Sindicato recebe todos os anos dezenas de queixas de assédio no Ensino Superior

Todos os anos, dezenas de denúncias de casos de assédio em ambiente académico chegam ao sindicato que representa professores e investigadores do ensino superior, que acredita que esta é apenas a “ponta do icebergue” de uma prática antiga.

“Os casos de assédio são muito difíceis de provar, porque os indícios são sempre difíceis de recolher, mas temos tido muitas queixas de assédio moral: São largas dezenas de casos por ano”, disse à Lusa o recém-eleito presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), José Moreira.

Segundo o dirigente, “não existe um padrão” nem sequer “uma instituição onde ocorram mais casos” mas, por vezes, repete-se o nome de um alegado agressor que é apontado por mais do que um denunciante.

Os casos que chegam ao sindicato são “apenas a ponta de um icebergue”, já que muitas das vítimas optam pelo silêncio por medo de represálias ou por não acreditarem numa possível consequência da denúncia.

“É um crime quase perfeito”, lamentou José Moreira, contando que mesmo entre os casos denunciados ao sindicato “só metade decide avançar com a queixa” porque sabe que é muito difícil fazer prova do crime.

As denúncias que chegam ao conhecimento da direção do SNESup são, invariavelmente, casos de assédio moral: “Não temos conhecimento de casos de assédio sexual, mas também não posso garantir que não haja, porque os casos são tratados entre os serviços jurídicos e a vítima”.

O SNESup também recebe denúncias anónimas e, quando sente que existe consistência na queixa, reencaminha-as para o Ministério Público e para o Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), acrescentou o professor da Universidade do Porto, Romeu Videira.

Segundo o docente que também faz parte do SNESUp, as historias de assédio que nos últimos tempos vieram a público não são os primeiros casos na academia.

“Temos a noção de que este fenómeno não é recente, apesar de ter agora mais visibilidade o que, eventualmente, poderá levar a um maior número de queixas em relação ao passado, porque as vítimas também sentem mais apoio da comunidade”, disse à Lusa Romeu Vieira.

Para José Moreira, as Instituições de Ensino Superior apresentam um “ambiente muito propício a este tipo de casos porque existem relações de poder muito fortes” entre alunos e docentes mas também entre docentes e investigadores mais precários e os seus superiores hierárquicos.

“Queremos que os casos sejam denunciados e investigados”. defendeu o presidente do SNESUp, sublinhando que será sempre preciso garantir a privacidade do denunciante mas também do alegado agressor.

José Moreira explicou que é preciso ter cuidado para que “qualquer pequena suspeita ou rumor não se transforme num caso capaz de destruir uma carreira profissional”, reconhecendo que este é “um equilíbrio difícil” que só se atinge com mecanismos seguros que permitam apresentar queixas e investigar.

Esta semana vieram a público acusações de assédio e violência sexual no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra feitas por três investigadoras.

Os acusados são o sociólogo Boaventura Sousa Santos, diretor emérito do CES, e o antropólogo Bruno Sena Martins, investigador da instituição, que entretanto já negaram todas as acusações.

Últimas do País

Seis distritos de Portugal Continental estão hoje em aviso laranja e quatro em aviso amarelo para a queda de neve até domingo de manhã, podendo condicionar e interditar estradas, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Uma antiga fábrica que estava em obras para ser transformada em residência universitária ardeu hoje em Braga, revelou à Lusa fonte do Comando Sub-Regional do Ave.
As empresas de chocolate nacionais enfrentam o otimismo do período natalício, “um dos mais relevantes” para as vendas, não evitando baixar preços porque o valor do cacau continua no dobro da média de 2023.
A maioria dos desfibrilhadores disponíveis nas viaturas dos Sapadores de Lisboa tem componentes cujo prazo de validade está ultrapassado, mas o Regimento deu orientações para que os bombeiros continuem a utilizá-los, denunciou hoje um sindicato.
O aumento de doentes com alta clínica retidos nos hospitais por razões sociais é um dos maiores obstáculos à gestão de camas hospitalares, afetando a resposta nos serviços de urgência e impedindo a realização de cirurgias.
A ULS Amadora-Sintra abriu um inquérito interno ao caso divulgado pela Polícia Judiciária de um alegado abuso sexual de uma utente no Hospital Fernando Fonseca, envolvendo dois internados, anunciou hoje a instituição.
As infeções respiratórias graves continuam a aumentar em Portugal, sobretudo em idosos e crianças, com aumento de casos de gripe nos cuidados intensivos na semana passada e excesso de mortalidade por todas as causas, revelou hoje o INSA.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) deteve 19 pessoas que conduziam com excesso de álcool no sangue, durante o primeiro dia da operação Natal e Ano Novo 2025/2026, que arrancou na quinta-feira e e que já regista um morto.
O bacalhau deverá ficar mais caro já no próximo ano, face à redução de quotas no Mar de Barents e ao contexto internacional, segundo as estimativas da Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB).
A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve 84 pessoas no primeiro dia da operação Polícia Sempre Presente – Festas em Segurança 2025-2026, entre elas 15 por condução em estado de embriaguez e 12 por conduzirem sem carta.