vitórias à esquerda e à pseudo-direita, assegurando derrotas da força da sociedade civil autónoma, auto-responsável e dona do seu destino. 

Escasseiam professores, faltam funcionários, não há condições nas escolas. Perante este cenário, os alunos estão preocupados e as Famílias à beira de um ataque de nervos. O esgotar de vagas nos colégios privados mostra, à saciedade, esta dura realidade do ensino público que nos dizem, na propaganda, querer defender, mas que se limitam, na prática, a desfazer. 

Repare-se que, no seio da sociedade civil, nunca se falou tanto da necessidade de mudar de rumo no campo do Ensino, mas o (des)Governo teima em assobiar para o lado e continua a fazer correr a bela narrativa do «está (quase) tudo a correr bem» e quem disser o contrário é um «radical» que não olha para a escola como um espaço socialista da «inclusão». A «inclusão» é o alfa e ómega do ensino. Não se percebe muito bem o que significa esta bonita palavra, mas dizê-la quatro ou cinco vezes por minuto, num qualquer discurso, garante sempre aplausos da audiência anestesiada por décadas de socialismo reinante. 

É necessário conhecer as escolas deste país para perceber que urge uma reforma profunda no sistema de ensino. Contudo, como também sabemos, socialistas e social-democratas não costumam rimar. Afinal, para estes, o que interessa não é reformar, mas controlar, dominar e segurar o poder. Tem sido sempre assim. 

Se nos concentrarmos apenas num aspecto, a falta de Professores, precisamos de reconhecer uma evidência: olhar a longo prazo, salvo raras excepções, nunca foi a maior virtude dos políticos da praça. Em regra, para os políticos, o horizonte é curto, quase nunca indo além das eleições que espreitam. Depois, depois logo se vê. Não interessa o médio e longo prazo, mas apenas o hoje e o imediato para vencer a eleição. 

No caso do Ministério da área do Ensino, nos últimos anos, será difícil encontrar alguém que tivesse sido capaz de, naquele gabinete ministerial, pensar numa reforma global do sistema de ensino que fosse capaz de resolver os graves problemas da escola portuguesa. A falta de professores com que nos confrontamos, estes dias, é apenas uma pequena parte do problema. Talvez seja a mais visível e mediática, mas está longe de ser a mais grave. 

Contudo, é óbvio que faltam professores nas escolas. E se a falta de um professor representa dezenas de alunos sem aulas, com as consequências que isso acarreta, faltando milhares de professores, representam muitos milhares de alunos sem apoio. Nos últimos anos, aposentaram-se milhares de docentes. E outros milhares se seguirão nos próximos tempos. A (des)governação socialista, durante os oito anos anteriores, ignorou por completo esta realidade, nada fazendo para colmatar o fim profissional de tantos e tantos professores através da renovação de quadros. Pior, desvalorizou a carreira docente, aqui e ali com ataques, como o fizeram no tempo de José Sócrates, e insinuaram haver excesso de professores. Neste momento, estamos a pagar as más opções. Porém, sem querer ser pessimista, temo que o pior estará para vir. É a consequência imediata de entregarmos o magno assunto do ensino aos políticos. 

Em suma, enquanto teimarmos em entregar o ensino aos políticos, não iremos longe. Pior, ainda, quando se intitulam de políticos profissionais. O sistema de ensino necessita de alguém que conheça as escolas e nelas viva; não de pedagogos de pacotilha e de viés ideológico anti-nacional ou políticos de gabinete que desconhecem o que se passa nas salas de aula. 

Vale bem a pena pensar nisto!

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