A situação política, em Portugal, hoje, é abjecta. Porque repugnante (2)

Os escândalos de corrupção multiplicam-se, diariamente.
Os Ministros, Secretários de Estado e Autarcas enlameiam-se, “prostituindo-se” por dezenas ou centenas de milhares de euros, de modo absolutamente desbragado e sem pudor! E, se conveniente, “atiram para as costas” de um qualquer familiar.
A moda, hoje, é “roubar”, muito, tanto, tudo. E, sem réstia de vergonha!
É, este, o mais recente “paradigma”.
Roubar!

E rápido. E sofregamente.
Quanto a, eventualmente, ser bem feito…isso tornou-se um detalhe, que fica para as calendas, porque se inaugurou e instalou uma nova “deixa”.
A “deixa” do…

“Não sei.Não sabia. Não me lembro”!
Porque não vai tornar-se tradição, espero, a hipótese de Pedro Nuno Santos que, um dia afirma uma coisa e dias depois vem dizer, descaradamente, o dito por não dito e afirmar a totalidade do seu contrário. Não se lembrava…

Tenho, pois, para mim que a situação se tornou absolutamente insustentável.
E ao “Presidente”, que cúmplice, apenas se oferecem três situações possíveis.
A- Manter a situação, qual corruptela e continuar a viajar sem norte, nem tino.
B- Dissolver a Assembleia da República e convocar Eleições Gerais Antecipadas.
C- Demitir o Governo e nomear um novo Primeiro Ministro.
E, nesta última hipótese, abro três sub-alíneas.

C.1- Demitir o Governo e convidar António Costa, novamente, a constituir um novo Governo.
C.2- Demitir o Governo e formar um Governo com um Primeiro Ministro, independente, de nomeação presidencial, assegurando que na sua constituição entram o maior número possível de representantes dos Partidos com assento no Parlamento. E encetando diversas negociações para garantir apoio parlamentar.

C.3- Uma versão melhorada da sub alínea anterior. Constituir um Governo de “Salvação Nacional”, com representantes de uma maioria, a maior possível, negociada com os Partidos com representação parlamentar e respeitando os pesos relativos de cada um.
Se revirmos as hipóteses acima elencadas, considero que a hipótese preferível, por mais que eventualmente custe a alguns dos que me lêem, mas asseguradora de maior estabilidade política, seria a demissão do Governo e o convite a António Costa para apresentar um novo elenco governativo.

Calma a quem me lê. E nada de precipitações.
Senão vejamos…
O “Presidente” da República jamais primou pela “coragem”.
Talvez, até, pelo facto de não ter cumprido o Serviço Militar Obrigatório. Pelo que não podem ser pedidas, a sua “insselência”, atitudes de arrojada Coragem. Que já provou, à exaustão, não ter.

Tem sido demasiado protector e “cúmplice” deste Governo e, sequencialmente, desta maioria. Marcelo tem sido o “padrinho”, sem, contudo, ter qualidade ou perfil para o ser. Mais uma versão guarda-chuva.

É uma realidade demasiado provada e comprovada. Marcelo sendo intriguista e conspirador, um Maquiavel à maneira lusa, não tem a coragem e o espírito de iniciativa que caracterizam os Lideres. É a realidade, imutável. Marcelo não sabe exercer o Poder. E não tem espírito de iniciativa. Porque Marcelo não é Lider. Nunca o foi. Nunca o será.
Assim sendo e não podendo esquecer que existe uma maioria substancial na Assembleia da República, a solução mais avisada é, na minha opinião, a demissão deste Governo e o convite ao Secretário-Geral do PS para constituir um novo Governo.
A demissão de um Primeiro Ministro e posterior convite à mesma pessoa é uma solução possível, já experimentada, inclusivé, em outros países.

Acresce que o, ainda, segundo maior Partido nacional não está, claramente, interessado na hipótese de Eleições Gerais Antecipadas. Porque o Presidente do PSD ainda não “fez caminho” nem se conseguiu apresentar como primo-ministeriável. Eu duvido que algum dia lá chegue. Mas essa é a minha opinião. Uma Pós Graduação, feita em Paris, em “Liderança” não consegue transformar um Deputado…em Líder. Nem em Portugal nem no Burkinafaso.

E Montenegro, não sendo Lider, nem sabendo ser, não tem, também, equipa constituida, sólida e credível. Os seus “inter pares” do “inner circle” são fracos e fracas, auspiciando, quando muito, a virem a ser cabeças de lista para umas Eleições Autárquicas…mas num círculo não demasiado grande.
Convenhamos e assumamos. São mesmo muito fracos.
Como tal, sem Lider e sem equipa, ao PSD interessa, apenas, adiar.
Por isso o recente mote, qual desculpa de mau pagador…
“É o PS que tem que governar”.
Faltando acrescentar o resto…

Porque nós sabemos que não somos solução.
E o fantasma de Rio parece querer regressar, nunca se apercebendo ou recusando aperceber, da total mediocridade que o caracterizou e à “equipa” de que se fez rodear.
E, à Direita, a Iniciativa Liberal está, permitam-me, “em fanicos”. Viu-se a “peixeirada” do último fim de semana. Para um Partido que se anunciava como diferente, adquiriu, já, todos os vícios dos Partidos institucionais.
Quanto ao Chega…

O Chega está a fazer o seu caminho.
Mas precisa, também, de mais tempo para caminhar. Fazer trajecto. Angariar Personalidades. Aglutinar. Credenciar-se. Credibilizar-se. Precisa, pois, de tempo.
Do outro lado do espectro político, também a Esquerda, corporizada pelo PCP e a Extrema Esquerda, que engloba o BE e o “irmão” Livre, precisam de tempo para “lamber as feridas e tentar um “renascimento”.

Porque a Extrema Esquerda já percebeu que o seu lugar tem que ser na rua.
A Extrema Esquerda, porque trauliteira e terrorista, é de protesto. E jamais conseguirá deixar de o ser. Apenas.

Não é de construção. Por mais que Catarina Martins e “sus muchachas” “lesbian chic” tenham, em tempos, optado pela versão “blazer” mais ou menos ortodoxo. De nada valeu. Apenas fez perder votos…e Deputados. A Extrema Esquerda não sabe construir. Está-lhe no DNA “assembleário”.

E o PCP tem em mãos um novo “Lider”. Fraco, muito fraco, mas que precisa, também ele, de tempo para se instalar.

Sobra, obviamente, o PAN mas…o PAN não é solução para ninguém. E os poucos “dirigentes” do PAN, após as duas crises internas, sabem-no.
Pelo que, das soluções acima aventadas e perante as evidências e as circunstâncias de cada um e de cada qual…a solução menos danosa seria demitir o Governo e convidar António Costa a apresentar um novo.

Até para dar tempo…
Até porque, quer a solução do Governo de iniciativa presidencial quer a do Governo de Salvação Nacional, seriam politicamente demasiado instáveis, porque a cada proposta de Lei apresentada em sede de `Plenário para discussão e aprovação, exigiria demoradas negociações parlamentares. E a Democracia portuguesa não tem essa maturidade.

Agradável ou não a solução, única, parece ser esta.
Acima de tudo, há uma verdade irrefutável.
As coisas, como estão, não podem continuar!

Manuel Damas
(Médico)

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