Chama-se José Sócrates, foi primeiro-ministro de Portugal eleito pelo Partido Socialista e é o motivo da vergonha das nossas caras. José Sócrates foi detido em novembro de 2014 no aeroporto de Lisboa quando regressava de Paris. Foi uma novela mediática com as câmaras a registarem aquele momento dramático em que, pela primeira vez na história da democracia, um ex-primeiro-ministro era detido. Durante dias, que se estenderam a semanas, não se falou de mais nada, a não ser do escândalo e da vergonha que a detenção de José Sócrates representava para Portugal.
O rol de crimes era imenso (31) e os portugueses, atónitos com o que viam, liam e ouviam, acreditavam que o suspeito ia a julgamento para ser condenado pelos crimes que lhe eram imputados.
Só que não. Quase onze anos depois da detenção, José Sócrates continua em liberdade a gozar dos seus dias de reforma no conforto do seu lar, na Ericeira. Durante uma década, o socialista – que Mário Soares defendeu acerrimamente e que inclusive visitou na prisão de Évora – gozou e achincalhou o sistema jurídico português. Com recursos atrás de recursos, o ex-primeiro-ministro foi atrasando o processo e, consecutivamente, adiando o seu julgamento. E até teve a ajuda do juiz de instrução Ivo Rosa que o ilibou de 25 dos 31 crimes de que havia sido acusado. Sete anos depois, o Tribunal da Relação anulou parte desta decisão e Sócrates será julgado por vinte e dois crimes.
A data para o início do julgamento já foi fixada para 3 de julho. Mas a questão que se coloca é: será que podemos acreditar que vai mesmo começar? Ou o esperto socialista vai continuar a envergonhar-nos e conseguir adiar, mais uma vez, o início do julgamento?
É preciso ter em conta que existe o risco de os crimes prescreverem, o que fará com que José Sócrates não possa ser julgado por absolutamente nada. Termino como comecei: será a vergonha das nossas caras.