Era uma vez um país. Com tudo para correr bem. Infelizmente não foi isso que se passou. Comemoraram-se recentemente os cinquenta e um anos da revolução do 25 de Abril de 1974. Viu-se a descer a avenida muitos dos beneficiários da terceira república e algozes do país, entre muitos outros cidadãos que genuinamente ainda celebram essa data, seja por convicção, seja por tradição pessoal ou familiar. De entre o que correu bem e o que correu mal, destaca-se o quase sequestro do aparelho de Estado por parte de duas forças políticas, PS e PSD, habituados a fazerem de Portugal a sua coutada ou o seu quintal. Duas forças que actualmente cada vez menos se distinguem nas suas ideias, nas atitudes e nas opções estratégicas. Em cinco décadas fizeram Portugal passar de um país esperançoso no futuro, no geral com alguma fé no novo regime que nascia, para um país cabisbaixo, depressivo, triste e que se afunda mais a cada ano que passa. Basta andar pelas ruas das cidades e vilas de Portugal, para vermos nos olhos dos portugueses que não acreditam no futuro do nosso país.
Um dos principais, o mais fulcral dos objectivos e propósitos de qualquer regime político, deve ser a manutenção da existência e da prosperidade do seu povo. Ora, não foi isso que aconteceu nestas décadas recentes. Assistimos a uma queda abrupta da natalidade, com o consequente envelhecimento da população portuguesa, a um deteriorar das condições económicas do país, acompanhado de uma inflação que se faz sentir sobre todos os sectores, mesmo os mais essenciais, como a alimentação, e no geral uma carestia de vida. Isto levou nas últimas décadas ao emigrar de mais de um milhão de portugueses, muitos deles jovens e altamente qualificados. Houve alguma preocupação efectiva dos sucessivos governos com esta situação premente? Não. Antes pelo contrário! Atacou-se a família, banalizando-se o divórcio, a natalidade, banalizando-se o aborto e outras práticas que aprovaram ou querem aprovar a todo o custo, no âmbito da cultura de morte que defendem, como a liberalização das drogas ou a eutanásia. Além do mais, a falta de acesso a creches e a habitação a preços suportáveis, vem agravar de forma aguda a situação das famílias portuguesas e dos jovens que querem constituir família e que não têm condições para a sua independência económica.
Por outro lado, os sucessivos governos adoptaram uma política imigracionista completamente descontrolada, dados os números avassaladores que têm vindo a lume, e que em escassos anos nos tornaram num dos países europeus com maior percentagem de população estrangeira residente, rondando agora os dois milhões. Em nenhum momento foi perguntado ao povo português se queria a adopção desta política. Sabemos que isto ajuda à manutenção de baixos salários e assistimos ao mesmo tempo a situações paradoxais, como o aumento do desemprego. Recentemente, o governo ainda em funções veio anunciar, como se fosse uma novidade no mundo, a expulsão de alguns milhares de imigrantes ilegais. Apenas risível conversa de propaganda, que não vem atenuar em nada o problema. Continuaremos a estar sobrecarregados pelos fluxos migratórios sem regras e por uma lei da nacionalidade que é irracional.
Era uma vez um país. Que a cada dia ficou mais irreconhecível, totalmente descaracterizado e sujeito ao desleixo. Menos seguro, mais pobre e violento. Ainda vamos a tempo de mudar o rumo dos acontecimentos. A tempo de tomar as decisões necessárias, quiçá duras, mas prementes e imperativas, tendo em mente, apenas e só o bem-estar e o porvir do povo português. Ou era uma vez um país.