Eleito Papa a 08 de maio, só hoje, 10 dias depois, é que o antigo Prefeito do Dicastério dos Bispos celebra a sua Missa Inaugural de pontificado, esperando-se uma homilia que inclua algumas das suas principais preocupações.
O antigo cardeal Robert Prevost, nascido nos EUA e com carreira no Peru, já se dirigiu aos fiéis a partir da varanda da Basílica de São Pedro, em Roma, e pediu uma “paz desarmada e desarmante”, mas irá agora discursar do altar, naquela que será a sua primeira homilia pública, com a presença de vários líderes mundiais.
Conhecido por ser um intelectual tímido, Leão XIV tem marcado a sua diferença em relação ao antecessor, Francisco, por ter todas as intervenções escritas previamente, evitando improvisos.
Leão XIV já justificou a escolha do nome em Leão XIII, inspirando-se no papel do pontífice do século XIX na denúncia contra o americanismo e o capitalismo liberal para agora fazer alertas sobre a revolução tecnológica em curso e a inteligência artificial.
No seu discurso aos jornalistas, o Papa defendeu o combate à desinformação, e, perante o corpo diplomático acreditado na Santa Sé, apelou à preservação da dignidade dos migrantes, que deve ser a mesma de uma “criatura querida e amada por Deus”.
O tema dos imigrantes foi, aliás, um dos assuntos que o opôs, enquanto cardeal missionário no Peru, à política de Donald Trump nos EUA.
Então, no X, Prevost criticou a deportação e o fecho de fronteiras, contrariando diretamente o vice-presidente JD Vance, o mesmo político que irá representar os EUA na cerimónia de hoje.
Além de JD Vance, estará o chefe da diplomacia dos EUA, Marco Rubio, os dois mais importantes dirigentes católicos do governo de Trump.
Segundo o Vaticano, a cerimónia começará com uma oração junto ao túmulo de São Pedro, na cripta da principal Basílica do Vaticano, na qual Leão XIV será acompanhado pelos patriarcas e arcebispos maiores das Igrejas Católicas de rito oriental.
Em seguida, em procissão, o pontífice subirá à basílica e sairá para a Praça de São Pedro, onde lhe será entregue o pálio e o anel do Pescador, após o que terá início a missa perante mais de 150 delegações internacionais e cerca de 200.000 fiéis.
A lista de dignitários estrangeiros ainda não foi divulgada, mas alguns já anunciaram a presença na missa, como o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, ou os reis Felipe VI e Letícia de Espanha.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, é outra das presenças confirmadas até agora, bem como os Presidentes de Israel, Isaac Herzog, da Argentina, Javier Milei, e do Paraguai, Santiago Peña.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, aproveitará a presença em Roma de alguns dos convidados para encontros bilaterais, incluindo dois chefes de Governo que acabam de chegar ao poder, o canadiano Mark Carney e o alemão Friedrich Merz.
O príncipe Eduardo, duque de Edimburgo, representará o monarca britânico, anunciou o Palácio de Buckingham, segundo a estação de televisão Sky News.
O primeiro-ministro francês, François Bayrou, é outro dos dirigentes que anunciaram a presença na missa, tal como o chefe de governo australiano, Anthony Albanese.
Depois de ter estado no Vaticano no funeral do Papa Francisco, em 26 de abril, e se ter reunido com o Presidente norte-americano, o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, também sinalizou o interesse em participar na missa.
A missa de inauguração do pontificado de Leão XIV vai começar às 10:00 locais, quando forem 09:00 em Lisboa.
Leão XIV foi eleito como o 267.º Papa da História, sucedendo a Francisco (2013-2025), que morreu em abril.
Nascido Robert Francis Prevost, em Chicago, o novo pontífice, de 69 anos, também tem a cidadania peruana depois de ter vivido a maior parte da vida no país andino.