Irão espera que Trump acabe conflitos de imediato

O vice-primeiro-ministro do Irão afirmou hoje que “o mundo espera” que o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, “acabe de imediato” com os conflitos no Médio Oriente, classificando os ataques israelitas como “terrorismo organizado”.

© LUSA/ABEDIN TAHERKENAREH

“O Governo americano é o principal apoiante das ações do regime sionista de Israel, e o mundo espera que o novo Governo desse país cumpra a promessa de acabar de imediato a guerra contra as populações inocentes de Gaza e do Líbano”, disse o vice-primeiro-ministro iraniano, Mohammad Reza Aref, durante o seu discurso no âmbito da cimeira árabe em Riade, capital da Arábia Saudita.

O líder iraniano qualificou como “terrorismo organizado” os ataques levados a cabo pelo Exército israelita contra alvos do movimento islamita Hamas e do movimento xiita libanês Hezbollah, considerados organizações terroristas pelos Estados Unidos e União Europeia e que têm ambos tido apoio financeiro e militar de Teerão.

O vice-primeiro-ministro iraniano lamentou a “tragédia vergonhosa” representada pelos “crimes cometidos na Palestina ocupada há mais de um ano e no Líbano há um mês”, dizendo que se trata de uma “tragédia que não é apenas o produto da crueldade e arrogância de uma entidade ocupante que pratica o ‘apartheid’, mas também o resultado de um sentimento de impunidade de criminosos”.

“Existe uma certa relutância ou incapacidade por parte das Nações Unidas e de outras instituições que defendem os Direitos Humanos em tomar medidas eficazes para travar o genocídio dos palestinianos”, acusou o governante iraniano.

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 97 dos quais continuam em cativeiro, 34 deles entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.

A guerra continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 42.718 mortos (quase 2% da população), entre os quais 17.000 menores, e 100.282 feridos, além de mais de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de mais de um ano de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.

O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer “o mais elevado número de vítimas alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

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