O Caso Camarate e as Testemunhas abatidas

Dois casos insólitos de testemunhas do Caso Camarate que foram abatidas e de que ninguém fala. Falo eu!

O primeiro caso é o do Engº José Moreira e sua companheira Elisabete Piedade encontrados mortos em casa deste, no corredor, no dia 4 de janeiro de 1983, a dois dias de prestar depoimento perante a II CEIAC.  Coincidência? Vem a PJ concluir que o casal fora vítima de um vulgar acidente de gás de esquentador enquanto mantinham relações sexuais.

Os exames histológicos aos pulmões de ambas a vítimas revelaram a ruptura dos septos dos alvéolos pulmonares e isso, segundo os médicos, era a prova inequívoca que que tinham sido administrado gás sob pressão nas vitimas. Porque se fosse por inalação não rompia os septos. À semelhança com o que se fez com Camarate, as autoridades pura e simplesmente nada fizeram para descobrir a verdade. 

Quis o destino que o médico responsável pela autópsia fosse o mesmo que realizou as autópsias a Sá Carneiro e às restantes vítimas. Mas o mais incrível é que este médico só teve conhecimento do resultado das autópsias ao casal… em 1986, quando depôs perante a III Comissão. Fartou-se de dizer que não se tratou de um mero acidente, mas ninguém lhe deu ouvidos. De frisar que o Engº José Moreira era o proprietário do Cessna que vitimou o primeiro ministro e os outros ocupantes.

Também se verificou que nenhuma torneira estava aberta e, por conseguinte, o esquentador não disparou, pelo que não podia haver má queima, única possibilidade de produzir monóxido de carbono, uma vez que o gás utilizado era butano e não gás da companhia. E mais. O nariz partido do Engª, sangrando abundantemente, encharcando o chão, não era indício suficiente para as autoridades?

Ou seja: As vítimas acendem o esquentador para tomar banho mas esquecem-se de abrir a torneira; Mesmo assim o esquentador dispara e por má queima, contamina o ar durante duas horas; Apesar de não haver água, elas tomam banho; Enxugam-se mas toalhas estão secas; decidem então ter relações sexuais à porta da casa de banho sob uma alcatifa rugosa que causa nas vítimas vária escoriações, enquanto têm uma cama mesmo ao lado; O Engº, no “entusiasmo” bate com o rosto com tal força que provoca o afundamento do maciço facial; a abundante hemorragia não diminui o ”entusiamo sexual” colocando uma toalha a aparar o sangue. O casal morre simultaneamente após ingerir uma dose mínima de monóxido de carbono que não chega sequer para causar dor de cabeça. Apesar das janelas estarem hermeticamente fechadas não se consegue sentir qualquer cheiro a gás. Insólito?

Outro caso estranho é o caso do jornalista da TVI Miguel Ganhão Pereira, que dedicou a sua vida profissional a investigar o caso Camarate. Depois de calmamente estacionar o seu veículo na ponte 25 de Abril, no sentido Norte-Sul, atira-se da ponte abaixo no dia 4 de Dezembro de 2000, pelas 22h15m. Exatamente 20 anos depois, no mesmo dia e mês da morte de Sá Carneiro atirando-se de uma ponte que é um símbolo literal muito forte associado à Revolução e por consequência ao caso de Camarate.

Porque se quereria suicidar um jornalista bem sucedido, com uma filha acabada de nascer? Até amigos próximos demonstraram total perplexidade pelo facto do jornalista desejar morrer nesta altura da sua vida, sobretudo através de um suicídio tão dramático e desesperante

A investigação completa e reveladora que ele realizava desde 1995 sobre Camarate e que resultou numa mini-série de reportagens extremamente analíticas da TVI sobre este crime, em que muitas verdades inconvenientes foram reveladas, poderá ter estado na origem deste fim trágico. 

O motivo parece ter sido escondido, abafado, dissimulado da imprensa e dos noticiários. E hoje, quase nada consta de Miguel Ganhão Pereira, nem fotografias suas na internet para além da notícia resumida da sua morte do Jornal Público, que foi repetida por igual em quase todos os jornais como se de um fax da Agência Lusa se tratasse. Até o seu funeral, filmado pela TVI tentaram apagar por via legal, já na época (agora apagado).

Estranho?

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