Democratas da Califórnia mais motivados pela corrida ao Senado que por Biden

As urnas abrem às sete da manhã em Los Angeles, o condado com mais eleitores registados na Califórnia, mas muitos democratas já votaram antecipadamente, mostrando-se mais galvanizados pela corrida ao Senado que pela escolha do candidato presidencial do partido. 

© Facebook / President biden

“Na Califórnia, a primária presidencial é provavelmente o voto menos consequente, porque está decidida”, disse à Lusa Timothy Paul, democrata registado em Los Angeles que votou por correspondência, antes da “Super Terça-feira” de hoje, em que 14 outros estados e um território vão a votos. “Foquei-me mais nas questões locais e na corrida ao Senado”.

Estas eleições primárias incluem não apenas a escolha dos candidatos presidenciais – com Joe Biden a ter vitória assegurada – mas também medidas locais, como iniciativas para combater a crise dos sem-abrigo em Los Angeles, o próximo procurador-geral e a corrida ao lugar deixado vago no Senado por Dianne Feinstein, que morreu em setembro passado.

Os democratas Adam Schiff, Katie Porter e Barbara Lee, além do republicano Steve Garvey, são os principais candidatos nesta primária aberta para o Senado. Os dois mais votados avançarão para o boletim de novembro e um será eleito.

Mark Richardson, democrata que votou por correspondência e disse que o seu maior fator de motivação é “proteger a democracia”, optou por um voto “estratégico” em Barbara Lee.

“Ela representa-nos como californianos no seu histórico de trabalho”, afirmou o democrata, citando um currículo com forte apoio aos direitos das mulheres e da comunidade LGBTQ, controlo de armas e reforma da canábis, entre outros.

“Não há mulheres negras no Senado neste momento e é importante em termos de representação”, acrescentou Richardson, considerando que ela é “a melhor pessoa para o cargo”.

As sondagens indicam, no entanto, que Adam Schiff deverá o candidato mais votado e que o republicano Steve Garvey tem grandes hipóteses de avançar nas primárias, que são abertas. A corrida é relevante porque o controlo do Senado será decidido em novembro e o mapa nacional favorece o partido republicano.

“São coisas importantes. Se não tivermos os candidatos certos agora, ficamos com opções piores para novembro”, indicou John Reynolds, que também votou antecipadamente “pelo conforto e facilidade” do processo.

O eleitor democrata salientou, no entanto, que muita gente não vota nas primárias, até porque a escolha presidencial está decidida à partida. Joe Biden vencerá a Califórnia nesta Super Terça-Feira, apesar de ter sete oponentes no papel. Dean Philips e Marianne Williamson são os mais notórios, mas apresentam-se também Armando Perez-Serrato, Gabriel Cornejo, Eban Cambridge, President R. Boddie e Stephen Lyons.

É raro haver uma primária competitiva quando o presidente em funções se recandidata, o que no caso de Joe Biden frustrou muitos eleitores que temem pela sua idade avançada e baixa popularidade.

“Nem sequer ouvi muito sobre os outros”, salientou Timothy Paul. “Não fiquei muito satisfeito por não ter outras opções. A liderança do partido vocalizou que não queria uma primária competitiva, e então não foi”.

Robin Fontaine, que votou antecipadamente, também indicou um interesse maior nas medidas locais e na corrida do Senado. “Importo-me com os assuntos locais, que é onde penso que nós como eleitores podemos ter maior impacto”, explicou.

“Como democrata, a primária presidencial não importa tanto porque não é uma corrida competitiva”, continuou a eleitora. “E importo-me muito com a corrida ao senado e com o voto em Barbara Lee, que serviu o nosso estado tão bem como congressista, sendo muitas vezes a única voz da razão em assuntos difíceis”, opinou.

Com os boletins de voto a serem enviados pelo correio para os eleitores registados, há quem tenha passado as vésperas da eleição a pesquisar as medidas propostas.

“Recebemos informação com o boletim, mas sinto sempre que tenho de passar horas a pesquisar para garantir que o meu voto conte”, confirmou Timothy Paul, que entregou o boletim há várias semanas.

Últimas de Política Internacional

As autoridades turcas detiveram hoje 234 pessoas suspeitas de pertencerem a redes de crime organizado, numa grande operação policial de âmbito internacional, foi hoje anunciado.
A União Europeia (UE) quer reforçar o controlo e a responsabilização do comércio internacional de armas, após os 27 terem aprovado hoje uma revisão do quadro sobre esta matéria, motivada pela entrega de armas à Ucrânia.
A Alta-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiro defendeu hoje que é preciso a Rússia seja pressionada para aceitar as condições do cessar-fogo, recordando que a Ucrânia está a aguardar há um mês pela decisão de Moscovo.
O presidente em exercício do Equador, o milionário Daniel Noboa, foi declarado vencedor da segunda volta das eleições de domingo pela autoridade eleitoral do país, derrotando a rival de esquerda, Luisa González.
O Governo moçambicano admitiu hoje pagar três milhões de dólares (2,6 milhões de euros) à euroAtlantic, pela rescisão do contrato com a estatal Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), mas abaixo da indemnização exigida pela companhia portuguesa.
O presidente da Ucrânia pediu uma "resposta forte do mundo" ao ataque com mísseis balísticos na manhã de hoje contra a cidade de Soumy, no nordeste da Ucrânia, que terá causado mais de 20 mortos.
O líder venezuelano Nicolas Maduro vai visitar Moscovo no próximo mês para participar nas comemorações do Dia da Vitória sobre a Alemanha nazi, que se celebra tradicionalmente a 9 de maio, confirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.
Os países que apoiam a Ucrânia na defesa do território ocupado por tropas russas comprometeram-se hoje com mais 21.000 milhões de euros para apoiar o país, durante uma reunião do Grupo de Contacto.
As autoridades italianas transferiram hoje o primeiro grupo de imigrantes em situação irregular para os polémicos centros de deportação na Albânia, transformados em estruturas de repatriamento de requerentes de asilo já com ordem de expulsão de Itália.
A inflação na Venezuela fixou-se em 136% em março, em termos anuais, anunciou o Observatório Venezuelano de Finanças (OVF).