A morte trágica de Manuel Gonçalves, brutalmente assassinado em Braga, deixou o país em choque e expôs, mais uma vez, as falhas profundas do nosso sistema e de proteção dos cidadãos. Manuel era um jovem.
Tinha sonhos, planos e uma vida inteira pela frente. Era conhecido pela sua generosidade e pelo sentido de justiça e foi precisamente esse sentido de justiça que o levou, naquele dia, a intervir para proteger alguém indefeso. Um gesto nobre que lhe custou a vida. E isso, simplesmente, não é justo. O que torna esta tragédia ainda mais revoltante é o facto de o autor do crime, de nacionalidade brasileira, já ter antecedentes criminais graves nos Estados Unidos.
Apesar disso, circulava livremente em Portugal, sem qualquer controlo ou vigilância. Como é possível que alguém com registo criminal internacional entre e permaneça num país como se nada o impedisse? Quando o sistema falha desta forma, quando permite que alguém perigoso esteja entre nós sem qualquer impedimento, é a própria noção de justiça e segurança que se desmorona. A justiça, por mais rigorosa que tente ser agora, nunca poderá reparar o que se perdeu. Não pode devolver a vida a Manuel, nem aliviar verdadeiramente a dor da sua família e amigos.
A morte de Manuel não pode ser vista como apenas mais um caso. Ela expõe falhas graves no controlo de fronteiras, na partilha de informações entre países, e na capacidade das autoridades portuguesas de proteger os seus cidadãos. E mais do que isso, representa o colapso de um ideal, o de que o bem triunfa sempre, o de que defender o próximo não deve custar a vida. A memória de Manuel deve tornar-se um grito coletivo.
Um apelo a uma justiça mais célere, mais eficaz, mais preventiva. Um apelo a um sistema que saiba proteger os inocentes e responsabilizar, com firmeza, quem representa perigo para a sociedade. Porque viver em segurança não pode ser um privilégio.
Tem de ser, em qualquer circunstância, um direito. Pelo Manuel e por todos nós. Manuel, merece ser lembrado como o que foi: um herói. Um daqueles raros, verdadeiros. Que sentem no peito a urgência de agir, mesmo que o mundo não esteja preparado para tanta coragem.