Ex-mineiros de urânio alertam em Boticas para impacto de mina a céu aberto

Antigos mineiros de urânio alertaram para as consequências de uma mina a céu aberto no ambiente e na saúde hoje, em Covas do Barroso, Boticas, onde se juntaram à luta da comunidade contra a exploração de lítio.

© D.R.

A iniciativa simbólica levou cerca de 50 ex-mineiros e suas famílias à aldeia do norte do distrito de Vila Real, onde deixaram uma faixa com a mensagem “Associação dos ex-Mineiros das Minas de Urânio (ATMU) em solidariedade com o povo de Covas do Barroso – não às minas de lítio”.

“Sabemos o que é uma mina a céu aberto”, afirmou à agência Lusa, António Minhoto, presidente da associação criada em 2010 e tem que tem sede nas minas da Urgeiriça, no concelho de Nelas (Viseu).

O responsável disse que a exploração de lítio prevista para o concelho de Boticas “não vem ajudar em nada esta região” e justificou com a exploração a céu aberto, a dimensão da mina, os métodos de exploração, as várias frentes de trabalho, as poeiras, e os “reflexos brutais” nas águas e nascentes.

A paisagem, acrescentou, vai ser destruída.

“A ATMU é uma associação de direitos humanos e não pode ficar indiferente, não pode deixar que aconteça o que já aconteceu. Ao fim de destruírem tudo isto, não vai ser reposto e temos o exemplo nas minas de urânio, não repuserem, é minimizado. É sempre a questão de minimizar os efeitos, nunca é reposto”, salientou.

Nélson Gomes, presidente da associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB), agradeceu a solidariedade demonstrada pelos antigos mineiros e destacou a importância do seu testemunho.

“Vieram cá mostrar solidariedade e partilhar connosco a visão que eles tiveram do que foi a mineração na Urgeiriça. Todos os impactos que houve, quer a nível do ambiente, quer na saúde das pessoas e onde ainda hoje há consequências com, por exemplo, a contaminação de terrenos”, referiu.

E esta partilha, salientou, “mostrou o que espera” ao povo de Covas com a mina a céu aberto, que a Savannah Resources quer explorar, e veio reforçar o motivo da luta contra a mina que tem uma área de concessão de mais de 500 hectares.

“Viemos aqui transmitir a esta gente que podem contar connosco e que devem lutar porque a sustentabilidade da região não é assegurada pelas minas que ao fim de 10, 15 anos deixam tudo destruído e onde a grande riqueza depois já não existe”, referiu António Minhoto.

Neste momento, a prospeção em Covas do Barroso está parada em consequência de uma providência cautelar interposta por proprietários de terrenos abrangidos pela servidão administrativa emitida pelo Governo e que suspendeu os trabalhos da Savannah até uma nova decisão do tribunal.

A ida da ATMU ao Barroso incluiu ainda uma paragem nas Minas da Borralha, no concelho de Montalegre, e está inserida num roteiro por áreas mineiras do país com vista à preparação do 3.º congresso da associação, que se irá realizar entre 23 e 25 de maio e discutir temas como a história das minas, cultura e saúde.

As minas da Borralha, na freguesia de Salto, abriram em 1902, encerraram em 1986 e chegaram a ser um dos principais centros mineiros de exploração de volfrâmio em Portugal.

Entretanto, em 28 de outubro de 2021 foi assinado o contrato de concessão para a exploração de volfrâmio e de outros minerais com a empresa Minerália.

“Depois de 1986 abandonaram os trabalhadores, foi aqui abandonado todo o couto mineiro, não foi recuperado, ficou tudo a monte, ficou a mina, os seus inertes, toda a sua poluição está aqui por resolver. Nós vimos cá também porque entendemos que os ex-mineiros portugueses nunca foram acompanhados e apoiados”, realçou António Minhoto.

O responsável lembrou que, com a sua luta, a ATMU conseguiu direitos para os ex-mineiros de urânio, nomeadamente na saúde, com o designado programa de intervenção para os mineiros.

“Achamos que esse programa deve ser alargado a todos os mineiros portugueses, porque eles foram obviamente prejudicados na saúde”, frisou o presidente da associação.

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