Fadiga e a sonolência responsáveis por 30% dos acidentes rodoviários

A fadiga e a sonolência são responsáveis por cerca de 30% dos acidentes rodoviários em Portugal, de acordo com um estudo hoje divulgado, no qual participaram 1.002 condutores.

© D.R.

No estudo, designado “Fadiga, Sonolência e Distúrbios do sono – Que impacto na Segurança Rodoviária? – Uma análise da Realidade Portuguesa”, 8,4% dos inquiridos referiram ter tido pelo menos um acidente rodoviário.

A fadiga (20,2%) e a sonolência (9,5%) foram indicadas como a causa do último acidente por 29,7% dos condutores acidentados.

Em declarações à agência Lusa, o major da Guarda Nacional Republicana (GNR) Mário Abreu explicou que a fadiga na condução “está associada como causa dos acidentes na mesma medida que na condução sob a influência do álcool e em excesso de velocidade”.

“Os condutores têm consciência de quais são as medidas que devem adotar em caso de fadiga. Mas, tal como comprova o estudo, a realidade não é bem esta e optam por medidas que não são tão eficazes e acabam por colocar em risco a condução, como (…) falar ao telemóvel. Ao invés de estarem a arranjar uma solução, estão a arranjar mais um problema”, considerou.

A nível de fiscalização, Mário Abreu explicou que o código penal prevê o crime de condução perigosa em casos de fadiga excessiva.

“No entanto, a fiscalização deste assunto não é de todo fácil. Em caso de acidente é que se pode chegar a uma investigação que leve a esta conclusão”, salientou, lembrando que para a condução de veículos pesados de passageiros e mercadorias “é obrigatório o uso de um aparelho tacógrafo que faz controlo de velocidade e dos tempos de condução e descanso”.

Mário Abreu acrescentou que, em 2024, a GNR registou mais de 13.000 infrações relacionadas com o excesso de horas de condução ou o não cumprimento do tempo mínimo de descanso.

O questionário ‘online’ da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP), em parceria com a VitalAire, serviu para recolher dados, entre 03 e 10 de dezembro de 2024, de mais de mil condutores de automóveis ligeiros de passageiros ou mercadorias, que conduziram pelo menos alguns dias por mês nos 12 meses anteriores à recolha de dados.

Segundo o inquérito, os condutores profissionais, trabalhadores por turnos e jovens estão particularmente vulneráveis à fadiga na condução, devido a horários irregulares e a estilos de vida que aumentam o risco de sonolência ao volante.

À Lusa, o antigo motorista Manuel Nazaré, de 73 anos, contou que teve um acidente por adormecer ao volante na Ponte 25 de Abril, em 2009, tendo-lhe sido diagnosticada apneia do sono.

“Eu adormecia por tudo e por nada. Até a conversar com os meus amigos. Mas (…) não tive abertura para ir logo ao médico, até que tive um acidente grave na Ponte 25 de Abril. Fui ao médico, fiz os exames e detetaram-me apneia do sono”, disse.

Manuel Nazaré referiu que deixou de conduzir durante algum tempo e só quando começou a usar uma máquina de pressão positiva na apneia do sono (CPAP) voltou à sua vida normal.

Os resultados da análise assinalam que 2,5% dos condutores da amostra tiveram pelo menos um acidente rodoviário devido ao cansaço, fadiga ou sonolência, no último ano.

Em relação às situações de iminência de acidente, 44,9% dos inquiridos afirmaram ter tido pelo menos uma nos 12 meses anteriores, 20,9% delas causadas por fadiga ou sonolência.

Os resultados revelam ainda que 26% dos condutores apresentaram níveis de sonolência excessiva, e que um em cada cinco condutores apresentou “alto risco” de sofrer de apneia do sono.

O estudo, que analisou os hábitos de condução, revelou que 58% das pessoas conduziram pelo menos uma vez “demasiado cansadas” e que 33% conduziram “tão sonolentas que tinham dificuldades em manter os olhos abertos”.

“Este estudo revela que a fadiga na condução é um problema preocupante a nível nacional. Um em cada três condutores declarou ter conduzido com sonolência extrema”, destacou diretor-geral da PRP, Alain Areal.

Por sua vez, o diretor-geral da VitalAire Portugal, Jorge Correia, considerou ser “essencial investir em campanhas de sensibilização e de prevenção relativamente aos perigos da fadiga e da sonolência na condução”.

Últimas do País

A Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) assinala na terça-feira oito anos dos fogos que provocaram dezenas de mortos e feridos, além da destruição de casas, empresas e floresta.
A PSP inicia hoje e prolonga até 15 de setembro a operação Polícia Sempre Presente – Verão Seguro 2025, a nível nacional, tendo em conta o início da época estival e o final do período escolar, anunciou a força de segurança.
O Governo português desaconselha todas as viagens para Israel e Irão dada a atual situação do conflito, segundo uma informação publicada no Portal das Comunidades Portuguesas.
O presidente da Associação de Concessionários de Praia e Bares da zona Norte defende a necessidade de garantir a segurança nas praias durante todo o ano, porque o atual modelo de nadadores-salvadores está “desajustado da realidade”.
Sete das vítimas mortais da queda de um avião na Índia, esta quinta-feira, constam como cidadãos portugueses, mas nunca terão estado em território nacional. Segundo avançou a Renascença, os sete indivíduos residiam no Reino Unido e terão adquirido a nacionalidade portuguesa sem qualquer ligação direta ao país.
O Tribunal de Leiria aplicou hoje prisão preventiva a três dos suspeitos por mais de uma centena de furtos em cemitérios, interior de veículos e residências e obrigar a apresentações bissemanais a outros dois, disse fonte da GNR.
A violência doméstica foi o crime contra idosos mais denunciado à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) entre 2021 e 2024, período em que os pedidos de ajuda cresceram 8,5%, revelou hoje à Lusa a responsável no Porto.
O Tribunal de Moura decretou hoje a prisão preventiva do homem suspeito de ter matado a tiro o filho e depois fugido em Amareleja, no concelho de Moura, distrito de Beja, na terça-feira, revelou fonte policial.
A GNR deteve, em apenas quatro horas, 50 condutores nas principais vias de acesso à Área Metropolitana de Lisboa, a maioria por conduzir sob o efeito de álcool, numa ação especial de fiscalização rodoviária, foi hoje anunciado.
Um sismo de magnitude 3,1 na escala de Richter foi sentido hoje no concelho da Povoação, na ilha de São Miguel, informou o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).