18 Abril, 2024

CARTA DE LONDRES

Há circunstâncias, porque intoleráveis, em que a população pode e deve demonstrar o seu descontentamento nas ruas.

Manifestar-se.

Chama-se Democracia.

Chama-se Liberdade.

Mas o Direito à Manifestação não pode ser sinónimo de vandalismo gratuito.

Desordeiro.

Uma outra forma de terrorismo!

Chamo à colação a recente “manifestação”, em Lisboa, contra a Crise na Habitação…

Mas, principalmente, ao vandalismo praticado em consequência, atingindo estruturas de serviço público, como caixas multibanco, por exemplo. Que são de utilidade pública…para todos.

Eu sei da Crise na Habitação.

E consigo, até, reconhecer os perigos da especulação imobiliária. E sei da crise inflacionista. E sei do custo de vida.

E sei dos dois milhões de pobres, hoje, em Portugal.

E dos outros dois milhões em risco de pobreza.

Mas…

Jamais concordarei com o vandalismo gratuito, inconsequente mas manipulado, supostamente em nome de uma “causa”.

Acima de tudo…manipulado!

Nem todos os meios justificam ou podem justificar todos os fins!

Não aceito, por exemplo, que numa manifestação desta índole, sejam exibidos cartazes, na versão “pancarta”, da extrema esquerda radical, em que se lê…

“Morte aos senhorios”…

Não aceito!

Porque considero grotesco.

Acima de tudo, porque considero animalesco.

Propositadamente descontrolado e sem limites.

Propositadamente…repito, porque insisto.

A “Crise na Habitação”…não é de agora, nem é de hoje.

Tem vindo a evoluir e a progredir, sem controlo. Por inércia e por cumplicidade.

E as Autarquias, na sua maioria, nada têm feito, absolutamente nada, para tentar diminuir ou fazer reverter o problema…

E a construção de habitação a custos controlados está parada.

E as centenas de milhares de edifícios públicos abandonados e disponíveis para serem reabilitados…continuam ao abandono…

Já para não referir as dezenas de “residências universitárias” prometidas à exaustão e jamais concretizadas.

Mas, concretamente, o que fez o “Governo” da “geringonça” para tentar resolver o problema da Habitação ou, pelo menos, para o tentar atenuar?

O que foi feito nos últimos sete anos?

Para além da caricata e recente criação do “Ministério da Habitação”…entregue à “moça das fotocópias”, desta forma alcandorada a “menistra”…

Aliás, posso acrescentar…onde estiveram muitos, senão todos, os “profissionais da agit-prop”, nos últimos sete anos e que, agora, vieram para a rua partir tudo?

Onde estiveram as espanholas, as italianas e as brasileiras que, hoje, vêm para a rua gritar…”Morte aos senhorios”?

Onde estiveram os “colectivos”, ditos “grupos não formais”, como a “abolir jatos” ou o “colectivo mulheres negras escurecidas” ou a “rede afrolink” ou, até, as “recostureiras”…apenas para citar alguns dos exemplos…Onde estiveram???

O Governo, porque socialista, “acolitado” pelas “beatas dos directórios” partidários dos comunistas e da extrema esquerda radical, acompanhados pelos ditos “colectivos”, mantinham-se em silêncio porque convinha “ordenhar as tetas do Poder”…

“Agora não convém falar nisso”…segredava-se nos corredores do Poder socialista e afins. E a “ordem” espalhava-se, produzida pelo “ministério da propaganda”…

Mas os tempos mudaram…

Agora a “geringonça” estourou.

E o PC precisa de tentar recuperar na rua alguma da influência de outrora. Que a Festa do Avante não consegue alimentar. E o poder sindical se esvai de dia para dia.

E a extrema esquerda radical, precisa de tentar recuperar as centenas de milhares de votos perdidos…e sabe que sobrevive mais e melhor e alastra, até, no conflito, na crise, no caos…acantonada e asfixiada que se encontra, à direita pelo PCP e à esquerda pelo “Livre” e afins, a que o PAN nem sempre está isento…

Continuo a defender o direito à manifestação na rua.

Até porque as ruas não podem continuar a ser e estar reféns das esquerdas.

Mas as ditaduras, nas quais incluo a ditadura do “poder popular”, não podem continuar a conseguir manter reféns as gentes…pelo medo!

Manuel Damas

Manuel Damas

Folha Nacional

Ficha Técnica

Estatuto Editorial

Contactos

Newsletter

© 2023 Folha Nacional, Todos os Direitos Reservados