Aumento de tarifas traz “riscos adicionais” para estabilidade financeira na UE

A decisão dos Estados Unidos da América de agravar as taxas aduaneiras aos seus parceiros comerciais coloca riscos acrescidos para a estabilidade financeira na União Europeia (UE), avisou hoje o Comité Europeu do Risco Sistémico (CERS).

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No relatório anual de 2024, referente à atividade dos bancos europeus entre 01 de abril de 2024 e 31 de março deste ano, o organismo responsável pela supervisão macroprudencial do sistema financeiro na UE analisa as implicações da nova política aduaneira da Administração de Donald Trump já posteriormente a esse período, em abril e maio.

Para o organismo europeu, a imposição de “direitos aduaneiros muito elevados coloca riscos adicionais para a estabilidade financeira na UE”.

Se as tarifas forem duradouras, esses riscos “poderão materializar-se”, havendo implicações para o crescimento económico, a inflação, os resultados das empresas e os custos de financiamento.

“Um crescimento mais baixo e uma maior incerteza quanto à inflação podem reduzir a procura de bens, conduzindo potencialmente a lucros mais baixos e a taxas de insolvência mais elevadas para as empresas. Além disso, é provável que o desemprego aumente, conduzindo a uma maior pressão sobre as famílias”, nota o comité, que faz parte do Sistema Europeu de Supervisão Financeira (SESF).

Se a política tarifária norte-americana se mantiver e houver um “período prolongado de restrições ao comércio e de elevada incerteza”, essa combinação “também poderá desencadear uma correção desordenada dos preços dos ativos, potencialmente amplificada pelo setor financeiro não bancário” pelas empresas, adverte o organismo europeu.

Nesse contexto, uma eventual “combinação de baixo crescimento e de queda dos preços dos ativos pode ter implicações adversas para o setor bancário, incluindo custos de financiamento mais elevados, uma redução da rendibilidade e uma deterioração da qualidade dos ativos”, sublinha o CERS.

Embora sendo uma análise prospetiva, a análise do organismo europeu só reflete a sucessão de medidas tarifárias decididas pelos Estados Unidos até 31 de maio, não incluindo a recente decisão, de 12 julho, de impor direitos aduaneiros de 30% à entrada de todos os produtos da UE e do México a partir de 01 de agosto.

Relativamente às primeiras medidas implementadas em 02 de abril, de impor uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações e tarifas mais altas a 57 dos parceiros comerciais, o comité europeu nota que as restrições já levaram a uma redução das projeções de crescimento económico para “a maioria dos principais mercados”, incluindo dos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, conduziram a “expetativas de inflação mais elevadas nos Estados Unidos, uma vez que se esperava que o aumento dos custos das importações fosse parcialmente repercutido nos consumidores”.

Como a “magnitude” dos direitos aduaneiros foi superior ao esperado, “os preços dos ativos de maior risco, como as ações e as obrigações de empresas de elevado rendimento, caíram acentuadamente num contexto de extrema volatilidade, uma vez que os investidores transferiram os seus fundos para ativos mais seguros”, aponta ainda o comité, referindo-se ao que se passou no início de abril.

Entretanto, na segunda metade de abril e já em maio, “os riscos diminuíram ligeiramente à medida que a Administração dos Estados Unidos reduziu algumas das tarifas” e, mesmo com uma “baixa liquidez” em determinadas classes de ativos, “os mercados financeiros mundiais mantiveram-se, de um modo geral, resilientes, sem qualquer impacto discernível na descoberta de preços”, escreve ainda o comité.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, que preside ao conselho geral do organismo, sublinha, no preâmbulo do relatório, que o sistema financeiro europeu “deu provas de resistência”, mas adverte que “não é altura para complacências”, uma vez que “as mudanças radicais e rápidas no contexto geopolítico continuam a ser um desafio para todos nós”.

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