Enid Blyton censurada

Enid Blyton (11 de Agosto de 1897 – 28 de Novembro de 1968) foi uma escritora inglesa de livros de aventuras para crianças e adolescentes. Faz parte do meu imaginário e de muitos como eu que leram o Nodi, enquanto crianças e devoraram “os cinco” já a caminhar para a adolescência, sem esquecer “os sete” e outros contos. Ainda tenho a colecção original de “Os Cinco”, que guardo com carinho.
Os seus livros encontram-se entre os mais vendidos do mundo desde a década de 1930, com mais de 600 milhões de cópias e foram traduzidos em cerca de 90 línguas; o seu primeiro trabalho Child Whispers, um conjunto de poemas num livro de 24 páginas, foi publicado em 1922. Os seus trabalhos abrangem vários temas desde a educação, história natural, fantasia, histórias de mistério e narrativas bíblicas, mas os seus livros mais conhecidos incluem o Nodi (Noddy), Os Cinco (Famous Five), Os Sete (Secret Seven), A Rapariga Rebelde (The Naughtiest Girl) e as As Gémeas (The Twins at St. Clare’s).

Deparamo-nos agora com uma notícia insólita: As bibliotecas de Devon, em Inglaterra, removeram das suas prateleiras as versões originais de algumas das mais de 700 colecções da escritora e armazenadas de forma a que o público não “tropece” em linguagem “desactualizada” que possa ser ofensiva para os leitores. Entre esses livros estão os famosos livros de mistério e aventura para o público juvenil “Os Cinco” que tanto li e adorei.
Portanto se o leitor quiser ler o original, terá de o requerer aos bibliotecários, sendo advertidos que possam conter termos ofensivos e que a linguagem possa ser imprópria.”. Ou seja, as bibliotecas compram versões novas e editadas, já que originais foram censuradas.

Em causa estão expressões consideradas ofensivas: “queer” originalmente significando “estranho” ou “peculiar” agora é um termo guarda-chuva da língua inglesa para minorias sexuais e de género, ou seja, que não são heterossexuais ou não são cisgénero.
Foi retirada essa palavra;
O mesmo para “gay”, que significa alegre no inglês da época e que agora ofende quem é homossexual.
Brown, “castanho” – em referência à cor da pele da personagem – nos livros “Os Cinco” e “O Colégio das Quatro Torres”. A descrição de “um menino pescador de rosto moreno”, foi alterada para “um menino pescador bronzeado”. Não pode ser castanho porque ofende.
“Yes, Sir” – O “Sir” foi apagado, porque significa subserviência.
“Menino feio, redondo e gordo” – o “gordo” foi apagado porque ofende os gordos . Fica só menino feio e redondo.
Expressões como “cala a boca” e “não sejas idiota”, foram retiradas.
Num livro dos Cinco, em que um deles diz que alguém está prestes a levar uma coça, foi alterado para “temos de ter uma conversa”.
Foi também reescrita “Os Habitantes da Árvore Longínqua” para remover “expectativas sexista”‘ de personagens femininas. Neste caso, tarefas domésticas para as meninas foram substituídas por uma lição sobre igualdade de género.
Exemplos de racismo nos livros incluem “A Boneca Negra” de 1966, no qual o personagem principal Sambo só é aceite pelo dono “quando o rosto preto feio é lavado pela chuva”.
Nos livros do Nodi, este era atormentado pelos golliwogs, bonecos de trapos que roubavam e cometiam crimes e que eram de cor escura. Foram trocados pelos goblins que são… brancos.

English Heritage, uma organização pública de beneficência que gere a National Heritage Collection que inclui mais de 400 dos edifícios, monumentos e locais históricos da Inglaterra admite racismo e xenofobia e refere que a editora Macmillan se recusou a publicar “O mistério que nunca existiu” por causa de sua “xenofobia antiquada” em relação a personagens estrangeiros.
Daqui a duas décadas, estas novas edições vão parar também à arrecadação, porque pelo caminho que isto leva, as expressões rapaz e rapariga, ele e ela, o homem, a mulher, pai e mãe, vão ser ofensivas para todos aqueles que não se identificam nem com um nem com outro. É a esquerda no seu pior.
Afinal não é só o Universo que é infinito. A estupidez humana também o é.

Artigos do mesmo autor

A percepção de que a escravatura era uma coisa injusta sempre existiu na cultura ocidental. A forma como se lidou com isso é que foi mudando. Entendamo-nos bem: o tráfico negreiro e as relações de escravatura foram abominações. Mas é preciso perceber que foram as nações ocidentais as primeiras que as estigmatizaram e proibiram. Portugal […]

Numa altura em que se ouviu o Prof. Marcelo a falar das “culpas” dos portugueses pela escravatura, chegando ao ponto de exigir indemnizações pelo passado, cabe dar uns esclarecimentos, porque a história não é feita de emoções, nem é de plasticina para se moldar conforme as modas e conveniências politicas. A rejeição da escravatura está […]

No dia 28 de Dezembro de 1979 foi apresentada na Secretaria da Polícia Judiciária uma queixa crime por um grupo de 18 portugueses por nascimento e na plenitude dos seus direitos legais, encabeçada pelo General na reserva Silvino Silvério Marques, e constituída por militares, professores, jornalistas e outros profissionais contra: 1º – Mário Soares (que […]

A 25 de Abril de 1974 deu-se em Portugal um golpe de Estado. Não foi uma revolução como erradamente se ensina nas escolas e se propagandeia na comunicação social. Porque dizem os manuais de ciência política nos seus mais elementares ensinamentos que para haver revolução tem de haver doutrina e revolta popular. Os únicos que […]

Portugal, Nação forte e altiva, que mantém incansávelmente o posto de guarda e farol ocidental, através dos seus oitocentos anos de História. Portugal, nosso que desde o Século XII, uma das grandes criadoras do mundo e da Europa, sendo, aliás, o Estado Europeu mais antigo, com fronteiras definidas muito antes de qualquer outro. A identidade […]