Hungria inicia consulta aos cidadãos sobre Rússia e imigração

O Governo húngaro iniciou hoje um inquérito no qual pergunta aos seus cidadãos se defendem a guerra económica com a Rússia e se apoiam uma alegada introdução de imigrantes em vez de um plano húngaro de promoção da natalidade.

© Facebook / Viktor Orbán

Nesta nova “sondagem nacional” não vinculativa, intitulada “A Hungria pode fazê-lo”, afirma-se que é importante que o país “aspire à neutralidade económica e não se junte à guerra fria comercial ditada por Bruxelas” contra países como a China ou a Rússia.

Estes inquéritos são um instrumento político do Governo do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, para justificar as suas políticas.

O Governo já realizou catorze inquéritos desde 2010 sobre questões como a restrição da migração ou a defesa da família tradicional.

As perguntas colocam as posições do Governo como uma realidade incontestável, com duas respostas possíveis: uma que apoia a tese oficial, formulada de forma positiva, e uma alternativa, geralmente atribuída a Bruxelas, mais negativa.

“Bruxelas lançou uma guerra comercial contra os países de Leste, sobretudo a China e a Rússia. Na sua opinião, todos os países da UE devem aderir às políticas de sanções anunciadas e às medidas comerciais punitivas, mesmo que isso prejudique a sua economia”, lê-se na primeira pergunta.

Esta pergunta afirma que o Governo defende a neutralidade económica e que, assim, conseguirá um crescimento económico acima da média da UE.

Após esta introdução, são dadas duas opções possíveis: “A neutralidade económica é necessária” e “A guerra comercial é justificada e a Hungria deve aderir”.

As perguntas seguintes abordam vários programas anunciados pelo Governo em matéria de independência económica, apoio às Pequenas e Médias Empresas (PME), aumentos salariais, créditos para jovens trabalhadores ou diferentes subsídios.

Na penúltima pergunta, o questionário afirma que a resposta de Bruxelas à diminuição da população passa pela imigração, enquanto a resposta de Budapeste consiste em conceder benefícios fiscais às famílias húngaras com filhos e pede aos cidadãos, sem mais contexto, que digam qual destas opções preferem.

A consulta termina com críticas a Bruxelas devido a uma multa de 200 milhões de euros imposta pelo Tribunal de Justiça Europeu por não ter cumprido uma decisão que obrigava o país a garantir aos requerentes de asilo o acesso aos procedimentos legais.

“A punição é ultrajante e a Hungria tem o direito de optar por não receber e distribuir migrantes” e “a Hungria também deve adotar a política de migração de Bruxelas” são as respostas do questionário sobre o assunto.

Últimas de Política Internacional

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou hoje “medidas enérgicas” contra os colonos radicais e seus atos de violência dirigidos à população palestiniana e também às tropas de Israel na Cisjordânia.
A direita radical francesa quer que o Governo suspenda a sua contribuição para o orçamento da União Europeia, de modo a impedir a entrada em vigor do acordo com o Mercosul.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, afirmou hoje que Teerão não está a enriquecer urânio em nenhum local do país, após o ataque de Israel a instalações iranianas, em junho.
O Governo britânico vai reduzir a proteção concedida aos refugiados, que serão “obrigados a regressar ao seu país de origem logo que seja considerado seguro”, anunciou hoje o Ministério do Interior num comunicado.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou hoje uma reformulação das empresas estatais de energia, incluindo a operadora nuclear Energoatom, que está no centro de um escândalo de corrupção há vários dias.
A China vai proibir, temporariamente, a navegação em parte do Mar Amarelo, entre segunda e quarta-feira, para realizar exercícios militares, anunciou a Administração de Segurança Marítima (MSA).
A Venezuela tem 882 pessoas detidas por motivos políticos, incluindo cinco portugueses que têm também nacionalidade venezuelana, de acordo com dados divulgados na quinta-feira pela organização não-governamental (ONG) Fórum Penal (FP).
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, vai na quinta-feira ser ouvido numa comissão de inquérito parlamentar sobre suspeitas de corrupção no governo e no partido socialista (PSOE), num momento raro na democracia espanhola.
A Venezuela tem 1.074 pessoas detidas por motivos políticos, segundo dados divulgados na quinta-feira pela organização não-governamental (ONG) Encontro Justiça e Perdão (EJP).
Na quarta-feira, o primeiro governo liderado por uma mulher em Itália cumpre três anos de mandato (iniciado a 22 de outubro de 2022).