Segundo alguns participantes na reunião do executivo – o mais pequeno dos últimos anos, com apenas 11 elementos, além do primeiro-ministro, Gabriel Attal, e do próprio Presidente -, Macron disse esperar um Governo de ação.
De forma clara, o chefe de Estado francês pediu aos seus ministros que sejam mais “revolucionários” que “gestores”, uma mensagem para que a ação seja a chave nos próximos meses.
Com este Governo de elevado perfil político, em comparação com o anterior, que era mais técnico, Macron pretende reconquistar a opinião pública, para recuperar dos mais baixos níveis de popularidade que já registou.
O primeiro barómetro para avaliar isso serão as eleições europeias de junho próximo, cujas sondagens são lideradas pela direita radical, a seis meses de distância.
A ordem do Presidente foi rapidamente posta em prática pelos ministros que, durante a tarde, iniciaram logo deslocações: Attal e a nova ministra da Educação e Desportos, Amélie Oudea-Castera, foram visitar um colégio, e o novo chefe da diplomacia, Stéphane Séjourné, voou para Kiev, onde se reunirá com o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O ministro do Interior, Gérard Darmanin, por sua vez, visitou uma esquadra de polícia e tentou dissipar dois rumores: que se opôs à nomeação de Attal para liderar o Governo e que manteve relações tensas com a nova titular da Cultura, Rachida Dati, com quem partilhou durante anos a militância em Os Republicanos, o partido da direita conservadora francesa.
O responsável da Defesa, Sébastien Lecornu, anunciou a encomenda de 42 aviões de combate Rafale, a primeira que França faz em 15 anos.
Assim começou um novo capítulo do mandato de Macron que, no discurso de Ano Novo, prometeu dar um novo impulso à sua política.
O Presidente francês dirigir-se-á ao país na próxima semana, numa data ainda não especificada. Alguns dias depois, Attal comparecerá no parlamento, com a tarefa de fazer avançar os projetos governamentais, apesar de precisar de maioria absoluta para a respetiva aprovação, o que o obrigará a estabelecer acordos com outras formações.
Tentar conquistar a direita mais moderada parece o melhor caminho, o que explicaria a nomeação de Rachida Dati – ex-ministra da Justiça no mandato presidencial de Nicolas Sarkozy (2007-2012) – para a Cultura e de Catherine Vautrin, que ocupou várias pastas governamentais durante a Presidência de Jacques Chirac (1995-2007), para um megaministério que inclui o Trabalho, a Saúde e a Solidariedade.
O novo executivo é visto como uma viragem à direita por Macron, que afastou os representantes da ala mais progressista do seu partido, o liberal Renascimento.
Alguns deles, como o até agora porta-voz do Governo, Oliver Véran, ou a titular da Cultura, Rima Abdul Malak, afirmaram ter agora recuperado a sua liberdade de expressão, um alerta sobre uma possível fratura da família ‘macronista’.
Macron nomeou na quinta-feira os seus ministros, com apenas quatro novidades, mas espera-se que na próxima semana reforce o Governo com ministros-adjuntos e secretários de Estado, momento em que poderá equilibrar a viragem à direita desta primeira leva de nomeações.