Maputo regista terceiro dia consecutivo de tumultos

A cidade de Maputo registou hoje, pelo terceiro dia consecutivo, uma manifestação contestando os resultados eleitorais, travada pela polícia, que lançou gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, segundo testemunhas.

© Facebook de Venâncio Mondlane

A manifestação foi convocada, há alguns dias, para as 12h30 locais (10h30 de Lisboa), a partir do mercado central, na baixa de Maputo, em protesto contra os raptos que se verificam na capital moçambicana e exigindo “justiça eleitoral”, educação, saúde, liberdade de expressão e segurança.

Acabou por juntar, também, manifestantes protestando contra os resultados das eleições gerais de 09 de outubro e, de acordo com testemunhas, após contactos com a polícia, foi definida uma rota para a marcha, até à Praça da Independência, percurso que foi interrompido já próximo do destino, perto das 15 horas locais, na avenida 25 de Setembro.

“Ficámos surpresos, foi uma rota definida e, antes de chegar ao destino, já nos estavam a atirar gás. Nem sequer chegámos ao destino”, relatou uma fonte presente na manifestação desta tarde.

Ao final da tarde foram divulgados vídeos, nas redes sociais, mostrando a intervenção policial.

Antes, em Inhambane, o dirigente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) Celso Correia, também ministro da Agricultura, afirmou que o direito ao protesto deve ser conciliado com outros direitos fundamentais, face às manifestações pós-eleitorais no país.

“A Frelimo defende o princípio de paz e valores de paz. Estamos contra qualquer tipo de violência. Acreditamos que os direitos de todos os cidadãos têm que ser salvaguardados, tanto o direito de protesto como também o direito à vida, à livre circulação”, disse.

O influente dirigente da Frelimo garantiu que o partido deseja que o processo eleitoral decorra “com o máximo de transparência possível” e “que se valorizasse o trabalho das instituições de uma forma transparente e credível”: “Para também convencer o grupo de moçambicanos que ainda não tem confiança nos resultados. É muito importante que o processo de apuramento possa ser o máximo transparente possível para termos a paz social, que é muito importante para a construção de Moçambique, na certeza e confiantes de que, de facto, o nosso candidato [a Presidente da República] Daniel Francisco Chapo tem esta ponderação para, depois de um processo eleitoral, conseguir trazer a coesão entre o povo moçambicano”.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou em 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, partido no poder desde 1975, na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

A cidade de Maputo tinha vivido hoje um cenário de alguma normalidade, após dois dias consecutivos de protestos por parte de manifestantes pró-Venâncio Mondlane, com intervenção policial e corte de ruas e avenidas com contentores do lixo e arremesso de pedras, o que obrigou ao lançamento de gás lacrimogéneo para dispersar.

Grande parte do comércio mantém-se fechado no centro da cidade, embora hoje com maior número de pessoas e transportes públicos a circular, mas nos subúrbios quase todos os mercados funcionam normalmente, com elevada procura.

Venâncio Mondlane apelou a uma greve geral e manifestações durante uma semana em Moçambique, a partir de 31 de outubro, e marchas em Maputo em 07 de novembro.

O candidato presidencial designou esta como a terceira etapa da contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de outubro, que se segue aos protestos realizados nos passados dias 21, 24 e 25 de outubro, que degeraram em confrontos com a polícia, de que resultaram pelo menos 10 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos, segundo o Centro de Integridade Pública, uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais.

Últimas do Mundo

A Comissão Europeia aprovou o pedido do Governo português para reprogramar os fundos europeus do PT2030, bem como dos programas operacionais regionais do atual quadro comunitário de apoio.
A autoridade da concorrência italiana aplicou esta terça-feira uma multa de 255,8 milhões de euros à companhia aérea de baixo custo irlandesa Ryanair por abuso de posição dominante, considerando que impediu a compra de voos pelas agências de viagens.
A Amazon anunciou ter bloqueado mais de 1.800 candidaturas suspeitas de estarem ligadas à Coreia do Norte, quando crescem acusações de que Pyongyang utiliza profissionais de informática para contornar sanções e financiar o programa de armamento.
Os presumíveis autores do ataque terrorista de 14 de dezembro em Sydney lançaram explosivos que não chegaram a detonar durante o ataque na praia de Bondi, onde morreram 16 pessoas, incluindo um dos agressores, segundo documentos revelados hoje.
Milhares de pessoas traficadas para centros de burlas no Sudeste Asiático sofrem tortura e são forçados a enganar outras em todo o mundo, numa indústria multimilionária de escravidão moderna. À Lusa, sobreviventes e associações testemunharam a violência.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) alertou para o aumento das infeções sexualmente transmissíveis entre jovens, particularmente a gonorreia, e defendeu que a educação sobre esta matéria em contexto escolar é crucial.
A Polícia Judiciária (PJ) está a colaborar com a investigação norte-americana ao homicídio do físico português Nuno Loureiro, estando em contacto com as autoridades e “a prestar todo o suporte necessário às investigações em curso”.
Uma celebração judaica transformou-se num cenário de terror na praia de Bondi, em Sydney. Pai e filho abriram fogo sobre centenas de pessoas, provocando pelo menos 15 mortos e mais de 40 feridos.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou hoje que uma em cada dez crianças no mundo vai precisar de ajuda no próximo ano, com o Sudão e Gaza a registarem as piores emergências infantis.
Um avião da companhia aérea britânica Jet2, que voava entre Londres e Fuertventura, nas ilhas Canárias, declarou hoje emergência e aterrou em segurança no Aeroporto Gago Coutinho, em Faro, disse à Lusa fonte da Proteção Civil.