10 Maio, 2024

A influência das políticas atuais no emprego jovem

Como é possível a geração mais qualificada que este país já viu (pelo menos em algumas áreas) não conseguir trabalho na sua área com condições equivalentes às suas qualificações?

Antes de pensarmos em responder a esta questão devemos abordar primeiro outras questões que estão direta e proporcionalmente ligadas a esta temática.

Dentro do tópico trabalho jovem há vários fatores envolvidos e até outros problemas a nível nacional que influenciam negativamente os jovens no que toca à procura de trabalho, incluindo a convergência de interesses nas mesmas áreas de estudo e trabalho, as condições de trabalho desproporcionais aos estudos e experiência, a alta taxa de desemprego jovem, a falta de interesse em áreas de produção/setores primário e secundário que estão carentes de trabalhadores no país, e a cultura do anti trabalho.

Creio que não é preciso um estudo muito aprofundado para percebermos que, apesar de ser bom termos cada vez mais jovens com interesse em estudar e prosseguir para os estudos no ensino superior, este padrão torna-se problemático a partir do momento em que os interesses dos jovens desta geração convergem no que toca às áreas de preferência. E como bem sabemos, nem todos podemos ser doutores. Os jovens procuram cada vez mais cursos que lhes tragam saídas profissionais que proporcionam, supostamente, mais estabilidade financeira e progressão na carreira sem terem de se esforçar muito em trabalhos fisicamente mais exigentes, e esquecem-se que ao pensarem todos assim o mercado acabará por ficar saturado, não conseguindo ter vagas para tantos candidatos. Com um conjunto de vagas limitadas, e candidatos até dizer chega, as empresas escolhem os melhores candidatos, e algumas aproveitam-se da situação para reduzir salários e condições de trabalho, obtendo assim mais lucro.

Até agora podemos ver que o problema está na falta de diversidade nos interesses dos jovens, o que causa uma saturação no mercado, obrigando os jovens a optar por uma das três opções: escolher outra área com deficiência de trabalhadores, migrar para outro país para exercer a sua profissão, ou acabar no desemprego. Mas porque será que os jovens já não acham profissões essenciais do setor primário e secundário atrativas?

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Eu creio que esta falta de identidade pessoal está relacionada com estas novas ideias absurdas da agenda globalista que andam a impingir desde cedo aos jovens, como se tivéssemos de ser todos iguais para nos encaixarmos nos rótulos da sociedade. Dizem- nos que apenas se formos CEO’s de uma empresa, ganharmos milhares por mês, tivermos uma vida solitária nos centros urbanos, e não tivermos o “peso” de uma família atrás é que somos considerados bem sucedidos. Também o egocentrismo e a preguiça crescentes nos jovens têm feito com que estes se preocupem mais com o seu nariz do que com o desenvolvimento, produtividade, poder e imagem da sua pátria, mantendo sempre no pensamento o lema “quanto menos fizer e mais ganhar melhor para mim”.

Pondo de lado agora este grupo de jovens que estudam mas não conseguem emprego na sua área de trabalho, vejamos a situação de outro grande grupo de jovens. São eles os jovens que não gostam nem de estudar nem de trabalhar, designados como os “nem-nem”, e que preferem ficar a vida toda a tentar enganar o sistema de atribuição de subsídios a fim de ficarem a sobreviver dos mesmos, ou seja, desempregados. Este é um conjunto de jovens que graças à crescente cultura do anti trabalho (que nos quer fazer acreditar que trabalhar, servir a nossa família e o nosso país é mau) e da maior dependência do Estado através dos subsídios, faz com que, em muitos casos, compense que um jovem adulto saudável sem ambições de vida fique em casa dos pais a receber subsídios que, em vários casos, são até superiores ao salário mínimo, que estes ganhariam em qualquer trabalho por não terem mais qualificações, como cursos superiores, profissionais, ou até mesmo o 12°ano, que muitos nem concluíram. A juntar aos jovens “nem-nem”, juntam-se alguns dos que não foram bem sucedidos na procura de trabalho na sua área e se rendem aos subsídios, ficando estes também à mercê do Estado.

Portanto, atualmente, atingimos a rutura, as taxas de desemprego, subsidiodependência e migração jovem são elevadíssimas, os setores primário e secundário precisam urgentemente de trabalhadores, não havendo candidatos estes vêem-se forçados a importar mão de obra pois os jovens não têm interesse em operar nestas áreas, e aparentemente nem o Estado tem interesse em atrair os jovens para estas profissões. Todos estes problemas supramencionados só vão facilitar ainda mais a desertificação do interior do país que ainda alberga alguma população e contribuirão

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também para um decréscimo mais acentuado do número de nascimentos de bebés portugueses.

Exposto tudo isto, acredito vivamente que a culpa é tanto de quem faz a lavagem cerebral aos jovens durante o seu desenvolvimento e formação, não lhes permitindo desenvolver a sua identidade enquanto seres humanos, arriscar e seguirem de facto os seus verdadeiros sonhos sem medo de afirmarem as suas ideias e objetivos, portanto, o Estado e todos os subordinados que entram no jogo, tanto como dos pais que abdicaram dos seus direitos de criar e educar os seus filhos colocando-os à mercê deste Estado doente e, infelizmente, dominado pelo sistema.

Sofia Giro

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