No período que media entre o 25 de Abril e o 25 de Novembro de 1975, o país conheceu momentos difíceis e controversos, tendo estado eminente uma guerra civil.
A imprensa estrangeira dizia que Portugal era um manicómio em auto gestão.
O país fica a saque das forças de extrema esquerda. São invadidas fábricas, expulsos os legítimos proprietários, foram tomadas quinta e herdades, nacionalizaram bancos privados, apedrejavam quem conduzia um bom carro, chamavam fascista a quem tinha algum dinheiro, ocuparam casas, prenderam-se pessoas sem mandatos, sequestro de empresários, barragens nas estradas, greves selvagens, indisciplina nos quartéis, repudio da autoridade e da ordem, clima de medo e insegurança.
É o período do PREC. Processo Revolucionário em Curso, que designava a forte movimentação social e política registada em Portugal em 1974/1975, com particular ênfase entre o 28 de setembro de 1974 e o 25 de novembro de 1975. Trata-se de um período de grande agitação social e política, em que as organizações sindicais estão em constante luta e em que as autoridades são frontalmente contestadas, assistindo-se à criação de poderes paralelos nas Forças Armadas, ao cerco do Parlamento e consequente sequestro dos deputados por grande massa de grevistas, e a outros fenómenos de carácter revolucionário.
Toda esta movimentação social decorre num ambiente político caracterizado pela instabilidade, em que a todo o momento circulam rumores de golpes político-militares das mais variadas tendências. É neste ambiente político que se desenvolve o PREC, amplo e permanente movimento revolucionário, impulsionado pelos partidos e organizações de extrema-esquerda com vista à conquista do poder de Estado pela força, o qual só encontrará o seu termo quando essas forças sofrem uma pesada derrota em consequência dos acontecimentos de 25 de novembro de 1975.
É também o tempo do COPCON – Comando Operacional do Continente (COPCON) foi um comando militar para Portugal continental criado pelo Movimento das Forças Armadas.
O seu comandante era o major Otelo Saraiva de Carvalho assumindo-se como um dos dinamizadores do PREC, apoiando as ações da “esquerda revolucionária”.
Durante o PREC, o Copcon foi responsável pela emissão de vários mandados de captura em branco e pela prisão indiscriminada de milhares de pessoas, sem que existisse qualquer acusação formal ou ordem judicial, mas com acusações como sabotagem económica. Famosa, ficou também a prisão de cerca de 400 militantes do MRPP, a 28 de Maio de 1975
Seis governos provisórios sucederam-se desde o 25 de Abril de 1974 a 25 de Novembro de 1975. Ou seja, em média um governo estava 3 meses em função. E o país a saque.
Desde 1974, sucederam-se vários golpes e contragolpes.
O 28 de Setembro de 1974 que ocorreu no Porto, tal como em Lisboa, em que o PCP e a intersindical levantou barricadas a todas as estradas de acesso à cidade, para impedir a realização de um comício nas Antas e a entrada de simpatizantes do PS, (custasse o que custasse) dizendo que era um comício “contra-revolucionário”. Os militares não intervieram. As barricadas duraram apenas o tempo suficiente para que se concentrassem um número significativo de pessoas que desejavam ir ao comício. Quando tal aconteceu foi lançado um verdadeiro “grito de Ipiranga” e as barricadas e os comunistas literalmente voaram pelos ares e os comunistas puseram-se em fuga. O comício teve lugar como planeado.
O 11 de Março, em 75 – Golpe de Estado chefiado pelo General Spinola, com as forças armadas a lutarem entre si.
Estávamos num país governado por um Conselho da Revolução. Nos jornais, durante esse outono quente e com uma cadência quase diária, eram anunciados golpes e mais golpes. À esquerda e à direita.
Os acontecimentos precipitam-se a 20 de Novembro. Dias depois do cerco da Assembleia da República por trabalhadores da construção civil, em greve, e do sequestro do primeiro-ministro, Pinheiro de Azevedo, o Governo entra… em greve. Fica para a história o desabafo de Pinheiro de Azevedo dizendo que não gostou de ser sequestrado: “Chateia-me”!
Estava eminente o desencadeamento de um golpe de estado pelos comunistas para derrubar o sistema político saído do 25 de Abril, estando vários sectores das forças armadas, politizadas e manipuladas pelos Comunistas e radicais de extrema esquerda.