Anticorrupção? Ventura fala em vitória do CHEGA

O PSD e o CDS saudaram hoje o diálogo do Governo com os partidos para a elaboração das medidas de combate à corrupção, enquanto o líder do CHEGA, André Ventura, reclamou vitória ao abordar várias das propostas apresentadas.

© Folha Nacional

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, em reação às medidas da agenda anticorrupção apresentadas hoje pelo Governo, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, saudou o executivo pela iniciativa, sublinhando a “grande capacidade de diálogo com os partidos” na elaboração destas propostas.

O deputado social-democrata confirmou também o anúncio do primeiro-ministro, Luís Montenegro, em relação à intenção das bancadas parlamentares que apoiam o Governo de criarem uma comissão eventual para debater “todas as medidas de combate à corrupção”.

Sobre se várias destas propostas são cedências ao CHEGA, como André Ventura afirmou esta tarde, Hugo Soares disse não saber “se é uma cedência” por não conhecer as propostas do CHEGA, mas acrescentou que mesmo quando “a ideia é do CHEGA” não tem “problema nenhum em saudá-la”.

Em relação ao mecanismo de perda alargada de bens hoje aprovado, o social-democrata lembrou que “no âmbito de processo de investigação criminal, ainda antes da acusação, é já hoje possível fazer apreensão de bens”.

“Isso acontece todos os dias. Eu não queria ir mais longe, mas os senhores conhecem várias operações e investigações em curso, cujo resultado das buscas originou a apreensão de bens”, afirmou.

André Ventura, líder do CHEGA, defendeu que o “confisco de bens pela corrupção e crimes associados é uma grande vitória do CHEGA”, bem como a regulamentação do lóbi e o alargamento do “número de anos em que as pessoas não se podem candidatar ou ocupar cargo depois de serem condenadas”.

“Seria hipócrita da nossa parte e da minha parte enquanto presidente do CHEGA não registar hoje estas boas intenções de se aproximarem do programa do CHEGA numa área tão fundamental e decisiva não para o CHEGA, não para o PSD, mas para o país, que é o combate à corrupção sem tréguas”, frisou.

Ventura criticou o Governo por apresentar estas medidas “sem calendarizar” e sem especificar “como é que vai concretizar”, defendendo que o executivo “está a procurar ganhar tempo numa matéria em que não se deve procurar ganhar tempo”.

Para o líder do CHEGA, sem esses detalhes, as medidas do Governo são “um caderno vago de intenções que não acrescentam nada”.

Afirmou ainda que o partido não se oporá à formação de uma comissão eventual, mas que o “país não precisa de mais comissões eventuais para analisar diplomas”, mas sim “leis concretas, rápidas, que permitam lutar contra a corrupção de forma mais efetiva”.

Paulo Núncio, do CDS, saudou o executivo pelo diálogo mantido com os partidos ao longo da elaboração destas propostas e também pelo conjunto de medidas apresentadas, destacando os avanços para a regulamentação do lóbi e o “combate ao enriquecimento ilícito permitindo o confisco de bens aos autores dos crimes de corrupção”.

“Duas medidas, uma do lado da prevenção, outra do lado da penalização e repressão que consideramos fundamental para combater mais eficazmente a corrupção em Portugal”, concluiu.

A “agenda anticorrupção” aprovada hoje inclui um “novo mecanismo de perda alargada de bens” em alguns casos sem condenação, medidas de proteção de denunciantes e alargamento de mecanismos premiais.

A regulamentação do lóbi, o registo das interações com entidades externas ao longo do processo legislativo e o reforço do controlo interno do Estado estão entre as medidas hoje apresentadas.

Face ao programa do Governo, deixa de estar prevista a criminalização do enriquecimento ilícito — que já foi anteriormente travada pelo Tribunal Constitucional -, avançando-se agora apenas com este novo mecanismo de perda alargada de bens.

Últimas de Política Nacional

A manifestação do CHEGA contra o que qualificam de imigração descontrolada e insegurança nas ruas, que juntou hoje centenas de pessoas no Porto, contou com André Ventura, que alertou que a imigração cresceu 95% em Portugal nos dois últimos anos.
Os deputados da Comissão de Orçamento e Finanças aprovaram hoje uma proposta do CHEGA que contempla o reforço dos meios técnicos para a proteção dos cabos submarinos de telecomunicações.
Para André Ventura, o “PS e PSD estão mais preocupados em aumentar os salários dos políticos do que subir as pensões dos portugueses”, frisando que se trata de um “Orçamento do bloco central”.
O prazo para a submissão de propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) terminou na passada sexta-feira, com o CHEGA a apresentar 620 - o maior número de propostas.
“Num país em que tantos sofrem por salários e pensões miseráveis, os políticos têm de acompanhar o povo.” É desta forma que André Ventura começa por apontar o dedo ao PSD/CDS que está a propor acabar com o corte aos titulares de cargos políticos de 5%, no âmbito do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).
O presidente do CHEGA defendeu hoje que o Governo está a adotar medidas redundantes e a fazer uma "fuga para a frente" para responder à crise no INEM, considerando que as soluções apresentadas não trazem "nada de novo".
Bárbara Fernandes exigiu também a “suspensão imediata do responsável máximo do Departamento de Urbanismo.”
O CHEGA vai abster-se na votação da proposta do PS para aumentar as pensões em 1,25 pontos percentuais, além da atualização prevista na lei, permitindo a sua aprovação se os partidos da esquerda votarem a favor.
O Governo anunciou que o saldo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para 2025 ia ser positivo, mas fez mal as contas. Após uma revisão das projeções, o executivo admitiu que o SNS vai, afinal, apresentar um défice no próximo ano, num valor que ultrapassa os 217 milhões de euro
O presidente do CHEGA, André Ventura, desafiou esta terça-feira o primeiro-ministro a apresentar na Assembleia da República uma moção de confiança ao seu Governo, mas afastou a possibilidade de apresentar uma moção de censura.