Feijóo nasceu há 62 anos numa aldeia de 300 habitantes da Galiza e é licenciado em direito pela Universidade de Santiago de Compostela, na mesma região do noroeste de Espanha, na fronteira com o Norte de Portugal.
Depois da universidade, tornou-se funcionário público da Galiza e assumiu o primeiro cargo de nomeação política em 1991, numa Secretaria-geral do Governo Regional, embora só se tenha filiado no Partido Popular (PP, direita) no início deste século.
Tornou-se líder do PP na Galiza em 2006, depois de passar pela presidência da empresa Correios e de cargos políticos em Madrid, e em 18 de abril de 2009 assumiu pela primeira vez a presidência do executivo regional.
Feijóo manteve-se à frente do governo galego entre 2009 e 2022, ganhando sempre com maiorias absolutas todas as quatro eleições autonómicas a que se apresentou.
Lidera o PP nacional desde março de 2022 e desde então o partido, após um período de divisões internas, foi avançando nas sondagens e passou para a frente dos socialistas nas intenções de voto.
Sob liderança de Feijóo, o PP ganhou todas as eleições que houve em Espanha no último ano, incluindo com maioria absoluta em três regiões autónomas (Andaluzia, La Rioja e Madrid), as municipais de 28 de maio passado e as legislativas nacionais de 23 de julho.
As vitórias deste ano foram as primeiras do PP em eleições de âmbito nacional desde 2015 e Feijóo, que num vídeo para promover a sua candidatura a primeiro-ministro em julho passado se apresentou ainda como “um político que não queria ser político”, pode gabar-se de vários outros feitos eleitorais inéditos, como o de ser o primeiro líder do partido a vencer umas legislativas logo na primeira vez que se candidatou.
O PP teve também um aumento de votos em relação às eleições anteriores de 60% e passou de 89 para 137 deputados no parlamento, um crescimento para o qual os analistas só encontram paralelo nos anos de 1980, nas primeiras vitórias dos socialistas, então liderados por Felipe González, em quem Feijóo assume que chegou a votar.
Apesar destes resultados, Feijóo submete-se esta semana à votação do plenário dos deputados espanhóis como candidato a primeiro-ministro e reconhece há semanas que não tem os apoios suficientes para chegar ao cargo.
A vitória em 23 de julho ficou aquém das maiorias absolutas que sempre tinha conseguido na Galiza e, no parlamento nacional, o homem que chegou a Madrid com uma imagem de moderado e a querer afastar-se dos extremismos, acabou por ficar praticamente reduzido a um único aliado, o VOX, de direita radical.
Mesmo com o VOX e mais dois deputados de partidos regionais das Canárias e Navarra, Feijóo não chega ao número de deputados de que precisa para sair esta semana primeiro-ministro do parlamento espanhol.
“Apresento-me para ser a alternativa serena que reclama a maioria dos espanhóis, à política de blocos que nos dividiu, para voltar a reunir Espanha em grandes pactos de Estado”, afirmou na véspera do arranque da campanha eleitoral, numa declaração em que prometeu “recuperar o sossego” do país e “deixar atrás confusões, sobressaltos e divisões”, por contraposição ao que considera ter sido a marca da gestão do socialista Pedro Sánchez à frente do Governo nos últimos cinco anos, em que dependeu de independentistas para tomar posse e aprovar leis.
Feijóo chegou à liderança do PP com uma imagem de moderado, de político de direita conservador e rigoroso com as contas públicas, mas com preocupações sociais e pouco ideológico, protagonista de grandes consensos por onde passou, capaz de cativar amplas manchas de eleitorado de centro, à direita e à esquerda.
Esta imagem foi porém sofrendo danos, sobretudo, nas semanas imediatamente anteriores às legislativas de julho, por causa dos acordos que o PP assinou com o VOX para coligações em governos regionais e em executivos de grandes municípios.
Feijóo chegou a admitir coligar-se com o VOX no Governo nacional, se dependesse do voto favorável dos deputados da direita radical para ser investido primeiro-ministro pelo parlamento, mas na campanha passou a pedir uma “maioria forte” para governar “sem depender dos extremos”, que “sabem bloquear, mas não sabem gerir nem sabem governar”.
“Talvez este processo de investidura não me leve à presidência [do Governo], mas vai levar à política nacional e ao Congresso dos Deputados a igualdade dos cidadãos, a dignidade das nossas instituições e as prioridades das famílias. E isto, penso que vale bem a pena”, afirmou em 31 de agosto, reconhecendo que se submete esta semana a uma tentativa de investidura como primeiro-ministro que será, com quase certeza, falhada.