O Dia de Portugal deveria ser, por excelência, uma ocasião de exaltação positiva da nossa História, da nossa cultura e da nossa identidade.
Mas o que se assistiu em Lagos no passado 10 de Junho foi precisamente o oposto. Apesar do momento solene de homenagem aos antigos combatentes, com um minuto de silêncio, os discursos foram marcados por uma falta de vergonha histórica: reduziram a presença portuguesa no mundo à escravidão e ao saque. Este revisionismo ignora completamente o contributo civilizacional de Portugal e o papel que o país desempenhou na construção de pontes entre continentes, culturas e povos.
Enquanto se deturpa o passado com base em chavões ideológicos, silencia-se a realidade presente. Hoje, em pleno solo nacional, assiste-se ao crescimento de formas modernas de escravidão, tráfico humano, criminalidade violenta e ocupações ilegais — muitas delas protagonizadas por redes criminosas ligadas à imigração descontrolada. Sobre isto, nenhum reparo. Pelo contrário, promove-se um discurso que, em nome de uma suposta “miscigenação generalizada”, tenta apagar fronteiras, identidades e responsabilidades.
É particularmente ofensivo que o Presidente da República, já no fim do seu mandato, venha agora falar de compensações para os ex-combatentes, cinquenta anos depois dos acontecimentos, quando a esmagadora maioria dos que combateram — e muitos dos seus pais — já não estão entre nós. Uma nota, no entanto, merece destaque positivo: A forma calorosa e espontânea como o Presidente André Ventura foi recebido por muitos populares, mesmo perante o bloqueio e a manipulação contínua da comunicação social.
O que se passou em Lagos não foi uma celebração de Portugal, mas sim uma tentativa orquestrada de humilhação da nossa identidade nacional. Contra este revisionismo e contra esta inversão de valores, cabe-nos continuar a afirmar com orgulho aquilo que somos, de onde viemos e para onde queremos ir.