10 Maio, 2024

Sindicato dos Enfermeiros: Diploma das USF “nas mãos” dos profissionais

O Sindicato dos Enfermeiros avisou hoje o Ministério da Saúde que o novo diploma das Unidades de Saúde Familiar só produzirá efeitos se os enfermeiros aderirem ao projeto, disse à Lusa o presidente da estrutura sindical.

© D.R

secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, reuniu-se hoje com o Sindicato dos Enfermeiros (SE) e com o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) no âmbito das negociações sobre o novo regime jurídico de organização e funcionamento das Unidades de Saúde Familiares.

No final da reunião suplementar pedida pelo Sindicato dos Enfermeiros, o presidente do SE, Pedro Costa, afirmou que “o Ministério da Saúde mantém-se irredutível” em relação às propostas feitas pelo sindicato e lamentou que a reunião tenha sido “mais uma audição do que propriamente uma discussão para alteração do diploma”.

“Mantém-se tudo igual, o Ministério vai publicar o diploma. Diz-nos que pode haver alterações, nomeadamente a nossa reivindicação de suplementos remuneratórios, mas não tivemos acesso a qualquer informação”, disse Pedro Costa, criticando a intenção do Governo de “publicar um diploma que não foi negociado com os sindicatos e que será aprovado com alterações que nem sequer foram dadas a conhecer às estruturas sindicais”.

“Com esta intransigência, e se nada de substantivo mudar, acreditamos que a nova lei das USF está condenada ao fracasso ainda antes de ser promulgada pelo Presidente da República e colocada no terreno”, alertou, sublinhando que este diploma “não contribui para valorizar a carreira e a formação nem para dignificar a profissão”.

Mas, relatou, “avisamos o senhor ministro [da Saúde] e o senhor secretário de Estado de que o diploma só produz efeitos se os enfermeiros aderirem ao projeto, ou seja, estamos a falar de um regime voluntário e por convite. Se não houver adesão dos enfermeiros, o diploma não sai do papel”.

Pedro Costa advertiu que os enfermeiros deverão tomar uma “posição de força” quando for conhecida a versão final do diploma porque, defendeu, “a reforma dos cuidados de saúde primários não pode passar de um grande remendo”.

O vice-presidente do Sindepor, Fernando Fernandes, também lamentou à Lusa que a tutela não tenha apresentado o documento final aos sindicatos.

“Embora o projeto de diploma das USF esteja ainda em revisão, não nos apresentaram a versão final. Dá-nos a sensação que se ficou aquém das nossas expectativas e, digamos, que a montanha pariu uma formiga”, ironizou Fernando Fernandes.

Neste momento, defendeu, “temos que ver a versão final porque havia determinados pontos que ainda estavam em análise por parte do Governo e agora, perante aquilo que nos foi apresentado na última sexta-feira, provavelmente os enfermeiros e os sindicatos irão reagir com formas de luta”, que ainda não foram definidas.

“Só espero que não surja nenhuma pandemia para o Governo dar valorização aos profissionais de enfermagem. Porque na altura da pandemia, toda a gente reconheceu o valor e o trabalho e o desempenho dos enfermeiros, passou a pandemia, esqueceu-se, meteu-se para dentro da gaveta e os enfermeiros já não precisam de ser valorizados nem recompensados pelo seu esforço”, disse o sindicalista.

Para Fernando Fernandes, a população portuguesa e o Serviço Nacional de saúde perderam uma oportunidade de ser rever um diploma com 17 anos, uma vez que as alterações feitas foram de “muito pequena monta”.

Agência Lusa

Agência Lusa

Folha Nacional

Ficha Técnica

Estatuto Editorial

Contactos

Newsletter

© 2023 Folha Nacional, Todos os Direitos Reservados