Metadados: Novo texto aprovado na especialidade mas partidos admitem que esbarre no TC

O texto acordado por PS e PSD sobre os metadados foi hoje aprovado na especialidade na Comissão de Assuntos Constitucionais, com vários partidos a admitirem a complexidade do assunto e a possibilidade de esbarrar no crivo constitucional.

© D.R.

Na reunião da comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, os partidos ratificaram a votação feita no grupo de trabalho sobre os metadados das comunicações esta terça-feira, na qual PS, PSD e CHEGA votaram a favor de todos os artigos do texto de substituição, enquanto a IL se opôs a todos e o PCP se absteve na maioria.

O BE, que não marcou presença na reunião do grupo de trabalho, indicou hoje, através do deputado Pedro Filipe Soares, que também vota contra todos os artigos do texto de substituição, remetendo para argumentos que já tinha apresentado, designadamente que é contra a “recolha indiscriminada de dados de dados dos cidadãos”.

Após a aprovação em plenário na sexta-feira – garantida com os votos favoráveis de PS e PSD -, o diploma será enviado para Belém e posteriormente remetido para o Tribunal Constitucional (TC), uma vez que o Presidente da República já anunciou que vai solicitar a fiscalização preventiva do diploma, considerando que “não pode haver sombra de dúvida” sobre a sua constitucionalidade.

Na discussão que precedeu a ratificação, o deputado do PS Pedro Delgado Alves assumiu que encontrar uma solução para ultrapassar a declaração de inconstitucionalidade do TC “é um exercício difícil” e não existe “garantia de sucesso a todo o nível”.

“Achamos que este texto é um contributo importante para este processo e esperemos que tenha o melhor desfecho possível. Mas, enfim, na velha máxima: esperar pelo melhor e estar preparado para o pior”, referiu, acrescentando que, até ao momento, nenhum Estado-membro da União Europeia (UE) conseguiu encontrar uma solução sobre esta matéria.

Também a deputada social-democrata Mónica Quintela salientou que o processo legislativo sobre metadados “é complexo” e está a ser desenvolvido a nível supranacional, reconhecendo que o texto acordado por PS e PSD “poderá ser curto” para fins de investigação criminal.

“Mas, neste momento, não sendo possível, com o acórdão que foi proferido, ir muito mais longe, esperemos que o problema venha a ser – caso agora não passe no crivo do TC – resolvido ao nível da UE”, referiu.

Pelo CHEGA, o líder parlamentar Pedro Pinto justificou o voto favorável do partido a todos os artigos do texto do PS e PSD referindo que se trata de um trabalho “importante e bem feito” e defendendo que o mais importante é que haja uma lei sobre a matéria “o mais rapidamente possível”.

A deputada da IL Patrícia Gilvaz afirmou que o seu partido não acompanha o texto do PSD e PSD por considerar que vai “contra a jurisprudência consolidada” e “vai esbarrar no TC, porque não respeita algumas das suas orientações, como é o caso da retenção generalizada e indiferenciada dos metadados”.

Na mesma linha, a deputada do PCP Alma Rivera considerou que alguns elementos previstos no texto do PS e PSD vão ser “levantados pelo TC com grande probabilidade”, apesar de considerar que isso não deve manchar a reflexão desenvolvida no grupo de trabalho, que deu “passos importantes”.

Como forma de ultrapassar a declaração de inconstitucionalidade, o texto acordado por PS e PSD prevê que os dados de tráfego e localização sejam conservados de forma generalizada durante “três meses a contar da data da conclusão da comunicação, considerando-se esse período prorrogado até seis meses, salvo se o seu titular se tiver oposto”. Já nos casos com “autorização judicial fundada”, essa conservação pode durar até um ano.

O diploma propõe ainda que, quando os dados são acedidos, os seus titulares sejam avisados “no prazo máximo de 10 dias”, salvo caso o Ministério Público se oponha, e que sejam conservados em “Portugal ou no território de outro Estado-membro da União Europeia”.

Últimas de Política Nacional

O Presidente do CHEGA manifestou-se esta quinta-feira "chocado" com o valor dos dois imóveis adquiridos pelo secretário-geral socialista, que estimou entre 1,3 e 1,4 milhões de euros, e exigiu saber se há fundos públicos na origem das aquisições.
O líder do CHEGA acusou o PCP de ser responsável por milhões de euros em despesa pública, apontando a criação de institutos, fundações, nomeações políticas e cargos autárquicos como principais causas.
O CHEGA lidera as intenções de voto na Área Metropolitana de Lisboa, com 28,8%, enquanto o PS e a AD perdem terreno, de acordo com a última sondagem da Aximage, para o Folha Nacional.
O IRS está a surpreender pela negativa. Muitos portugueses estão a receber menos e alguns até a pagar. André Ventura fala em “fraude” e acusa Montenegro de ter traído a promessa de baixar impostos.
O Ministério Público (MP) abriu uma averiguação preventiva no qual é visado o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, confirmou à Lusa a Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Se eu tenho uma má compreensão da Economia, deem-me uma oportunidade, porque o homem que está à minha frente destruiu a Economia”, afirmou André Ventura, que acusou Pedro Nuno Santos de ter sido responsável por “arruinar a TAP, a ferrovia e a CP”, apontando o dedo à gestão feita durante a sua passagem pelo Governo.
O líder parlamentar do CHEGA anunciou esta terça-feira que, na próxima legislatura, o seu partido vai apresentar uma proposta de comissão parlamentar de inquérito sobre os dados do Relatório de Segurança Interna (RASI), considerando que estão errados.
Luís Montenegro ocultou do Tribunal Constitucional (TC) três contas à ordem em 2022 e 2023, contrariando a lei n.º 52/2019.
O partido mantém-se em terceiro lugar, mas volta a subir nas sondagens, ultrapassando pela segunda vez a fasquia dos 20% e ficando agora a apenas oito pontos percentuais do partido mais votado.
Já são conhecidas as listas de candidatos a deputados do partido CHEGA para as próximas legislativas. Entre as alterações anunciadas, destaca-se a escolha de Pedro Frazão para encabeçar a candidatura em Aveiro — círculo onde irão concorrer também os líderes do PSD e do PS. O Presidente do partido, André Ventura, voltará a liderar a candidatura por Lisboa.