Queremos a verdade, doa a quem doer!

Tempos difíceis estes, em que certos políticos e cidadãos querem impedir a descoberta da verdade sobre uma eventual cunha milionária. Pelos vistos, há cunhas boas e cunhas más, dependem de quem se quer proteger.
Sim, é isso que está aqui em causa. Não é a mãe das gémeas, nem o tratamento que as meninas tiveram acesso. É, sim, descobrir se houve ou não intervenção política, se há ou não responsabilidades de governantes, no acesso à obtenção da nacionalidade, ao SNS e ao medicamento Zolgensma, que custa a módica quantia de 2 milhões de euros. Não sabemos, ainda, se foi praticado algum crime ou se será possível apurar responsabilidades, mas temos a certeza que os factos conhecidos são mais do que suficientes para se investigar.
Sabemos, porque os próprios já o confirmaram: que Nuno Rebelo de Sousa remeteu um email ao seu pai, o Presidente da República, dando indicação que estava a ajudar uns conhecidos, com o processo de nacionalidade das filhas e que agora precisava de ajuda com o acesso a cuidados de saúde. Sabemos, também, que posteriormente foi remetido ofício para o Chefe de Gabinete do Primeiro-Ministro que seguiu para o Ministério da Saúde. Coincidência das coincidências, um ou dois dias depois, aparentemente, a consulta das meninas foi marcada pela secretária do Secretário da Saúde.
Os respetivos responsáveis políticos negam quaisquer responsabilidades, dizendo que não foram eles que pediram nada: afinal de contas, primeiro foi o assessor, depois o Chefe de Gabinete e depois a secretária.
É preciso agora ouvir os intervenientes, consultar os documentos, perceber o que aconteceu ou não aconteceu, mas uma coisa é certa: temos que apurar a verdade! Não se brinca com o dinheiro dos contribuintes, não se atribui vantagens a pessoas porque são amigas de certas personalidades, não se passam pessoas à frente nos serviços, principalmente, num país com tantas carências na área da saúde, onde há falta de profissionais, onde há urgências fechadas e listas infindáveis para se marcar uma simples consulta. É nosso dever enquanto deputados, assegurar transparência, exigir respeito e acima de tudo, procurar a verdade, doa a quem doer!

 

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