“Tomamos nota da renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry”, disse Mohamed Irfaan Ali, numa conferência de imprensa após uma reunião de emergência na Jamaica sobre o Haiti.
O também Presidente da Guiana disse estar satisfeito por anunciar “um acordo de governação transitório que abre caminho para uma transição pacífica de poder, continuidade da governação, um plano de ação de segurança a curto prazo e eleições livres e justas”.
Ali garantiu que Henry irá renunciar formalmente ao cargo assim que for criado um conselho de transição e nomeado um chefe de Governo interino.
Os países caribenhos reuniram-se de urgência na segunda-feira na Jamaica, por iniciativa da Caricom, com representantes da ONU e de vários países, incluindo a França e os Estados Unidos, para tentar encontrar uma solução para o Haiti.
Ariel Henry, que se encontra em Porto Rico depois de uma tentativa falhada de regressar ao país, falou por videoconferência com membros da Caricom durante a reunião.
Sem eleições desde 2016, o Haiti não tem atualmente nem um parlamento nem um presidente. O último chefe de Estado, Jovenel Moïse, foi assassinado em 2021.
A vaga de violência causada por bandos armados aumentou quando a 28 de fevereiro se soube que Henry, que devia ter deixado o poder em 07 de fevereiro, nos termos de um acordo de 2022, se tinha comprometido a realizar eleições no Haiti apenas em 2025.
No início de março, Henry assinou em Nairobi um acordo para permitir o envio de agentes da polícia do Quénia para o Haiti, como parte de uma força multinacional.
Michel Patrick Boisvert, que atua como primeiro-ministro interino, decretou na segunda-feira a extensão do recolher obrigatório por mais três dias na região Oeste, que inclui Porto Príncipe.
O Haiti, cujo Governo prolongou também por mais um mês, até 03 de abril, o estado de emergência na zona da capital, está à beira de uma guerra civil, que ameaça causar um desastre humanitário.
O Conselho de Segurança da ONU tinha apelado na segunda-feira para “negociações significativas” em prol da realização de eleições legislativas e presidenciais “livres e justas” e da restauração das instituições democráticas o “mais rapidamente possível” no Haiti.