Docentes da Faculdade de Coimbra criticam demissão de professor russo

© D.R.

Cerca de 60 docentes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) criticaram, num abaixo-assinado, a forma como o diretor do Centro de Estudos Russos foi demitido e defenderam um processo de averiguações pela reitoria.

Através do documento “Pelo direito ao contraditório e à presunção da inocência”, os docentes afirmaram que “foi com perplexidade” que tomaram conhecimento do “despedimento sumário” do diretor do Centro de Estudos Russos, Vladimir Pliassov, sem a realização de um inquérito “que lhe permitisse responder às acusações de que foi alvo”

Vladimir Pliassov foi acusado de “propaganda russa” por dois ativistas ucranianos, num artigo de opinião publicado no Jornal de Proença e depois replicado pelo jornal Observador, que alegaram posteriormente, na Rádio Renascença, que o docente russo seria um ex-agente do KGB.

“Independentemente de outros aspetos envolvidos, consideram os/as subscritores/as deste documento que a situação cria um precedente inaceitável, suscetível de comprometer a relação de respeito e confiança entre a Universidade de Coimbra e os/as seus/suas funcionários/as, para além de pôr em causa princípios nucleares de direito e de cidadania”, afirmaram os docentes, no abaixo-assinado a que a agência Lusa teve acesso.

O documento foi entregue na quarta-feira à reitoria da Universidade de Coimbra, com uma cópia endereçada também ao diretor da Faculdade de Letras.

Os docentes consideraram que o processo de despedimento, “pela gravidade das imputações em causa, exigiria, no mínimo, um processo de averiguações e uma clarificação por parte da Universidade dos factos que estiveram na base da medida tomada”.

“A ausência de tais procedimentos cria um precedente inaceitável e viola o mais elementar direito de o docente ser ouvido e de ter oportunidade de rebater as acusações que lhe foram feitas, em praça pública, sem o mínimo contraditório e respeito pela presunção de inocência”.

Entre os subscritores, estão vários diretores de cursos (de licenciatura, mestrado e doutoramento) da FLUC, assim como da subdiretora da Faculdade de Letras, Ana Peixinho, da subdiretora do Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação, Inês Amaral, e da diretora do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas, Paula Barata Dias.

Os antigos vice-reitores Joaquim Ramos de Carvalho e Clara Almeida Santos, o escritor e tradutor Frederico Lourenço (que codirige o curso de Estudos Clássicos), o antigo diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, João Gouveia Monteiro, o vice-coordenador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, Luís Trindade, os subdiretores do Centro de Línguas da FLUC, Rute Soares e Alberto Sismondini, são alguns dos nomes que subscreveram o abaixo-assinado.

A agência Lusa tentou obter esclarecimentos do diretor da Faculdade de Letras, que se escusou a comentar o caso, depois de uma reunião do Conselho Científico daquela instituição, em que alguns membros também recusaram prestar quaisquer declarações sobre possíveis decisões daquele órgão.

Um dia após a demissão de Vladimir Pliassov, o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, recusou divulgar os alegados factos que levaram à demissão daquele professor russo, referindo que o processo não teve nem teria de ter associado qualquer processo disciplinar.

“As minhas decisões são fundamentadas e têm sempre um tempo de amadurecimento. Portanto, aquilo que considero que seja essencial está no comunicado de imprensa da Universidade de Coimbra”, acrescentou.

A UC referia, nesse comunicado, que foi verificado que as atividades do Centro de Estudos Russos “estariam a extravasar” o ensino exclusivo de língua e literatura russa, sem explicar como.

Últimas do País

Um acordo assinado hoje entre o Governo e o Banco Europeu de Investimento (BEI) prevê uma linha de financiamento para apoiar a construção e a renovação de 12 mil habitações para arrendamento acessível, dirigidas às famílias da classe média.
Metade dos professores mais novos admite abandonar a profissão nos próximos anos, segundo um estudo hoje divulgado que revela também que a grande maioria escolheu ser docente como primeira opção profissional e 70% repetiriam a escolha.
Onze distritos de Portugal continental e o arquipélago da Madeira estão, esta quinta-feira, sob aviso amarelo devido à previsão de tempo quente, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Cerca de 80 concelhos dos distritos de Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Coimbra, Castelo Branco, Santarém, Portalegre e Faro estão hoje em risco máximo de incêndio rural, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Em causa estão alegadas pressões feitas ao reitor da Universidade do Porto para admitir 30 candidatos que não teriam alcançado a nota mínima exigida na prova específica deste regime especial de acesso ao curso de Medicina.
O sistema informático do SNS está com problemas desde quarta-feira à tarde e em muitas unidades os médicos não conseguem aceder à ficha do doente para passar exames ou medicação, revelou a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Agosto foi o mês mais seco na Europa e no Mediterrâneo desde que o Observatório Europeu da Seca (EDO, na sigla em inglês) começou a registar estes dados em 2012.
A Polícia Judiciária (PJ) apreendeu cerca de 25 quilos de cocaína "com elevado grau de pureza" no porto de Leixões, em Matosinhos, distrito do Porto, em contentores refrigerados provenientes do Uruguai, foi hoje anunciado.
A Universidade de Coimbra (UC) recebeu mais de dois mil alunos em mobilidade académica no ano letivo de 2024/2025, maioritariamente provenientes de Itália, Espanha e Brasil, revelou hoje o vice-reitor João Nuno Calvão da Silva.
A Fenprof enviou hoje uma carta aberta ao ministro acusando-o de desvalorizar o direito à manifestação, numa escola perante alunos “a quem deveria ser transmitido o valor da democracia e dos direitos que a sustentam”.