Um quarto dos utentes desconhece prazos legais para consultas e exames no SNS

Cerca de um quarto dos inquiridos num estudo da Deco desconhece que existem prazos legais para ter a primeira consulta hospitalar e realizar exames no SNS e 41% afirmam que seu estado de saúde piorou enquanto aguardavam atendimento médico.

© D.R.

Divulgado no Dia Mundial da Saúde, assinalado hoje, o estudo da associação de defesa do consumidor foi realizado em novembro de 2024 e avaliou o tempo de espera por consultas de especialidade e exames complementares de diagnóstico e terapêutica, tendo, para isso, inquirido 942 utentes reencaminhados por médicos de centros de saúde nos dois anos anteriores.

As conclusões do estudo, publicado na edição deste mês da revista da Deco Proteste “Saúde”, revelam que 42% dos inquiridos consideram demasiado longa a sua espera para consulta médica de especialidade e 27% para a realização de exames.

Cerca de um quarto disseram não saber que a lei prevê Tempos Máximo de Resposta Garantidos (TMRG) para a primeira hospitalar da especialidade.

Dos que o sabem, só 13% disseram conhecê-los, e 27% ignoram a sua existência para a realização de exames médicos, com apenas 11% a dizer que sabem quais são.

“Isto não impede, contudo, que muitos considerem demasiado longa a sua espera, o que levou mais de metade dos inquiridos a recorrerem a consultas em serviços privados”, realça o estudo, referindo que 41% disseram que o seu estado de saúde piorou durante o período em que aguardavam pelo atendimento.

No caso dos exames, realizados maioritariamente em entidades convencionadas com o SNS, 11% mudaram de local para conseguirem um prazo mais curto. Ainda assim, 23% dizem que a doença se agravou durante a espera.

Segundo o número de dias assinalados pelos inquiridos para obterem consulta, os tempos foram excedidos em 45% dos casos, enquanto para os exames médicos foram 21%.

No entanto, os tempos de espera por consultas registados no inquérito da Deco Proteste são um pouco mais favoráveis do que aqueles que resultaram da monitorização da Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

Segundo o regulador da Saúde, no primeiro semestre de 2024, 52% das primeiras consultas hospitalares foram realizadas fora do tempo legalmente estabelecido, representando um agravamento face ao mesmo período de 2023.

Ainda segundo a ERS, no final de junho de 2024, havia cerca de 776 mil utentes a aguardar a primeira consulta hospitalar no SNS, sendo que, para 55% deles, os TMRG já tinham sido ultrapassados.

Segundo o inquérito da Deco, as especialidades que apresentam tempos de espera particularmente longos são oftalmologia, cardiologia, dermatologia e ortopedia.

Em média, os inquiridos esperaram 104 dias por uma consulta de especialidade, independentemente do nível de prioridade.

A associação alerta que “esta falta de informação, combinada com a crescente demora no acesso aos cuidados de saúde, está a ter um impacto negativo na saúde dos cidadãos e a empurrar muitos para o setor privado, onde os custos podem ser proibitivos”.

A Deco Proteste exige que os tempos de espera na saúde sejam respeitados sem qualquer encargo financeiro para o utente.

Para tal, e enquanto o SNS não os conseguir garantir em todo o país, a associação defende a criação de um vale saúde, semelhante ao vale cirurgia, que garanta o cumprimento dos prazos legais para a realização de exames de diagnóstico, consultas e tratamentos.

Este vale deverá indicar todas as entidades prestadoras de cuidados de saúde com capacidade para realizar os cuidados em tempo clinicamente aceitável, defende a associação, apelando ainda ao alargamento da rede de convencionados e que seja disponibilizada a lista dos mesmos.

A organização de defesa do consumidor exige ainda um reforço da informação disponibilizada aos utentes do SNS, para que estes possam conhecer os seus direitos e exigir o seu cumprimento.

Últimas do País

A ministra da Saúde garantiu hoje que o projeto de ampliação e requalificação do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, “não está na gaveta” e que “já tem pernas” para avançar “no início do próximo ano”.
A Grande Lisboa registou um aumento de mais de 6,1% na criminalidade geral nos primeiros dez meses do ano, revelam dados oficiais da PSP. Apesar da descida ligeira nos crimes violentos, o cenário global aponta para uma região onde a insegurança cresce de forma consistente.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve hoje em Lisboa um cidadão estrangeiro de 26 anos, que fugiu à polícia em agosto, por tráfico de droga, anunciou hoje aquela polícia.
O parlamento da Madeira aprovou hoje, por maioria, uma proposta de lei à Assembleia da República apresentada pelo CHEGA para revogar o limite de referência de droga para consumo médio individual de dez para cinco dias.
A Cloudfare anunciou esta terça-feira estar a investigar uma falha na sua rede global que provocou a 'queda' de vários clientes, como a rede social X, o 'chatbot' ChatGPT e o videojogo 'League of Legends'.
A Polícia Judiciária deteve no aeroporto de Lisboa, em três ações distintas, três mulheres estrangeiras, entre os 20 e os 39 anos, suspeitas do crime de tráfico de droga, indicou esta terça-feira a PJ.
Nos primeiros 10 meses de 2025, foram detidas pela Polícia Judiciária (PJ) 269 suspeitos de crimes sexuais, mais do que em todo o ano de 2024, quando foram detidos 251, revelou hoje o diretor da instituição.
O antigo governante e ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos Armando Vara foi detido na segunda-feira pela PSP, em Lisboa, para cumprir os dois anos e meio da prisão que restam devido aos processos Face Oculta e Operação Marquês.
O consumo global de antibióticos em Portugal aumentou 8% entre 2019 e 2024, quatro vezes mais do que a média de 2% registada nos países da União Europeia, revelou hoje o Infarmed no Dia Europeu do Antibiótico.
Mais de 35 mil pessoas morrem anualmente devido a infeções resistentes aos antibióticos, estimou hoje o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), alertando que a resistência antimicrobiana continua a aumentar na Europa.