Este nosso momento

O legado do socialismo é, efectiva e inquestionavelmente, um de problemas. Em primeiro lugar, problemas estruturais, que nos afectam há muitos anos e entre os quais podemos destacar os baixos rendimentos da população, o PIB que nos envergonha, a reduzida produtividade, a Justiça tardia e fraca, a corrupção galopante, o endividamento externo, a carga fiscal asfixiante, os serviços públicos delapidados e o notório atraso relativamente à Europa, onde continuamos a ser ultrapassados, incluindo por países que entraram depois de nós e que estavam atrás de nós no momento da sua adesão.

A estes problemas estruturais juntam-se os conjunturais (tais como os criados pela crise pandémica, pela crise energética e pelos conflitos na Ucrânia e em Israel) e, por fim, os problemas que estão intrinsecamente associados ao socialismo, pois a verdade é que não se conhece um único país socialista que seja rico, próspero, digno e justo, facto que passou muito ao lado de um número infeliz de portugueses, que escolheram o PS para governar vinte e dois dos últimos vinte e oito anos, ou seja, quase oitenta por cento da história mais recente da nossa Democracia.

Tudo isto tem sido habilmente envolvido por uma camada espessa e opaca de discursos propagandísticos, intervenções insipientes, declarações inócuas e uma patranha sem fim de boas intenções que anunciam, à boca cheia, os sonhos da Esquerda, as virtudes das suas ideias puras, a sua crença na fraternidade de um mundo melhor e o seu apelo das massas para a luta. Porém, lá no fundo, todos estes expedientes já não conseguem disfarçar que, para essa mesma Esquerda, as pessoas são meros acessórios e quem verdadeiramente manda neste país colocado a saque são os carreiristas, os corruptos, os chefes de aparelho e a longa lista de interesses e negociatas a eles associada.

Quando tomamos consciência da incompetência gritante que, pelas mãos de um PS corrupto e de um PSD sem identidade, tem devastado as nossas finanças e desgastado as nossas instituições, percebemos porque é que a Saúde colapsou e os doentes ficam abandonados nas salas e nos corredores, porque é que a Educação está num caos e a escola pública entregue ao facilitismo e à indigência debilitante, porque é que a habitação é um somatório de boas intenções e há cada vez mais portugueses a morar em tendas, dentro das nossas cidades, porque é que exportamos os nossos melhores quadros e importamos descontroladamente quem quer viver à custa do Estado, porque é que as pessoas incómodas são perseguidas e porque é que, ao mesmo tempo que o governo apresenta lucros extraordinários, resultantes de uma carga fiscal asfixiante, os cidadãos de bem empobrecem pois trabalham apenas para alimentar os luxos de quem manda e a subsidiodependência de quem nada quer fazer.

É esta a Esquerda que temos – a dos camaradas, a dos amanhãs que cantam (mas que nunca chegam), a das declarações de princípios, a dos planos a trinta anos, mas também aquela que, sem vergonha na cara, nos roubou o pão, a dignidade, a decência e o futuro. Mas é também esta a realidade de certa Direita – a desvalida, a que se autoexcluiu da realidade dos factos, a deserdada de um freio moral, a desprovida de uma matriz, mas também aquela que, sem norte nem noção, assumiu como única missão criar uma cerca política ao único partido que ainda pode salvar Portugal.

E é entre as teimosias dessa Esquerda e os caprichos dessa Direita que nos encontramos, percebendo, a cada dia que passa, que o que sobra para o futuro é angustiante. Mesmo assim, é sobre nós que recai a inadiável missão de defender o valor do trabalho, a centralidade da família, o dever da moralidade e da transparência na gestão da Causa Pública, a protecção dos mais frágeis e a determinação de contruir um presente e um futuro melhor para todos. É muito nosso este momento e sei, com toda a certeza, que não falharemos este nosso encontro com a História.    

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