A ordem de despejo foi dada pela Autoridade de Terras de Israel (ITA) após a aprovação de uma ação judicial intentada pelo ministro da Habitação israelita, o ultraortodoxo Yitzhak Goldknopf, noticiou o jornal The Times of Israel.
Numa carta enviada na terça-feira, a ITA disse à UNRWA que lhe deve mais de 27 milhões de shekels (cerca de sete milhões de euros) por ter operado em terrenos pertencentes a Israel “sem consentimento durante os últimos sete anos”.
A UNRWA deve “pôr imediatamente termo a qualquer utilização ilegal, destruir tudo o que foi construído em violação da lei, desocupar o terreno de qualquer pessoa ou objeto e devolvê-lo à ITA no prazo de 30 dias a contar da data da carta”.
“Em caso de incumprimento, a ITA reserva-se o direito de reagir com todos os meios legais, suportando os custos daí decorrentes. Não será feita mais nenhuma advertência”, acrescenta na carta, segundo a agência espanhola EFE.
De acordo com a imprensa israelita, a ITA fechou os olhos, durante anos, à violação pela UNRWA dos termos do contrato de arrendamento do terreno.
A situação mudou depois da guerra na Faixa de Gaza e da acusação israelita de que vários dos funcionários da agência da ONU estiveram envolvidos nos atentados de 07 de outubro.
Goldknopf, dirigente do partido ultraortodoxo United Torah Judaism, acusou a UNRWA de ter “atuado ao serviço do Hamas e até de ter participado no brutal massacre de 07 de outubro”, que deu origem à ofensiva israelita em Gaza.
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, a UNRWA tem estado na mira de Israel, que acusou uma dúzia de funcionários da agência de envolvimento nos ataques do Hamas de 07 de outubro.
Israel alegou que mais de duas centenas de funcionários da agência têm ligações aos islamitas do Hamas e nunca escondeu a intenção de encerrar a UNRWA.
As alegações levaram muitos países doadores a cortar o financiamento à UNRWA em janeiro, embora a maioria o tenha retomado na ausência de provas conclusivas apresentadas por Israel.
Nas últimas semanas, israelitas extremistas atacaram por diversas vezes a sede da UNRWA em Jerusalém Oriental Ocupada, obrigando a agência a encerrar temporariamente as instalações.
O Parlamento israelita aprovou na quarta-feira um projeto de lei que visa declarar a UNRWA como “grupo terrorista”, mas a imprensa local noticiou que o Governo deverá arquivar o projeto.
Criada em 1949, na sequência da fundação do Estado de Israel em 1948, a agência emprega cerca de 30.000 pessoas nos territórios palestinianos, na Jordânia, no Líbano e na Síria.
Na altura da criação, servia cerca de 750.000 pessoas, mas esse número é atualmente de 5,9 milhões de palestinianos, de acordo com dados do portal da organização.