Tribunal de Contas pede revisão do modelo de financiamento nos cuidados continuados

O Tribunal de Contas (TdC) recomendou às ministras da Saúde e da Segurança Social que revejam o modelo de funcionamento e financiamento da rede de cuidados continuados, lembrando que há um atraso de quase 10 anos nas metas definidas.

© D.R.

Numa auditoria à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) para avaliar a garantia do acesso dos utentes entre 2017 e 2023, o TdC conclui que os objetivos de cobertura da rede, instituída em 2006, estão por concretizar e que ainda nem foram alcançadas as metas definidas para 2016.

“Os seus objetivos de cobertura permanecem por concretizar, com as metas definidas para 2016 ainda por alcançar, com menos 4.774 lugares de internamento e menos 52 equipas de apoio domiciliário do que o previsto”, refere o relatório, a que a Lusa teve acesso.

O TdC lembra igualmente que, em 2024, as metas de desenvolvimento da RNCCI foram revistas, remetendo a sua concretização para 2030.

O documento do Tdc diz que em 2023 “aumentou a pressão sobre a capacidade de resposta”, devido a um aumento de 28,5% no número de utentes referenciados (+11.328) face a 2017, e aponta “assimetrias regionais nos tempos de acesso às diferentes tipologias”.

“No final de 2023, existiam 1.804 utentes a aguardar vaga nas diferentes tipologias da Rede (+19,9% face a 2017), aos quais acresciam 2.267 utentes (+93,6% relativamente a 2017) cujos processos de referenciação ainda se encontravam em fase de validação”, explica.

O relatório refere que a evolução da atividade assistencial entre 2017 e 2023 espelha uma “estagnação da capacidade instalada”.

Refere ainda que a falta de resposta da rede é a principal causa de internamentos inapropriados nos hospitais, que se veem obrigados a contratar cada vez mais camas de retaguarda ao setor privado e social.

A este respeito, o tribunal diz que, nestas contratações, o gasto médio por diária de internamento (111,98 €) é superior ao preço das diárias de internamento na RNCCI, concluindo que há um “potencial de poupança” associado ao alargamento da rede e à melhoria da sua capacidade de resposta”.

No contraditório, a ministra da Saúde manifestou a intenção de redefinir a organização estrutural da coordenação e gestão da RNCCI e a arquitetura de gestão da rede, assim como as competências das atuais equipas de referenciação hospitalar e dos cuidados de saúde primários.

Quanto à redução dos tempos de acesso e às assimetrias regionais, a ministra refere a importância do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em curso até 2026 para a expandir a rede, mas lembra as dificuldades sentidas na concretização das ações “com preços de construção de edificações mais elevados como é o caso […] de Lisboa e Vale do Tejo (…)”.

Ainda sobre os tempos de espera até aceder à rede, o TdC recomenda que se definam, e se cumpram, Tempos Máximos de Resposta Garantidos para as diferentes tipologias de cuidados continuados integrados.

O TdC aponta ainda o dedo ao sistema de informação da RNCCI, dizendo que apresenta “fragilidades estruturais que prejudicam a fiabilidade dos ‘outputs’”, não fornecendo as funcionalidades essenciais à gestão da atividade e “constrangendo a produção de dados confiáveis que sustentem decisões estratégicas”.

Fala em informação desestruturada, com falta de coerência e com erros de identificação e diz que isto implicou um acréscimo do tempo necessário para a sua análise, tendo em conta “o volume de validações” necessárias e o número de pedidos e esclarecimentos adicionais feitos pela equipa de auditoria.

Apesar de todos estes pedidos, diz que os esclarecimentos obtidos “não permitiram clarificar todas as insuficiências e erros detetados, condicionando as análises efetuadas e consequentemente as observações de auditoria”.

No contraditório, a ministra da Saúde afirmou estar em curso a substituição do sistema de informação dos cuidados continuados integrados.

Também no contraditório, o presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) disse que, decorrido um ano após a publicação dos estatutos (em outubro de 2023), a Direção Executiva do SNS ainda não tinha assumido as responsabilidades pelas competências de coordenação e gestão da rede que lhe tinham sido atribuídas e que continuavam a ser asseguradas pela ACSS.

A RNCCI presta cuidados de saúde e/ou de apoio social a pessoas em situação de dependência e integra a Saúde e a Segurança Social, abrangendo entidades prestadoras do Estado e do setor privado e social.

Últimas do País

A idade mínima para entrar na carreira de guarda prisional diminuiu para os 18 anos e a máxima aumentou para os 35, indicou o Ministério da Justiça, avançando que vão ser pagas as horas extraordinárias na totalidade a estes profissionais.
Uma infestação de ratos no Tribunal de Vila Franca de Xira está a forçar funcionários a abandonar algumas das salas instaladas em contentores, depois de terem sido encontrados vários animais mortos e um cheiro intenso que tornou impossível permanecer no local.
A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia anunciou hoje uma concentração junto à residência do primeiro-ministro no dia da greve geral e plenários nos aeroportos a 18 de dezembro, admitindo mais protestos em janeiro caso o Governo "nada altere".
A PSP de Alverca, no concelho de Vila Franca de Xira, deteve um jovem de 16 anos que se encontrava na posse de droga e de um sabre.
Mais de duas dezenas de cidadãos estrangeiros estavam a viver num imóvel sobrelotado no coração da cidade de Beja, revelou esta terça-feira a PSP.
O processo relativo à morte do estudante Manuel de Oliveira Gonçalves, conhecido por “Manu”, será apreciado em tribunal a partir de 26 de janeiro, no Tribunal Judicial de Braga. Estão já agendadas sessões adicionais para 4 e 18 de fevereiro e 4 de março.
Cerca de 70 mil dos 414 mil utentes da Unidade Local de Saúde (ULS) da Região de Leiria não têm médico de família atribuído e a "situação mais expressiva acontece nos concelhos de Leiria e Ourém", revelou esta entidade.
A Polícia Judiciária (PJ), através da diretoria do Norte, deteve oito indivíduos no âmbito da operação denominada Puro Verde, por suspeitas de práticas de corrupção relacionadas com a produção de vinho verde.
Todos os acessos ao maciço central da Serra da Estrela, que tinham sido fechados pelas 17h00 de terça-feira devido à queda de neve, já estão desimpedidos, disse a Proteção Civil.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, agradeceu hoje ao Hospital de São João, no Porto, onde foi operado a uma hérnia, o tratamento recebido, e enalteceu o Serviço Nacional de Saúde (SNS).