Sinistralidade rodoviária é “flagelo nacional que já dura há décadas”

O presidente da Liga de Associações Estrada Viva, Mário Alves, considerou hoje "um flagelo nacional" a sinistralidade rodoviária em Portugal, que tem aumentado, e defendeu apoios às vítimas e a redução da velocidade em meio urbano.

© D.R.

“É, de facto, um flagelo nacional que já dura há décadas” e “nos últimos anos tem vindo a crescer”, disse o responsável da Estrada Viva — Liga de Associações pela Cidadania Rodoviária, Mobilidade Segura e Sustentável.

Em Évora, à margem da cerimónia deste ano do Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, Mário Alves apontou aos jornalistas que uma das questões preocupantes é a do apoio a estas pessoas e a profissionais que as socorrem, como os da GNR e do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

Os acidentes rodoviários “são momentos traumáticos” e “é extremamente importante” esse apoio “para as famílias que ficam” e “inclusivamente [para] as pessoas do INEM ou da GNR, que São os primeiros muitas vezes a chegar” aos sinistros, disse.

“Porque estamos a falar de uma média [anual] de 1.000 mortes nos últimos 20 anos e isto deixa também muitos feridos para trás, muitas famílias flageladas e o apoio psicológico é extremamente parco em Portugal”, destacou.

Mário Alves defendeu que “o Estado deve começar a investir no apoio às famílias, apoio jurídico, apoio às forças policiais, GNR, INEM”, entre outros setores.

E, ao aludir à média de 1.000 mortos, o presidente da Estrada Viva comparou que “isso seria o mesmo se em Portugal, todos os anos, caíssem cinco aviões jumbo”.

“Imediatamente, se isso acontecesse a nível nacional, os aeroportos fechavam no dia a seguir”, sentenciou.

E a isto juntam-se ainda os feridos e os impactos que os acidentes provocam numa família, frisou: “Temos que apoiar as pessoas, tanto psicologicamente como juridicamente e mesmo ao nível de saúde. É um problema de saúde pública”.

Nas declarações aos jornalistas, Mário Alves destacou também os acidentes ocorridos dentro das localidades e as velocidades elevadas a que os condutores circulam em meio urbano.

“Tem havido um desprezo bastante grande, principalmente dentro das zonas urbanas”, em relação à sinistralidade, afirmou, considerando tratar-se de “um problema essencialmente autárquico”.

“Os ciclos de quatro anos das autarquias não levam a que os autarcas se preocupem muito com a questão da sinistralidade rodoviária”, criticou, sustentando que é preciso acautelar que a velocidade dentro das zonas urbanas “seja menor, principalmente os 30 quilómetros por hora, que é algo que Portugal assinou na Declaração de Estocolmo, há quatro anos”.

Portugal “já devia estar a implementar isso porque assinou esta declaração”, mas não o faz, enquanto, “em Espanha, neste momento, já 70% da rede viária é 30 quilómetros por hora dentro das localidades”, notou.

A cerimónia nacional em Évora do Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada, promovida pela Estrada Viva e pela Associação GARE, incluiu uma missa, marcha lenta entre a Praça do Giraldo e o Jardim da Memória, com deposição de varas no memorial, e outras atividades.

Os dados mais recentes da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) indicam que, nos primeiros seis meses deste ano, se registaram 17.154 acidentes com vítimas que provocaram 214 vítimas mortais, 1.184 feridos graves e 19.967 feridos ligeiros.

A ANSR compara os números com o mesmo período de 2014, sublinhando “a tendência crescente” na última década, em que os acidentes aumentaram 22%, as vítimas mortais 3,4%, os feridos graves 26,% e feridos ligeiros 18,9%.

Últimas do País

Dois sismos de magnitude 3,0 e 2,9 na escala de Richter foram sentidos hoje na ilha Terceira, no âmbito da crise sismovulcânica em curso, informou o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).
Duas pessoas morreram hoje na sequência da queda de um andaime numa obra na Rua Professor António Flores, no concelho de Lisboa, disse à agência Lusa fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
Nove em cada 10 portugueses consideram que a qualidade dos serviços prestados no Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a deteriorar-se e maioria receia não obter a assistência necessária em caso de doença.
O INEM garantiu hoje estar a "cumprir as orientações", apurando os valores devidos à empresa responsável pelo serviço de helitransporte (GulfMed) enquadrando-os no concurso internacional, depois de o Tribunal de Contas ter considerado nulo o ajuste direto.
A Polícia de Segurança Pública (PSP) inicia hoje em todo o país a operação 'Bullying' é Para Fracos' dirigida aos alunos do ensino básico e secundário, bem como a professores e encarregados de educação.
A resistência aos antibióticos aumentou em mais de 40% entre 2018 e 2023, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que avisa que este crescimento representa uma ameaça crescente para a saúde global.
Sociedades médicas e de doentes lançam hoje uma campanha para ajudar quem vive com obesidade a enfrentar os medos do impacto da doença, que está associada a 200 outras doenças e dezenas de tipos de cancro.
A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), a PSP e a GNR lançam na terça-feira a campanha “Viajar sem pressa” para alertar os condutores para os riscos da condução em excesso de velocidade.
O Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa tem pendentes mais de 133 mil processos contra a agência das migrações e entre 14 de julho e 31 de agosto entraram naquele tribunal 179 providências cautelares para impedir ordens de expulsão.
A Hoti Hotéis aguarda há vários anos pelo desfecho de processos de investimento em dois projetos hoteleiros, um em Lisboa e outro em Monte Gordo, bloqueados por disputas legais e reviravoltas administrativas.