O assassinato de Sá Carneiro (parte 2)

Mais uns crimes que ficaram impunes

Foi colocado um engenho incendiário, quase artesanal, por baixo da zona dos pés do Comandante Jorge de Albuquerque, através da janela de inspeção dos tirantes dos comandos, imediatamente por baixo do cockpit do avião. Esse engenho foi acionado por controle remoto. Como se sabe, se o avião não tinha caixa negra? A deflagração do engenho incendiário aos pés do comandante provocou uma rutura na fuselagem e a diferença de pressão criada pelo fogo dentro do avião e a baixa temperatura externa fez explodir os materiais leves libertados pelo incendio, que se viram expelidos para o exterior.

Também Eric newton, perito britânico, depois de examinar os fragmentos metálicos nas partes moles dos pés do piloto conclui que se trata de minúsculos fragmentos produzidos por uma fonte (bomba) aos pés desse. E anos depois é pedida a exumação dos corpos pelas famílias das vítimas junto ao governo.

“Se não existirem nos corpos, procurem no fundo do caixão. Essas partículas metálicas, provenientes de um engenho explosivo, por efeito da decomposição dos corpos encontram-se depositadas na urna.” – Diz ele.

A autorização só viria em outubro de 1982 a “fim de detectar a existência de corpos estranhos”. No exame radiológico foram detectadas inúmeras partículas de elevada densidade metálica incrustadas profundamente nos pés do piloto e no fundo da urna, e só nesta pessoa, o que não deixa dúvidas que foi encontrada a prova cientifica de sabotagem.

Também a posição das vítimas é reveladora da teoria da sabotagem. O estudo das posições das vítimas, sobrepostas num reduzido espaço de 2 mts2, na estreita rua das Fontainhas, com o comandante na parte de cima das vítimas e o co-piloto debaixo delas revela que no momento da colisão piloto e co-piloto ocupassem posições distintas a bordo do avião. Os técnicos são unanimes ao reconhecer que só há uma explicação possível face a uma emergência grave. A deslocação do co-piloto à traseira do avião só pode ser explicada como uma tentativa desesperada de abrir a porta traseira para permitir o escape do fumo, logo nos 30 segundos a seguir à descolagem. É ridículo a teoria do deputado do PS, Armando Lopes, que explica que o co-piloto foi falar com o Sá Carneiro. Enquanto o avião ainda ia a descolar?

O prolongamento do voo, devido à perícia do comandante, em cerca de mil metros desde o rebentamento da explosão, dá a prova irrefutável de sabotagem. Porque confinados a um autêntico forno crematório, os ocupantes do Cessna não resistiram por muito tempo ao fumo asfixiante e às altas temperaturas pelo que no momento do embate todos eles estavam inanimados, razão pela qual não se verificavam quaisquer fraturas. Não tendo lesões internas ou ferimentos, podiam ter abandonado o avião pelos seus próprios meios, visto que avião só pegaria fogo (segundo os membros da Comissão) depois do embate.

Mas enquanto a posição relativa das vítimas e a ausência de comunicações com a torre de controle eram ignoradas pelos membros das comissões, o relatório das autópsias revelava a ausência de fraturas e elevados níveis de monóxido de carbono nos pulmões das vítimas, a provar que as vítimas haviam permanecidas vivas durante largos minutos no incendio, sem esboçarem uma tentativa de escaparem, ou pedido socorro. Porque já estavam inanimadas. 

Os criminosos nunca perdoarão ao comandante ter-lhes denunciado o jogo. Porque se avião caísse logo com a explosão, nunca se saberia que tinha havido sabotagem. Os investigadores encarregados de construir a tese do “acidente” devem ter-lhe rogado todas as pragas, por ter aguentado o voo por mais de 1000 metros o avião no ar. Porque esse prolongamento elevou para mais cerca de 20 segundos os passageiros estarem expostos ao incendio.

Mas afinal qual o motivo? Falta o Porquê e Quem.

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