Quintus Horacius Flaccus

Quando em 1964 entrei à Porta de Armas da Academia Militar na Amadora dei com o lema que me seduziu toda a vida.

 

 Vindo do Colégio Militar onde outro lema era constituído por seis simples letras – SERVIR que foram a base da minha educação e que para mim significavam, segundo o conceito bíblico, ajudar os que necessitam, fiquei impressionado com o significado da mensagem. ”DULCE ET DECORUM EST PRO PATRIA MORI”, É doce e decoroso morrer pela Pátra. Procurei pelo autor e depressa dei com Quintus Horacius Flaccus, poeta e filósofo romano, nascido 65 anos antes de Jesus Cristo e mais facilmente reconhecido como HORÁCIO um dos mais velhos filósofos da velha Roma.

O que afinal quero eu dizer do alto dos meus 76 anos? Do alto desta velhice e quando assisto a acontecimentos que me magoam, que são contra o que aprendi na vida e que pervertem leis e dogmas que me foram ensinados como sustento de uma educação longe da espartana mas sempre dura e bem próxima do bom comportamento e da decência de atitude. 

Sou veterano de guerra do ultramar em Moçambique, para onde parti como voluntário ao serviço da Força Aérea. Defendi como melhor pude e sabia território que considerava solo pátrio e como província ultramarina. Jamais me esqueci do que fiz, das gentes com que lidei, dos inimigos com que lutei e da magnifica terra que defendi.

Disseram-me depois que estava enganado, que o povo que combati estava farto de nós e do colonialismo e que se queria libertar. Nunca acreditei em tal e continuo convicto de que as soluções encontradas pelos políticos de ambas as partes poderiam ter sido outras. Que as verdadeiras razões da guerra do ultramar foram as dos países como os EUA, URSS e CHINA com o seu habitual cinismo e imperiais interesses, sempre acharam um verdadeiro exagero o império tamanho de um pequeno país como Portugal. A juntar a isto, apenas a adição de políticos, na sua maior parte oportunistas, que aproveitaram a ocasião. 

Quanto aos povos “libertados”, basta olhar para eles agora que muitos anos passaram sobre o abandono dos “colonos”. Alvos de guerras, fartos de opressão, invadidos por fanáticos assassinos e com o povo sofrendo como nunca sofreu. Sem uma única infraestrutura digna desse nome contruída após a “retirada colonialista”, perderam indústrias florescentes, deixaram apodrecer cidades, aeroportos e portos desenvolvidos e condenaram o povo a uma indigência sem solução. Em contrapartida, formaram “gangs” e famílias milionárias bem de frente com a miséria dos seu povos. Valeu a pena? Estarão os portugueses e os “libertadores” satisfeitos com o que fizeram? Estarão os políticos contentes com os resultados?

Hoje temos outro povo por aqui, outras políticas e outras guerras mas o cinismo, a falta de valores e de respeito continua latente por de entre os portugueses. Na SIC NOTÍCIAS e no dia 1 de Outubro pelas 14H20, um jornalista falava das homenagens que decorreram na capital Ucraniana em memória dos combatentes que DERAM A VIDA, pasmem(!), PELAS FORÇAS ARMADAS????? Julgava que tivessem dado as suas vidas pela UCRÂNIA e este jornalista veio dizer-me que não. Espantoso, não é? E não me venham com desculpas de mau pagador por que jornalistas apenas têm de ler o que lhes vem escrito por “fazedores de notícias” sem cuidado ou de “propositado e tendencioso cuidado”.

Um dia destes, virão dizer que eu fui para a guerra enviado pelas forças armadas. Que muitos portugueses morreram pelas forças armadas e que por isso é que os sucessivos partidos que dividiram o governo desde a vergonhosa retirada ultramarina, optaram por destruir as forças armadas e a exporem o povo a um grau de defesa indigente e que mais tarde ou mais cedo trará graves problemas a Portugal.

QUINTUS HORATIUS FLACCUS, o velho filósofo romano fez-me acreditar que “seria doce e decoroso morrer pela pátria”. Durante muitos anos acreditei na mensagem. Hoje não acredito e tenho por certo que não daria o que me sobra de vida pelos que cá andam dizendo que servem Portugal. 

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