Três gestores acusados de insolvência dolosa vão ser julgados em Leiria

Três gestores acusados de um crime de insolvência dolosa agravado, em coautoria, por alegadamente terem esvaziado o ativo de uma empresa para seu benefício e de sociedades por eles detidas vão ser julgados no Tribunal Judicial de Leiria.

De acordo com o despacho de acusação consultado pela agência Lusa, em janeiro de 1964 foi constituída uma empresa, com sede na Zona Industrial dos Pousos, concelho de Leiria, cuja atividade principal, até ao final de 2011, foi a “produção e comercialização de alimentos compostos para animais”, tendo criado uma marca de rações.

Em julho de 2012, a empresa foi alvo de uma ação especial de insolvência proposta por um banco, invocando um crédito de quase 2,6 milhões de euros. Este foi suspenso por a empresa se ter apresentado a um processo especial de revitalização, no qual, já depois de ter alterado a sua denominação comercial e o seu objeto social, foi declarada insolvente em maio de 2013.

Esta decisão foi revogada pelo Supremo Tribunal de Justiça em setembro de 2015, que determinou o prosseguimento do processo que estava suspenso. Neste, a empresa foi declarada insolvente em junho de 2016.

No processo de insolvência, foram reconhecidos créditos de 10,5 milhões de euros, sendo credores, entre outros, bancos, Autoridade Tributária e 36 trabalhadores. Neste, foram apreendidos bens avaliados em 3,4 milhões de euros, mas encontravam-se “onerados pelos negócios” feitos pelos arguidos.

O Ministério Público (MP) referiu que os processos judiciais “vieram corroborar a total falência económico-financeira” em que a empresa se encontrava, “por incapacitada de cumprir as suas obrigações vencidas, apresentando um passivo largamente superior ao ativo”, situação que foi gerada pelos arguidos, pai e dois filhos, “em execução de plano comum gizado”.

O despacho de acusação descreve, por exemplo, que a sociedade, entre 2010 e 2012, “demonstrou uma acentuada redução dos seus capitais próprios” e, ao invés de lucros, passou a ter prejuízos, além de que o volume de negócios reduziu, mas os gastos de exploração mantiveram-se elevados.

Segundo o documento, em 2011, “em face do avolumar de dívidas da sociedade e no intuito de evitar o pagamento aos credores”, os três gestores “encetaram o propósito de dissipar e/ou onerar todo o ativo patrimonial (…), “mormente através da transferência da sua atividade” para outras sociedades sobre as quais a família “detinha total controlo”.

A partir de 2012, a empresa criada em 1964 e que mudou de designação em 2013 “passou a depender exclusivamente dos rendimentos provenientes das rendas e contrapartidas associadas aos contratos de venda de usufruto e arrendamento celebrados” com outra sociedade, “levando à sua total ruína”.

O MP, que elenca os negócios desenvolvidos, considerou que os arguidos “esvaziaram e depauperaram o ativo” da empresa, “provocando um estado de real inviabilidade económica e impossibilidade de recuperação financeira e do pagamento das suas dívidas”, nomeadamente as reconhecidas na insolvência.

Para o MP, os arguidos agiram em conjugação de esforços para “fazer desaparecer e dissimular o património da sociedade insolvente, agravando prejuízos da empresa”, no intuito de prejudicar os credores da sociedade.

“Previram e quiseram salvaguardar o seu património pessoal, transferindo todo o estabelecimento comercial, incluindo trabalhadores e clientes da insolvente e, bem assim, valores monetários e efetuando regularizações contabilísticas em sua vantagem pessoal e/ou para sociedades comerciais que dominavam e/ou eram titulares”.

O julgamento, por um tribunal singular, está previsto começar na quarta-feira, às 09:30.

Últimas do País

A Ordem dos Médicos (OM) vai lançar uma campanha para promover a saúde mental e bem-estar dos médicos e propor alterações legislativas que visam melhorar as suas condições de trabalho, anunciou hoje à Lusa o bastonário.
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) manifestou hoje preocupação com o plano de rescisões de trabalhadores da RTP, anunciado pelo Governo como parte do Plano de Ação para a Comunicação Social, considerando que não defende a empresa e o jornalismo.
A defesa do ex-banqueiro Ricardo Salgado pediu ao tribunal que o arguido seja dispensado de comparecer no julgamento do processo BES, que começa na próxima terça-feira, face à evolução desfavorável da doença de Alzheimer que lhe foi diagnosticada.
O Governo português nomeou o ex-diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) Manuel Jarmela Palos para coordenar o grupo de trabalho que vai executar o Pacto de Migração e Asilo da União Europeia, indica o Diário da República.
Hoje estiveram reunidos o conselho geral da Associação Nacional das Bombeiros Profissionais (ANBP) e o Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais (SNBP), que aprovaram um caderno reivindicativo e pediram ao Governo uma resposta até ao final do mês.
Mais de 200 guardas prisionais concentrados hoje em Vale de Judeus pediram à ministra da Justiça que os ouça e separe a segurança e a reinserção social para que o sistema prisional português possa funcionar.
Meia centena de guardas prisionais estão desde as 11:00 concentrados em frente ao Estabelecimento Prisional de Vale Judeus numa ação de solidariedade em que são esperados cerca de 300 profissionais.
O incêndio que afetou o concelho de Albergaria-a-Velha em setembro causou um prejuízo de 30 milhões de euros, sem contabilizar o valor económico da área florestal ardida, segundo o levantamento feito por aquela autarquia do distrito de Aveiro.
Um dos evadidos há um mês do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, Fábio 'Cigano', foi detido no domingo à noite em Tânger, Marrocos, anunciou hoje a Polícia Judiciária portuguesa.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) registou entre as 00:00 e as 07:00 de hoje 46 ocorrências devido à chuva, sem vítimas, a maioria inundações na via pública.