A realidade nunca existiu

A Bélgica é dos países europeus em que o fenómeno da islamização mais se faz sentir, mas os «suspeitos do costume» insistem em negar a realidade, mesmo perante os factos.

A capa do Figaro Magazine da semana passada não deixou ninguém indiferente. Na fotografia de página inteira, em primeiro plano, uma jovem muçulmana coberta pelo seu niqab negro, da qual só se vêem os olhos, contrasta com o edifício do Parlamento Federal da Bélgica, em Bruxelas, no qual está hasteada a bandeira nacional belga. A esta imagem de um mundo que se sobrepõe a outro, corresponde exactamente a manchete, que não deixa sombra para dúvidas: «Viagem ao Belgiquistão. Como o islão se impôs na Bélgica».

O dossier central desta edição da conhecida revista francesa baseia-se em vários testemunhos recolhidos no terreno para retratar os vários aspectos desta alteração profunda do tecido social belga. Da «economia islâmica», garantida pelos produtos certificados como halal e por toda uma rede de serviços dominada pelos islamistas, à lógica do clientelismo político e até à formação de partidos confessionais para defender os interesses muçulmanos ao nível local.

A este respeito, um dos entrevistados alerta: «A França devia olhar para o que se está a passar aqui. Estamos na vanguarda, mas não serão poupados a este fenómeno.» Naturalmente, a advertência é extensível aos países europeus em que a população muçulmana mais cresce e o fenómeno tem maior tendência a reproduzir-se. Vindo de Bruxelas, capital da UE, o aviso é mesmo para toda a Europa.

No que respeita à segurança, um investigador da polícia belga afirma que Bruxelas é uma cidade «gangrenada» e que a situação é «catastrófica», deixando um testemunho assustador: «O policiamento local deixou de existir e os controlos tornaram-se praticamente impossíveis de realizar, e o resultado é que são os bandidos que assumem o controlo. Nalguns bairros, as pessoas já não se atrevem a ir buscar a correspondência às suas caixas de correio porque são usadas por traficantes para esconder a droga. Quanto aos políticos, desistiram ou são cúmplices. Durante o Ramadão, pedem-nos para não circular em certos bairros, os que têm uma grande comunidade muçulmana, para não os incomodar. Na polícia os agentes estão agora a tentar negociar horários de oração durante o serviço… É aqui que estamos. Sou avô de cinco meninas e estou preocupado com as minhas netas e com o seu futuro na Bélgica.»

Perante tal tragédia, o receio deste polícia é o que mais nos deve interessar – que país queremos deixar aos nossos descendentes?

Para piorar a situação, toda esta alteração profunda tem um terreno fértil para se desenvolver, nomeadamente as escolas e universidades, além dos media oficiais, coniventes com o discurso islamista e que tudo fazem para combater a chamada «islamofobia» ou a «incitação ao ódio», mesmo cercear a liberdade de expressão.

A reacção da imprensa francófona belga a esta reportagem chocante foi a esperada. Fiéis ao seu anti-racismo militante, que aliás define a sua linha editorial, os jornalistas atacaram os entrevistados e minimizaram a influência do islamismo na Bélgica, louvando o multiculturalismo.

No dia seguinte à publicação desta reportagem assinalou-se o nono aniversário dos atentados de Bruxelas de 22 de Março de 2016, em que bombistas-suicidas islâmicos assassinaram 32 pessoas e feriram mais de 300. A investigação revelaria que a célula terrorista responsável por este massacre havia sido igualmente a organizadora dos atentados de Paris de Novembro do ano anterior…

Sabemos o que aconteceu e não o esquecemos, tal como sabemos como aqui chegámos e para onde não queremos ir; mesmo que os «técnicos da utopia» nos repitam insistentemente que o que está diante dos nossos olhos não existe.

Há uma trágica ironia nesta cegueira voluntária – se continuarmos a negar a realidade, será a Europa que deixará de existir.

Artigos do mesmo autor

Atribui-se a Lenine a máxima «os capitalistas vender-nos-ão a corda com a qual serão enforcados» que, sob diferentes formas, se presta a diversas analogias. É por isso irresistível recordarmos esta frase perante o absurdo a que assistimos actualmente. Em matéria de imigração maciça, flagelo que assola a Europa, França é um dos exemplos gritantes de […]

Figura incontornável da política francesa, tão polémico como corajoso, Jean-Marie Le Pen morreu aos 96 anos. Fiel às suas origens, Jean-Marie Le Pen gostava de recordar que o seu apelido significava «chefe» em bretão e, depois de o sabermos, é irónico ouvir os seus inimigos e detractores a tratarem-no assim. Homem inteligente e político ardiloso, […]

O abuso do sistema de saúde público por estrangeiros é apenas mais uma das portas abertas no assalto generalizado ao nosso país.   O problema não é novo, mas ganhou outra dimensão quando se souberam os números inacreditáveis do abuso do Serviço Nacional de Saúde (SNS) por utilizadores estrangeiros que nada pagam. Recorde-se que, em […]

As escolas francesas homenagearam as vítimas do terrorismo islamista e a questão das consequências da imigração em massa voltou a gerar polémica. A imigração ainda é uma oportunidade para a Europa? No dia 13 de Outubro, o primeiro-ministro francês tornou pública a mensagem: «Com três anos de diferença, quase no mesmo dia, dois professores foram […]

A imigração em massa é um desafio fundamental para os países europeus. Será o referendo a solução? Foi curioso, ainda que não inesperado, ver a reacção de partidos, Presidente da República, opinadores e outros bem-pensantes sobre a proposta do Chega para a realização de um referendo à imigração. À semelhança de outros países europeus, Portugal […]