A luta dos professores e o Sindicalismo

Escrevo este artigo, fazendo desde já uma declaração de interesses. Sou solidário e revejo-me na luta dos professores, não só por sentir na pele as injustiças pois sou docente, mas também porque são da mais elementar justiça e dignidade as suas reivindicações.

A Dama de Ferro (Margaret Tatcher) ganhou este epíteto por dois episódios nos anos 80 (do século XX), pela sua prontidão e energia durante a Guerra das Falklands (Maldivas para os argentinos) e a sua intransigência durante a Greve dos Mineiros. Os mineiros britânicos estiveram cerca de um ano em greve (março de 1984 a março de 1985) e a Dama de Ferro nem vacilou.

Não recorreu ao exército, para a imposição da Lei Marcial ou Requisição Civil, para a exploração do carvão. Temeu que essa atitude fosse vista como sinal de fraqueza e perder a Opinião Pública que sempre esteve a seu lado. É bom lembrar que o Reino Unido dos anos 80 dependia muito do carvão para produção de eletricidade.

A população esteve sempre ao lado de Tatcher e os britânicos preferiram passar frio e poupar eletricidade a dar razão aos mineiros. As consequências foram o afastamento da esfera do poder do Partido Trabalhista por uma década e a irrelevância política e social para os sindicatos britânicos. O sindicalismo britânico morreu nesse episódio.

Os trabalhistas só chegaram ao poder com uma reestruturação ideológica profunda, a famosa terceira via.
Bem isto a propósito da atual luta dos professores. Temo estarmos perante uma luta semelhante. Há muito que os professores contam com uma Opinião Pública e uma Comunicação Social hostil às suas revindicações. Não perderam só credibilidade quando Miguel Sousa Tavares proferiu a célebre expressão “os inúteis mais bem pagos deste país”, perderam muita credibilidade nos sindicatos que os representam…

Perante isto a Opinião Pública, a Comunicação Social, os Partidos Políticos do sistema (PS e PSD) olham com desdém para os protestos dos professores. Estou em querer que António Costa prefere deixar cair o governo a ceder um milímetro perante as revindicações dos professores. As consequências já se fazem sentir, as matrículas para instituições privadas de ensino, nos grandes centros urbanos, não param de aumentar.

Não será este o interesse dos partidos do sistema (PS e PSD) acabar de uma vez com a Escola Pública?
Mas para além da justa luta dos professores, temos também a luta entre os sindicatos dos professores que para alguns parece já ser uma prova de vida. Nos tempos da “geringonça” parecia que tudo estava bem nas escolas, curiosamente quando o Partido Socialista deixou de precisar do PCP (Partido Comunista Português) e do BE (Bloco de Esquerda), os professores saem para a rua. Até surgiu um novo sindicato dos professores, o STOP, supostamente independente, mas com ligações ao BE e MAS (Movimento Alternativa Socialista). É normal e saudável a ligação entre sindicatos e partidos políticos, o que não é normal é o oportunismo político dos partidos de Esquerda ao usarem os “seus” sindicatos como braço armado na rua.

Será a rua uma coutada dos partidos de Esquerda? A Esquerda só tomou a rua como sua porque a Direita se deixou adormecer nas últimas décadas. As ruas não têm dono, aliás nunca tiveram, logo são de todos. Prova disso foi a presença de deputados do Partido CHEGA nas manifestações de professores. Sabemos que isso incomodou alguns que já não se incomodaram com a presença da Catarina Martins, ainda líder do BE.

É urgente um outro tipo de sindicalismo. Um sindicalismo que esteja mais próximo de todos, que promova uma maior coesão e harmonia social, que não se esconda atrás de uma suposta independência política e que não se envergonhe da sua filiação política. Precisamos de uma central sindical próxima do Partido CHEGA. O CHEGA nasceu na RUA e a RUA estará sempre no seu ADN!

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