Em conferência de imprensa na sede do CHEGA, em Lisboa, André Ventura voltou a dizer que teve cinco reuniões com o primeiro-ministro, que não foram tornadas públicas na altura, nas quais foi abordado o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025). A primeira decorreu em 15 de julho e a última em 23 de setembro.
O líder do CHEGA disse que quatro aconteceram na residência oficial do primeiro-ministro e outra fora de São Bento, não concretizando onde.
O presidente do CHEGA disse que estes encontros não foram desmentidos por Luís Montenegro e que tem provas de que aconteceram e do que foi discutido.
“Eu não tenho por hábito mostrar coisas privadas”, afirmou, indicando que só divulgará as provas em tribunal porque “são elementos privados que só podem ser revelados em juízo e se o primeiro-ministro disser que eles são falsos eles estarão em juízo para serem avaliados”.
No domingo, através de uma mensagem divulgada na rede social X (antigo Twitter), André Ventura desafiou o primeiro-ministro a processá-lo para poder “tornar públicas, no sítio certo, as provas” que diz ter e hoje disse querer que a sua imunidade parlamentar seja levantada para que tal possa acontecer.
“Se chegar a isso eu tenho toda a disponibilidade para as apresentar. Agora, gostava sinceramente que o primeiro-ministro viesse dizer isto é falso, porque se não o diz, então eu acho que o país inteiro fica convencido do que é que aconteceu”, sustentou.
Questionado sobre o acordo que disse que o primeiro-ministro lhe propôs e que Luís Montenegro nega, André Ventura defendeu que se o chefe de Governo “não desmente cinco reuniões, é porque estava a tratar de um acordo”.
“Eu já disse várias verdades, o número de reuniões, a data das reuniões […]. Eu acho que na balança dos valores ficou claro que é que está a falar verdade. Se o primeiro-ministro achar que eu não estou a falar a verdade, diz ‘ele não está a falar a verdade e eu vou processá-lo por isso'”, salientou, acusando Montenegro faltar à verdade.
Ventura defendeu que a sua credibilidade não fica afetada com esta situação, mas a do primeiro-ministro sim.
Na conferência de imprensa em que anunciou que o CHEGA vai votar contra o OE2025 na generalidade, o presidente do CHEGA referiu também que “até setembro estava na mesa um outro orçamento e depois de setembro ficou na mesa outro orçamento, que é este desastre”.
André Ventura indicou ainda que um orçamento negociado com o CHEGA “não podia aumentar impostos, nomeadamente sobre os combustíveis”, uma “linha absolutamente vermelha”, e também deveria prever a redução do Rendimento Social de Inserção e aumentos para polícias e bombeiros.
“Sabia que isso tudo estava em cima da mesa. Houve um momento que o primeiro-ministro percebeu que era mais fácil chegar, talvez, a um acordo com o PS”, afirmou o presidente do CHEGA.
Ventura disse também que o “CHEGA só se pôs fora das negociações quando percebeu que o Governo não estava a negociar a sério” consigo, mas com o PS, e que foi à reunião com o primeiro-ministro em 23 de setembro, já depois de ter anunciado que o CHEGA estava fora das negociações sobre o OE2025, “na esperança que [Montenegro] afastasse o PS”.